Recuperação econômica e política alimentar: o que governos da América Latina estão dispostos a fazer?
A América Latina vive uma situação bem particular. Há décadas, talvez séculos, na verdade. Existe um verdadeiro (NEG)abismo entre o potencial produtivo de alimentos e as realidades sociais e econômicas de suas populações.
Não há dúvidas de que a região possui o maior potencial agrícola e produtivo do mundo! Mas este potencial (NEG)esbarra nas sérias dificuldades causadas pelas desigualdades! Questões como má distribuição de renda na maioria dos países, situação que a pandemia exacerbou, são verdadeiros entraves para a solução deste problema tão importante: como alimentar essa imensa população com quantidade e qualidade necessárias?
Se fosse só uma questão de impedir o processo de segurança alimentar, ainda seria menos pior. O dilema é que estas disparidades criam novos problemas para o desenvolvimento e melhoramento do processo.
Embora a região possua áreas de grande produtividade, em outras, principalmente quando relacionadas a indígenas, mulheres rurais e produtores familiares em geral, a insegurança alimentar e a pobreza estão aumentando.
Devemos pontuar ainda que a população da América Latina é 80% urbana e o que está acontecendo nas cidades, devido ao crescimento desregrado e com a desatenção dos poderes públicos é muito sério. A pandemia afastou do mercado de trabalho muitas pessoas que estavam na informalidade. E muitos dos empregados formais também foram afetados. E a situação ainda não aponta para uma melhoria destes dados.
Na questão da segurança alimentar, para aliviar os efeitos da crise, é essencial que os governos tomem medidas que deem suporte à agricultura familiar com subsídios para insumos como sementes, fertilizantes, facilitem o acesso ao crédito, fortaleçam e equipem as cadeias produtivas de valor agregado e garantam oportunidades para maximizar o comércio internacional.
Seguindo este raciocínio, os governos devem flexibilizar seus entraves e facilitar o comércio internacional.
Mas como as políticas públicas podem agir colaborativamente para contribuir com o amplo acesso da população a alimentos seguros e nutritivos neste período de necessária recuperação econômica?
Especialistas já apresentaram algumas sugestões. Vários deles consideram que, para a reativação econômica e a segurança alimentar da região da América Latina, será crucial manter o fluxo de mercadorias, minimizar as barreiras comerciais, promover cadeias produtivas com maior valor agregado, melhorar a comercialização e distribuição dos alimentos, além de fortalecer a agricultura familiar.
A conclusão é que, para resolver os problemas de desenvolvimento colocados pela crise sanitária, é necessário pensar em cooperação regional e trabalho em rede, unindo capacidades e conhecimentos, dando um papel de liderança aos jovens, buscando o progresso nas áreas rurais e urbanas, conectá-los e avançar em direção à sustentabilidade.
Nenhum país terá respostas que deem condição de superar este problema de forma individual. É no diálogo, na troca de respeito pela experiência do outro, na construção coletiva, que será possível encontrar estas respostas.
Finalmente, graças ao terror da pandemia instaurada globalmente, surge a possibilidade de usar nossas capacidades para transformar nosso mundo, procurando soluções para o equilíbrio dessa conflituosa relação cidade e campo.
Devemos construir uma sociedade digital que elimine as lacunas em vez de aumentá-las. Um mundo menos desigual é o único caminho possível para resolver este problema.