O projeto forma uma rede de técnicos multiplicadores e de Unidades de Referência Tecnológica em intensificação da produção de carne em pastagens
O projeto ABC CORTE iniciou em 2017 e tem como objetivo a intensificação da produção de carne em pastagens, por meio de uma rede de técnicos multiplicadores e uma rede de Unidades de Referência Tecnológica nas tecnologias ABC relacionadas à recuperação/renovação e intensificação de uso de pastagens.
O projeto tem se mostrado eficiente, tanto em formar uma rede de técnicos multiplicadores em intensificação da produção de carne em pastagens, como em formar uma rede de Unidades de Referência Tecnológica URT em intensificação da produção de carne em pastagens para o estado do Tocantins.
“De uma forma geral, a gente avalia que está havendo um ganho técnico importante no projeto, desde as equipes de campo, passando pelos produtores, pelos consultores e a equipe da Embrapa. Todos nós estamos aprendendo muito sobre a aplicação dessas tecnologias aqui nessa região em que a gente está”. Dessa maneira, o coordenador do ABC Corte Pedro Alcântara, da Embrapa Pesca e Aquicultura, sintetiza o atual momento do projeto, que trabalha com transferência de tecnologia em pecuária de corte no Tocantins e no Sul do Pará.
Pedro é zootecnista, trabalha diretamente com transferência de tecnologia e está à frente de uma rede que envolve técnicos capacitados, produtores rurais e outros atores dessa fundamental cadeia produtiva. Um desses técnicos, inclusive certificado pela Embrapa, é Carlos Lira, que atende a Agropecuária Morro Branco, situada no município de Novo Jardim, região Sudeste do Tocantins. Em caso de comparação entre as atividades de agricultura e pecuária, ele entende que é preciso tomar como base exemplos de boa condução de ambas.
“É muito comum se fazer um comparativo entre pecuária e agricultura pra se convencer de que a agricultura é sempre mais rentável do que a pecuária; porém, essa comparação é feita de forma errada, agricultura boa com pecuária ruim. Quando estabelecidos todos os níveis tecnológicos que a pecuária tem à sua disposição, ela tem por obrigação ser tão rentável quanto a agricultura. Porque, se não for, ela vai perder espaço. Então, a atividade tem a obrigação de ser competitiva”, explica.
Outro membro da rede do ABC Corte é o produtor Aramitan Barreto, da Fazenda São Benedito, que fica em Divinópolis do Tocantins, região Centro-Oeste do estado. “Nossa experiência (com o projeto) está sendo além de nossas expectativas. Ficamos felizes por termos acreditado e apostado no projeto proposto pela nossa consultoria, que é a Boa Esperança Agronegócios”. Ele diz: “estamos muito satisfeitos com os resultados que alcançamos nessa safra 2019/2020. O projeto do sistema rotacionado se pagou e ainda gerou lucro. Isso é muito satisfatório para qualquer produtor. A tecnologia está aí se provando”.
Expectativa de ampliação
Tanto na Morro Branco como na São Benedito, a ideia é continuar e até expandir ações do projeto. “A Fazenda Morro Branco pretende expandir as áreas de produção trabalhando com agricultura e, por meio da integração lavoura-pecuária com técnicas preconizadas pela Embrapa, realizar: plantio de grãos na safra, seguido por cobertura de forrageiras, além de cobertura de solo, fornecer forragem em quantidade e qualidade para os animais durante o período de estiagem e, no inicio do período chuvoso, dessecar esse material e plantar em cima da palhada. Certamente, essas estratégias irão melhorar as questões econômicas e ambientais, pois diminuirão a entrada de máquinas nessas áreas, elevarão a matéria orgânica de solos, entre outros fatores benéficos tanto ao solo quanto às culturas subsequentes”, relata Carlos.
Em termos quantitativos, a área plantada de soja deverá passar na próxima safra de 80 para 180 hectares, expressivo aumento de 125%. Já na pecuária, com a intensificação de bovinos implantada, foram inseridos dois módulos rotacionados, chegando a 45 hectares. E a estimativa é de que a área de pastagens em sistemas intensivos de produção seja de 100 hectares em quatro anos.
Já o produtor Aramitan faz projeções: “Nós, aqui da Fazenda São Benedito, vamos ampliar o projeto do sistema rotacionado usando antes a integração lavoura-pecuária para a safra 2020/2021 e nessa área, na safra 2021/2022, já rodar outro módulo de rotacionado. Penso que a pecuária pode ser tão ou até mais lucrativa que a lavoura. Basta acreditar e trabalhar com afinco. Além disso, procurar um técnico capacitado para poder orientar e ver qual a meta o produtor deseja atingir é fundamental”.
O coordenador do ABC Corte reconhece as dificuldades que a pandemia trouxe para o projeto, como a impossibilidade de se fazer eventos presenciais. “Mesmo assim, a gente tem uma perspectiva de ampliação. É difícil precisar o percentual dessa ampliação diante das incertezas que a gente está vivendo. Mas o projeto está crescendo, as demandas estão chegando, inclusive de fora do nosso estado, e a gente está tentando atender da melhor maneira possível”, explica Pedro. Confira o vídeo.
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