MEIO AMBIENTE -  Como atrair corrupião

Capuchinha (Tropaeolum majus)

Estudo da Universidade Federal de Lavras (UFLA) aponta eficiência de 11 espécies como alimento funcional

As Panc (Plantas Alimentícias Não Convencionais) eram comumente utilizadas há tempos, quando havia hortas nos quintais das casas.

A UFLA mantém uma coleção destas hortaliças não convencionais e pretende resgatar sua importância alimentar e desenvolver estudos sobre suas propriedades.

Saberes populares e PANC

O objetivo do projeto é estudar os saberes populares, passados de geração para geração, por meio de pesquisas científicas que têm apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O mercado consumidor e suas atuais demandas levaram os pesquisadores a buscar, na biodiversidade brasileira, plantas extremamente nutritivas.

Cerca de 100 espécies, que foram doadas por outras instituições ou coletadas pelos próprios pesquisadores, fazem parte da coleção, que reúne amostras de diversas partes do Brasil. Muitas ficam armazenadas na forma de sementes em câmara fria, e são plantadas conforme sua especificidade (modo certo e época do plantio).

O estudo já comprovou que algumas delas realmente têm propriedades nutritivas significativas, além de serem usadas como plantas medicinais e ainda serem funcionais, ou seja, são plantas que podem prevenir ou curar alguma enfermidade.

A ampla divulgação para o consumo livre dessas hortaliças acendeu essa preocupação com relação às composições nutricionais e até toxicológicas que possam existir, já que, para uma grande parcela dessas plantas, não há estudos que atestem suas propriedades terapêuticas, conforme defende a sabedoria popular.

Mesmo com seu consumo restrito a populações rurais, quilombolas e comunidades específicas, afirma-se que é possível comer sem restrição essas plantas. Porém não há nenhuma comprovação científica para sabermos se realmente elas são seguras para serem comestíveis e qual seria essa margem de segurança.

Desta forma, a pesquisa se concentrou no teor de antioxidantes, proteínas e vitaminas.

O objetivo dos pesquisadores é ter a certeza de que essas hortaliças têm o valor nutricional que a mídia e os saberes populares têm pregado, além de buscar conhecer as características agronômicas das plantas para que seu cultivo se popularize.

Entre as pesquisas já realizadas pela equipe, está a avaliação do potencial antioxidante e a caracterização fitoquímica, ou seja, a composição de nutrientes de diversas espécies como a azedinha (Rumex acetosa L.), peixinho (Stachys lanata), tomate-de-árvore (Solanum betaceum), melãozinho (Solanum muricatum), capuchinha (Tropaeolum majus L.), almeirão de árvore (Lactuca cf canadensis), caruru-roxo (Amaranthus hybridus L.), caruru-gigante (Amaranthus retroflexus L.), caruru-de-espinho (Amaranthus spinosus L.), caruru-de-mancha (Amaranthus viridis L.), caruru-de-cuia (Amaranthus lividus L.) e caruru-rasteiro (Amaranthus deflexus L.).

Os resultados mostraram que todas as espécies estudadas continham taninos, proteínas e aminoácidos, importantes componentes para, por exemplo, podem reduzir o colesterol ruim, controlar a diabetes Melitus tipo II, ação anti-inflamatória, dentre outras patologias.

Existem relatos populares (sem dados científicos), sobre o uso das folhas do tomate-de-árvore (Solanum betaceum), no Equador, para a cura da dor de garganta. Nos estudos atuais, dados preliminares indicaram que de fato essa planta tem potencial anti-inflamatório. Novos estudos serão realizados para comprovar esta atividade nas folhas desta espécie.

Também estão em andamento pesquisas com a serralha (Sonchus oleraceus), visando além dos fatores nutricionais e compostos antioxidantes, o potencial no controle de doenças, como obesidade, vitiligo, diabetes e ação anti-inflamatória, usando o modelo biológico zebrafish (um peixe que tem analogia de 70% com o organismo animal). A serralha é uma planta que tem importância econômica como invasora, porém é bastante consumida refogada por populações rurais.

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