As principais inovações para o campo serão apresentadas no maior evento mundial de máquinas agrícolas, em Hanover (Alemanha) e a indústria brasileira estará representada no evento com estandes individuais e coletivos
A feira Agritechnica, cuja edição de 2023 ocorre de 12 a 18 de novembro, em Hanôver (Alemanha), terá entre seus assuntos principais os impactos das mudanças climáticas. A partir dessa realidade, o desenvolvimento de tecnologias menos agressivas ao ambiente é apresentado de diversos modos, que vão desde o desenvolvimento de software até experiências com propulsão alternativa. As principais inovações para o campo serão apresentadas no maior evento mundial de máquinas agrícolas. Com o tema “Produtividade Verde”, a feira vai debater de que forma as soluções tecnológicas contribuem para a agricultura de precisão, para atender à crescente demanda por alimentos e rações de qualidade, preservando os recursos naturais.
A feira é organizada pela DLG. Fundada em 1885, a Sociedade Agrícola Alemã (Deutsche Landwirtschafts-Gesellschaft, ou DLG) é uma organização politicamente independente, sem fins lucrativos, que promove avanços técnicos e científicos nos setores de alimentos e da agropecuária. A sociedade foi fundada movida pela ideia de que a revolução industrial, e a mecanização em particular, teriam um grande impacto na agropecuária. A instituição tem como objetivo permitir o compartilhamento de conhecimento para agricultores práticos. A DLG tem cerca de 80 grupos de trabalho compostos por acadêmicos, agricultores práticos, empresas e organizações. As alterações climáticas são um tema discutido nestes grupos de trabalho, especialmente no grupo dedicado à produção agrícola, melhoramento de sementes e irrigação.
Esses grupos transferem o conhecimento do status quo para a comunidade agrícola e encontrarão aplicação prática na Agritechnica e em outras exposições. Este conhecimento sobre as mudanças climáticas que foi gerado especialmente com o agricultor em mente pode, portanto, ser explorado com mais profundidade na Agritechnica. Os agricultores usam a feira para apoiar suas decisões de investimento, mas também vêm para se atualizar sobre desafios específicos, onde a mudança climática é um exemplo óbvio. O tópico é abordado extensivamente no programa técnico que tem várias centenas de apresentações.
A indústria brasileira estará representada no evento com estandes individuais e coletivos em dois pavilhões para divulgação dos produtos desenvolvidos no Brasil. Entre os expositores estão o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), que levará um coletivo de associados, e a Associação Brasileira de Máquinas (ABIMAQ) que, em parceria com a ApexBrasil, apresentará as principais inovações da indústria nacional.
Uma das empresas expositoras confirmadas é a METISA (Metalúrgica Timboense S.A), presente na Agritechnica desde 2003. A indústria de peças agrícolas está no mercado há mais de 80 anos, com presença em mais de 50 países. Devido à participação constante na feira, a empresa tem crescido significativamente na Europa, um mercado bastante competitivo e exigente. A Agritechnica proporciona a oportunidade de se encontrar clientes, detectar novas oportunidades de negócios, observar os concorrentes e aprender sobre as tendências futuras ligadas à agricultura.
De acordo com dados da ABIMAQ, em 2021, o setor de máquinas e equipamentos faturou R$ 299 bilhões e as exportações representaram 20% deste valor. Das 8,6 mil empresas do setor, 53% venderam para outros países. Desde 2010, os principais destinos das exportações são os Estados Unidos, Argentina, Países Baixos, Chile, Paraguai, México, Peru, Colômbia e Alemanha.
Entre as novidades tecnológicas que serão apresentadas na Agritechnica estão soluções de assistência ao operador e sistemas de otimização de máquinas agrícolas, tecnologias de agricultura de precisão, conceitos de direção autônoma e o aprimoramento da interface homem-máquina.
A tecnologia avançou muito nos últimos anos e hoje estão aí as máquinas autônomas, que utilizam sensores inteligentes e navegação por satélite (GPS), por exemplo, para a gestão direcionada das terras agrícolas. Mas apesar dessa acelerada transformação digital no campo, ainda há muita pesquisa em desenvolvimento para aumentar a produtividade e a eficiência de forma sustentável e, certamente, muitos desses resultados estarão presentes na Agritechnica.
Líderes da indústria, empresas de médio porte e startups de todos os continentes levarão ao evento as principais inovações nas áreas de motores, eletrônica, tecnologia de acionamento, hidráulica, cabines e elevadores de força, bem como peças de reposição e desgaste. Com este portfólio de expositores, a Agritechnica busca elevar a automação das máquinas de trabalho a um novo patamar, com foco principalmente na interface homem-máquina.
Uma das soluções é do consórcio de pesquisa “Driver’s Cabin 4.0”, que tem a adesão da fabricante de máquinas CLAAS, e propõe um sistema de assistência automatizado para o operador. O projeto desenvolvido por pesquisadores do Karlsruhe Institute of Technology (KIT) é uma interface homem-máquina adaptável, capaz de reconhecer o nível atual de estresse do motorista e fornecer, automaticamente, recomendações individuais de ação. Os cientistas examinam o nível de estresse usando o rastreamento ocular ou a frequência cardíaca. Ao constatar que o operador está estressado, o sistema gera recomendações de ação, que são projetadas no para-brisa, no campo de visão do operador, por meio de realidade aumentada. Além de monitorar o estresse e indicar as ações para minimizar os riscos, podem ser integradas ao sistema outras informações úteis como a previsão do tempo ou dados sobre a poluição do solo, por exemplo.
O uso de robôs no trabalho de campo, como por exemplo os que identificam e removem automaticamente as ervas daninhas, é outra tendência que chegará com destaque na Agritechnica 2023. Muitos dos investimentos das startups visam desenvolver e comercializar máquinas agrícolas autônomas que, com baixo peso operacional e esteiras ajustáveis, podem fazer o trabalho de uma forma que protege o solo e traz mais eficiência em termos de energia do que a tecnologia convencional. Estes equipamentos possuem sensores para detectar obstáculos no caminho e assumem trabalhos monótonos, cansativos e às vezes perigosos, liberando os profissionais para outras atividades.
Para a produção agrícola, o fornecimento confiável de máquinas é de importância crucial. Hoje, tratores, máquinas automotoras e tecnologia móvel de carregamento e transporte na agricultura são predominantemente movidos por motores a diesel. No entanto, os requisitos para reduzir os poluentes representam desafios técnicos e econômicos, o que significa que sistemas de acionamento alternativos estão sendo demandados. A Agritechnica explorará soluções alternativas e buscará maneiras de aumentar a eficiência energética, economizar CO2 e reduzir o uso de diesel. Fontes de energia renováveis e eletricidade gerada de forma regenerativa são soluções que apontam nessa direção. Hoje, diferentes opções estão disponíveis para aplicações práticas. Mas qual alternativa é adequada para uso na agricultura? Precisamos de várias alternativas ao mesmo tempo? A feira oferece a chance de experimentar a tecnologia agrícola com sistemas de acionamento alternativos além do diesel fóssil.
A Agritechnica, com seu programa completo de exposições e informações para agricultores internacionais, fornece orientação sobre os principais desafios agrícolas enfrentados, das mudanças climáticas à tecnologia de irrigação e digitalização.