APICULTURA -  Como montar um apiário

Abelha coletando néctar

A ciência já descobriu que as abelhas podem estar viciadas em agrotóxicos e seu desaparecimento pode acabar com a humanidade

Um estudo sobre o comportamento de zangões realizado pela Imperial College London e pela Queen Mary University aponta essa tendência. Segundo as descobertas, há um grande risco de alimentos contaminados com pesticidas entrarem nas colônias de abelhas.

Os pesticidas causam a morte das produtoras de mel e seu desaparecimento pode acabar com a humanidade. Graças a isso, não foi uma grande surpresa quando, em 2008, o Royal Geographical Society de Londres declarou as abelhas como seres vivos insubstituíveis.

E, em 2019, no último debate da entidade, o Earth Wathch Institute anunciou o resultado de uma competição, cujo final foi entre as abelhas e os plânctons. Durante a apresentação, cientistas apresentaram argumentos para defender cada uma das espécies e os presentes votaram em qual espécie consideravam a mais importante.

Mortandade de abelhas
Mortandade de abelhas

Outras espécies que foram defendidas por cientistas, mas não se classificaram para as finais foram os primatas, os morcegos e os fungos.

A importância das abelhas

Os benefícios diretos que os produtos produzidos pelas abelhas representam para a vida e para a saúde humana são bastante propalados.

Mas sua função mais significativa na cadeia natural é que sem a polinização a vida no planeta seria definitivamente impossível. Nesse contexto de sobrevivência na face da Terra, a abelha tem uma função vital: 70% de tudo que a agricultura mundial produz dependem desses insetos! Resumindo: 70 de cada 100 alimentos que consumimos dependem exclusivamente das abelhas.

Sem polinização, as plantas não poderiam se reproduzir e, sem plantas, a fauna desapareceria e, consequentemente, os humanos também estariam extintos.

O desaparecimento das abelhas é uma preocupação constante

As abelhas já entraram para a lista das espécies em processo de extinção nos Estados Unidos. 

No Brasil, as abelhas nativas brasileiras estão cada vez mais ameaçadas por fatores que vão da introdução de abelhas africanas para produção de mel a desmatamentos e queimadas.

Uma das principais hipóteses para a diminuição da população destes insetos é o crescente uso de pesticidas no mundo. Já citamos o problema das “abelhas viciadas em nicotina”. Esses produtos contêm substâncias químicas que agem como as neurotoxinas, substâncias com grande potencial agressivo, capazes de lesar o sistema nervoso, podendo ainda agir sobre outras partes do organismo do animal.

Operação de pulverização de pesticida em lavoura

Transportada para as colmeias, esta toxina contamina os produtos processados, como a cera, própolis e vários méis com consequências fatais.

Mas há outras possibilidades: alguns estudos explicam o desaparecimento maciço das abelhas por causa telefonia móvel. Esta conclusão definitiva foi afirmada pelo Instituto Federal de Tecnologia da Suíça após provar que as ondas emitidas durante uma conversa são capazes de desorientá-las até a morte, perdendo seu senso de direção e, assim, sua dinâmica de vida.

Soluções

É muito difícil para a comunidade científica propor soluções que possam ser executadas. Renunciar a viver sem o uso de telecomunicações ou rádio e abandonar o uso de sprays são atitudes e hábitos que o ser humano não parece estar disposto a abrir mão.

Quais as opções que temos?

  • Pesquisar e monitorar a saúde das abelhas.
  • Proibir imediatamente o uso de pesticidas tóxicos. 
  • Promover alternativas agrícolas naturais.
  • Criar um sistema de áreas protegidas livres de telecomunicações.

A verdade é que ignoramos deliberadamente o equilíbrio dos serviços prestados pela natureza, como: a absorção de dióxido, a liberação de carbono e oxigênio, a proteção contra erosão e a polinização de frutos e sementes… A destruição deste sistema levaria todos os outros envolvidos na sobrevivência humana a um colapso.

Jardins de mel - logo

Curitiba se movimenta

Buscando reequilibrar essa questão, a prefeitura de Curitiba instalou em vários parques da cidade os Jardins do Mel. Trata-se da distribuição de caixas com colmeias de abelhas sem ferrão e de mudas de plantas melíferas, ou seja, aquelas que recebem visitas de abelhas. 

Além de aumentar o número de agentes polinizadores na cidade, a ideia do projeto é impulsionar a educação ambiental entre os moradores da capital paranaense. As caixas serão colocadas perto de bancos, para que as pessoas possam estar próximas dos animais, e um programa em creches e escolas municipais vai falar às crianças sobre a importância da biodiversidade.

Colônia de abelha nativa mandaçaia (Melipona quadrifasciata) nos jardins de Curitiba/PR
Colônia de abelha nativa mandaçaia (Melipona quadrifasciata)
nos jardins de Curitiba/PR

Os Jardins do Mel contam também com totens e QR Codes com informações sobre as espécies, e a localização de cada um leva em conta a proximidade com plantas que interessem às abelhas.

Monumento às abelhas

Para homenagear as abelhas e lembrar sua importância, um grupo de designers criou um monumento celebrando sua existência. A obra foi exposta durante uma trienal de obras públicas e intervenções urbanas sediada em Malmö, na Suécia.

Orientação - Monumento às abelhas
Orientação - Interior do monumento às abelhas
Orientação – Interior do monumento às abelhas

Com o nome de Orientação – Monumento às Abelhas, a obra faz referência aos elementos de orientação das abelhas. O projeto também faz referência à ameaça mortal para a população de abelhas causada pelos inseticidas com os quais as sementes são tratadas, o que interrompe os processos de orientação neural pelos quais as abelhas encontram seus alimentos. A instalação foi adquirida pela cidade de Bergen, na Noruega.

Leia também: