Consórcio visa mitigar efeitos das mudanças climáticas na produção
Em Patrocínio, interior de Minas Gerais, produtores de café estão enfrentando os problemas ocasionados pela estiagem que atingiu a região no ano passado, exatamente na época da primeira florada. Estima-se que os prejuízos alcancem a ordem de R$ 8 bilhões, com um volume reduzido em 10 milhões de sacas.
Para minimizar os efeitos das mudanças climáticas, que a cada ano tem gerado mais instabilidades à produção, cafeicultores e empresas do setor resolveram investir em ações sustentáveis.
Consórcio Cerrado das Águas
O projeto é uma iniciativa liderada pelo Fundo de Ecossistemas Críticos (CEPF), organização que atua com fundos internacionais, em parceria com as cooperativas Expocaccer, do Cerrado Mineiro, Cooxupé, do Sul de Minas, e empresas como a Lavazza, Nespresso, Volcafé e Cofco International.
Com a restauração da paisagem original do Cerrado, os produtores têm a intenção de mitigar os efeitos das mudanças climáticas na produção cafeeira.
O projeto já recebeu aportes de R$ 2,3 milhões e há previsões para mais investimentos, que podem somar R$ 3,4 milhões.
Os pesquisadores acreditam que a formação de corredores ecológicos pode alavancar os ganhos de biodiversidade, preservando os recursos naturais, sobretudo, os hídricos.
O projeto foi implantado inicialmente em Patrocínio, na bacia do Córrego Feio, mas até 2023, a estratégia é expandir a atuação para outras regiões, como a Serra do Salitre, Monte Carmelo, Rio Paranaíba, Carmo do Paranaíba, Araguari e Coromandel. Juntas, essas cidades representam 70% do café produzido no Cerrado Mineiro.
Safra prejudicada
O Cerrado Mineiro é responsável por 77% do café arábica produzido no país. Além de ser uma safra de bianualidade negativa, o que naturalmente já reduz o volume total em média, em 20%, a seca deve ser a responsável por reduzir mais 20% na região, conforme a Empresa de Extensão Rural de Minas Gerais (Emater/MG).
A chuva que faltou no começo do ciclo deve derrubar fortemente a produtividade da cultura nas principais regiões produtoras. Na safra passada, a média nacional de rendimento foi de 33,5 sacas por hectares e, para esta temporada, a estimativa de rendimento médio é de 25 sacas por hectare, uma redução de 25,4%.
Produtor consciente
Todos os elos da cadeia precisam fazer a sua parte para restaurar e conservar a paisagem natural para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
As orientações são pensadas sob a ótica da segurança e estabilidade ecossistêmica, prezando pela singularidade e necessidade de determinada propriedade, assim, os produtores rurais planejam o manejo mais adequado para controlar o fogo, enriquecer vegetações nativas e recuperar solos degradados, por exemplo.
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