A cultura tem importância econômica e social para as propriedades familiares e mercado se concentra principalmente na produção de energia
O Brasil é o maior produtor de acácia negra no mundo, seguido pela África do Sul, com 170.000 e 110.000 hectares plantados, respectivamente. É a quarta espécie mais cultivada dentre as florestais para fins comerciais, ficando atrás somente dos plantios comerciais do eucalipto, pinus e seringueira (Hevea brasiliensis). Esta árvore é a única espécie temperada de acácia cultivada comercialmente em uma escala internacional significativa. Trata-se de uma leguminosa arbórea da família das Fabaceas, originária da Austrália, de rápido crescimento, que vem sendo cultivada em vários países. No Brasil, o estado que mais a cultiva comercialmente é o Rio Grande do Sul, representando significativa parcela dos reflorestamentos do estado. A idade de corte no Brasil varia desde 5,5 anos até 10 anos, enquanto na África do Sul ocorre normalmente aos 11 anos. A amplitude de produtividade gira em torno dos 10 a 25 m³/ha/ano, sendo a produção média de casca em torno de 15 t/ha.
No Brasil, a espécie foi introduzida no Rio Grande do Sul por Alexandre Bleckmann em 1918, especificamente no município de São Leopoldo. Porém, os primeiros plantios comerciais foram efetuados por Julio Lohman dez anos mais tarde no município de Estrela e o resultado disso motivou o aumento das plantações em 1930.
A produção de acácia-negra (Acacia mearnsii) na região administrativa de Caxias do Sul abrange cerca de 8.400 hectares. A cultura tem uma importância econômica e social para as propriedades familiares na Serra Gaúcha e na região das Hortências, contribuindo para a diversificação de atividades agrícolas e a geração de renda. O cultivo da árvore funciona como uma atividade complementar, especialmente para produtores mais velhos, que enfrentam dificuldades físicas e escassez de mão de obra. A produção é destinada principalmente à geração de energia (90%) e, em menor escala, à construção civil.
Além de exercer papel socioeconômico, a espécie possui grande relevância ambiental, tendo em vista que apresenta bom crescimento em sítios inadequados para a agricultura, propiciando melhorias na fertilidade do solo, relacionadas à capacidade da espécie de fixação biológica de nitrogênio e elevada ciclagem de nutrientes via serrapilheira, acarretando inúmeros benefícios, principalmente na recuperação e proteção dos solos. Em função disso, recomenda-se o plantio da acácia-negra para recuperação de áreas degradadas.
Em solos mais profundos, com boa drenagem e com maior disponibilidade de nutrientes, a acácia-negra apresenta melhor desenvolvimento. Isso ocorre em função da acácia-negra possuir sistema radicular superficial, tornando-se suscetível ao tombamento e a danos no colo. Por isso, é necessário evitar áreas com a presença de ventos fortes, principalmente quando implantada em solos com muito cascalho.
Apesar de o relevo acidentado e a necessidade de terceirização de operações, como corte e empilhamento, que representam cerca de 60% dos custos, limitarem a rentabilidade, a produção se mantém viável. Algumas indústrias incentivam o cultivo, fornecendo mudas, embora os processos de cadastro e licenciamento florestal sejam barreiras para novos plantios. A venda de lenha para hotéis, indústrias e consumidores finais é uma fonte importante de renda para esses produtores.
Ultimamente os os agricultores lidam com infestações do besouro serrador ou anelador-da-acácia-negra (Oncideres impluviata) em plantações de acácia-negra, considerada a praga mais importante em decorrência dos danos causados e de sua frequência de ocorrência, além de possuir ampla diversidade de espécies de plantas hospedeiras. O besouro corta os galhos mais novos, provocando a queda de produtividade de lenha. Ataca acácias de todas as idades. Quando o ataque ocorre em plantas com menos de 4 anos geralmente provoca a morte das mesmas. As plantas mais velhas recuperam-se, mas ficam com a forma típica de forquilha.
Recentemente, vem sendo testada uma tecnologia que inclui drones equipados com sensores multiespectrais e inteligência artificial, para detectar e controlar rapidamente os ataques desses insetos devastadores, marcando um novo capítulo na proteção das plantações de acácia-negra no Rio Grande do Sul. Os drones, equipados com sensores de alta resolução espacial e radiométrica, são capazes de capturar imagens detalhadas das plantações. Essas imagens são então processadas utilizando técnicas avançadas de inteligência artificial, permitindo a identificação precisa das árvores danificadas e o mapeamento do grau de severidade dos ataques em nível individual.