O documentário “O Vilarejo Rural de Extrema: Suas Histórias e as Plantas Medicinais” conta a história da formação da comunidade rural de Extrema e de sua tradição fitoterápica
Localizada no município de Congonhas do Norte, MG, a história da comunidade é recontada por meio das perspectivas de alguns dos moradores mais antigos da região. Os senhores Adelino, Eva, Geraldo, Helena, Joviano, Lindolfo, Manuela, Terezinha e Vilma são os narradores e, também, os protagonistas que compartilham conosco um pouco de suas trajetórias de vida, que perpassam a história do próprio vilarejo e sua fundação por Joaquim Candeia, um homem de fé reconhecido na região como curandeiro e benzedor.
Através da doação e leilão de lotes de sua terra herdada, Joaquim Candeia agregou pessoas e formou a comunidade de Extrema em volta da igreja de São Sebastião, construída originalmente pelo mesmo e reconstruída mais tarde pela prefeitura do município.
Além disso, ele também ergueu uma capela menor, utilizando de uma fonte de água próxima e das plantas medicinais da região para seus processos de cura, que atraíram por anos pessoas de diversos lugares em busca de tratamento com o curandeiro.
O documentário é recheado de tais relatos, que envolviam plantas nativas tanto do cerrado quanto da mata atlântica, posto que a região está compreendida na transição entre os dois biomas.
Esses preciosos conhecimentos fitoterápicos tradicionais sobreviveram apenas através do aprendizado dos moradores mais antigos, que seguiram usando das plantas como principal fonte de tratamento para males cotidianos.
Há, porém, um hiato na transmissão destes saberes para a geração atual, composta por jovens que são compelidos a sair do vilarejo em busca de trabalho muito cedo.
Apesar das muitas mudanças que ocorreram no local, as dificuldades permanecem as mesmas: escassez de trabalho e de oportunidades de estudo superior, além da falta de incentivos e de viabilidade para a sobrevivência da agricultura familiar. Tais fatores infelizmente contribuem também com a desvalorização da identidade cultural camponesa.
O documentário busca, portanto, resgatar e preservar a cultura do vilarejo em relação à história de sua formação e sua conexão com os saberes tradicionais sobre as plantas medicinais, além dos ritos, crenças e modo de vida de sua população.
Um destaque importante é o momento pedagógico ao fim do vídeo, onde o Coletivo de Mulheres de Extrema conversa com uma profissional da área fitoterápica e, juntas, fazem o levantamento e a identificação científica de 10 plantas usadas tradicionalmente pela comunidade e seus usos.
Os resultados desta e de outras conversas com a comunidade foram registrados no documentário e na cartilha virtual gratuita “As Plantas Medicinais do Vilarejo Rural de Extrema – Congonhas do Norte”.
Todos esses materiais produzidos fazem parte de um projeto de resgate e preservação cultural que foi idealizado e executado através de financiamento da lei Aldir Blanc de apoio emergencial à cultura pelo Espaço Educacional Contraponto.
Assista ao documentário do Projeto Contraponto:
Fonte: Espaço Cultural Contraponto
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