A temperatura da água é um dos fatores mais importantes para o bem-estar dos peixes
A tolerância a temperaturas extremas depende da espécie, do estágio de desenvolvimento e do período de aclimatação a que foram submetidos os organismos.
Espécies diferente, condições diferentes de temperatura
Cada espécie tem faixas de temperatura ideais para o crescimento e alimentação, podendo estas ser diferentes nas fases adulta e jovem.
As mudanças de temperatura também influenciam na reprodução ou na migração. Por exemplo:
Tilápias
São peixes que resistem a temperaturas acima de 35ºC, mas não tem resistência para a exposição prolongada em temperaturas abaixo de 10ºC.
Trutas
Esta espécie já consegue viver em águas mais frias, sendo o ideal temperaturas entre 10 e 20ºC.
Funções biológicas afetadas
A temperatura, o oxigênio dissolvido e o efeito da contaminação são fatores intimamente relacionados no ambiente aquático, já que com o aumento de temperatura há aumento da taxa metabólica dos organismos, acarretando maiores gastos energéticos, consumo de oxigênio e, consequentemente, maior sensibilidade aos efeitos dos poluentes.
De um modo geral, pode-se descrever os efeitos deletérios da temperatura nos peixes em função de temperaturas predominante altas ou baixas e do choque térmico:
Altas temperaturas
Poucas espécies resistem a temperaturas elevadas (acima de 35ºC), pois estão, geralmente, associadas à diminuição nos teores de oxigênio dissolvido no meio e, ao mesmo tempo, ao aumento na taxa respiratória, além de afetar o metabolismo dos peixes, pois diminuem a afinidade da hemoglobina (pigmento do sangue) pelo oxigênio. Qualquer uma dessas condições, de um modo geral, irá resultar na morte dos peixes por asfixia.
Baixas temperaturas
Também levam a maioria dos peixes a morte, sendo que esses organismos irão apresentar focos hemorrágicos. Baixas temperaturas também poderiam provocar o enfraquecimento dos organismos devido à diminuição da produção do muco protetor da pele, facilitando o ataque de parasitas, podendo inclusive levá-los à morte.
Choques térmicos
São consideradas variações bruscas de temperatura oscilações de, pelo menos, 3 a 4ºC num mesmo dia. Essas variações são extremamente estressantes para os peixes (levando-os geralmente à morte), sobretudo para peixes em estágios mais jovens (e, portanto, mais sensíveis), já que por serem organismos de sangue frio não têm a capacidade de regular a temperatura do corpo e necessitam de um tempo de adaptação quando há alterações na temperatura do ambiente.
Chegada do frio liga o alerta dos piscicultores brasileiros
Já explicamos como a temperatura mais baixa afeta os peixes, impactando o metabolismo. Como consequência, há uma redução da taxa de reprodução da tilápia, espécie mais disseminada no país, com 486 mil toneladas/ano (cerca de 61% do total nacional) de acordo com a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR).
Reações em cascata
Nesse cenário, os peixes estão mais suscetíveis a infecções, o que impacta seriamente os resultados produtivos dos piscicultores.
Aqui vão algumas dicas:
- Implementar um programa de manejo sanitário e nutricional adequado.
- Em viveiros escavados, a redução da oferta de água das chuvas também impacta a saúde dos peixes no inverno, uma vez que a menor troca de água compromete sua qualidade.
- Em relação aos peixes nativos, neste período do ano a reprodução cai.
- Há produtores que estocam os alevinos para povoar ao longo do ano. Dessa forma, assim como é feito com a tilápia, a nutrição no inverno deve ser adequada, balanceada e de qualidade, com o objetivo de manter os peixes saudáveis durante a estocagem.
- Mantenha a atenção aos macro e micronutrientes, assim como no reforço nutricional das rações, devido à diminuição do metabolismo.
- Os piscicultores também devem se atentar para as bacterioses, a fim de evitar mortalidade elevada.
- Evitar manejos desnecessários ou mesmo aumentar o intervalo entre eles no inverno pode ser eficaz para reduzir estresse e eventuais danos físicos.
Fique atento. Se perceber qualquer sinal de mortandade dos peixes ou diminuição de reprodução, procure ajuda profissional!
Leia também:
BlogCiência RuraltecTV – Piscicultura – Revelando o código dos peixes brasileiros
Piscicultura – Exportações do terceiro trimestre deste ano crescem 53%