Vitrine mundial de tecnologia, a feira foi palco de discussões sobre o futuro da indústria de máquinas e da agricultura
O encerramento esta semana da Agritechnica 2023, a maior feira de tecnologia agrícola do mundo, em Hannover, na Alemanha, foi marcado pelo tradicional buzinaço das máquinas agrícolas em exposição.
O número de visitantes superou 470 mil pessoas, e estabeleceu um novo recorde, segundo informações da DLG (Sociedade Agrícola Alemã), que organiza o evento. Ao todo, foram 2.812 expositores de 52 países que apresentaram inovações, produtos e serviços.
O evento mais uma vez mostrou o quanto a indústria de máquinas agrícolas continua cada vez mais inovadora. Depois de quatro anos, os expositores finalmente puderam estar presentes novamente para compartilhar suas inovações em Hannover.
Vitrine mundial de tecnologia, a Agritechnica também foi palco de discussões sobre o futuro da indústria de máquinas e da agricultura. Cerca de 400 especialistas de diferentes países do mundo, inclusive do Brasil, participaram em mais de 300 eventos no âmbito do programa técnico da exposição.
Esses eventos abordaram temas como a produtividade agrícola, a conservação de recursos, sustentabilidade e segurança alimentar, oportunidades de discussões, trocas e networking, além de estabelecer novos contatos comerciais. Em um dos painéis, foram apresentados os resultados de uma pesquisa feita com 2,3 mil agricultores europeus sobre as intenções de investimento nos próximos anos. Quase metade dos agricultores entrevistados pela DLG planeja comprar um trator nos próximos dois anos. Já os investimentos em outras máquinas agrícolas, especialmente implementos, estão focados em tecnologias como agricultura de precisão e automação.
A tendência indica que os agricultores estão buscando inovações que possam ajudá-los a aumentar a eficiência e proteger o meio ambiente. As mudanças climáticas estão acelerando esse comportamento. E isso, a longo prazo, vai aumentar os custos de produção.
A participação do Brasil
Nesta edição, a maioria dos visitantes internacionais (84%) veio da Europa, enquanto 16% vieram de outras partes do mundo, com um aumento notável da América do Sul. Além de fazer parte da exposição, com estandes de máquinas e peças, o Brasil, pela primeira vez, foi tema de um painel sobre investimentos na América do Sul, ao lado de Argentina e Paraguai.
Na conferência “América Latina, é hora para investir?”, o embaixador do Brasil na Alemanha, Roberto Jaguaribe, criticou o discurso europeu sobre a produção agropecuária brasileira. E disse que o protecionismo é o único motivo da Europa para “barrar” produtos agrícolas brasileiros. “O Brasil é muito mais sustentável que a europa”, afirmou.
A opinião do embaixador é compartilhada pelo adido agrícola do Brasil na Alemanha, Eduardo Sampaio Marques, que informa que o país tem trabalhado para mudar essa imagem. Segundo o adido, essa imagem atrapalha os negócios e o país está trabalhando para mudar essa visão totalmente equivocada de que a agricultura brasileira tem relação com desmatamento. Para ele, não é uma tarefa fácil, mas tem ocorrido mudanças.
Sobre o acordo Mercosul-União Europeia, Sampaio destaca que é um acordo tarifário benéfico para os dois lados, mas do ponto de vista agrícola, não será uma abertura fantástica. De qualquer forma, é um bom acordo para o país, concluiu. Segundo o embaixador Jaguaribe, o Brasil está empenhado em fechar o acordo. “A Alemanha é o país mais importante da europa e está querendo o acordo. Isso nos ajuda a pensar de que é possível. Mas não há garantias”.
As atrações
Assim como acontece com as feiras agrícolas brasileiras, os principais destaques da Agritechnica também foram as máquinas maiores e mais potentes. Nos estandes, as empresas apostaram cada vez mais em combustíveis alternativos e máquinas autônomas e inteligentes.
Nesta edição da feira, maiores destaques foram a maior colheitadeira e o trator mais potente da atualidade. A New Holland Agriculture, da CNH Industrial, apresentou a maior colheitadeira do mundo, a CR11, que já está em testes no Brasil. Pintada de dourada, por ter vencido o prêmio de inovação da Agritechnica 2023, a CR11 tem a capacidade de colheita de 20% (em grãos) a 40% (em milho) em relação à CR 10.90, isso graças ao rotores mais longos e largos. Equipada com um motor de 750 cv, a CR11 tem velocidade de descarga de 210 litros por segundo. O tanque graneleiro no topo da colheitadeira tem capacidade para 20 mil litros. É possível usar plataformas de até 61 pés. Durante um teste no Reino Unido, o tanque foi descarregado em 80 segundos. A previsão é que chegue ao mercado brasileira em até dois anos.
Já a Case IH levou o trator mais potente do mundo, o Quadtrac AFS Connect 715. O gigante é equipado com um motor FPT Cursor 16 que oferece potência máxima recorde de 778 cv, aproximadamente 20% a mais do que o segundo trator mais potente disponível no mercado agrícola. Ao invés de rodas, o trator tem quatro esteiras, um pouco mais longas que o normal, o que possibilita aumentar o contato com o solo, transferindo melhor a potência do motor, oferecendo mais tração e reduzindo a compactação do solo. O equipamento vai além da potência com destaques para o tanque de diesel com capacidade para 322 litros, a transmissão PowerDrive 16×2 velocidades, a cabine em couro vermelho, o sistema de áudio de última geração e as luzes LED 360°. O Quadtrac AFS Connect 715 pode desembarcar na Agrishow 2024, que acontecerá no início de maio do ano que vem, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. A próxima Agritechnica acontece de 9 a 15 de novembro de 2025.