A falta de conectividade no campo causa prejuízos pois, sem rede, o agricultor que investir em máquinas modernas terá um valor agregado que não poderá usar
Quando se fala de conectividade no campo, infelizmente, os índices ainda são muito ruins. Esta deficiência de conectividade tem como consequência uma trava nas inovações no campo por dependerem diretamente de acesso a internet para se conectarem a servidores e poderem processar os dados coletados no campo.
Se o sinal do 5G fosse uma realidade no campo, tecnologia cujo desempenho é de 100 vezes maior que a 4G, facilitaria muito a o desenvolvimento do campo com as tecnologias já disponíveis, como as funcionalidades das máquinas agrícolas, dos softwares de monitoramento em tempo real, além de proporcionar uma comunicação mais rápida e eficiente quando se identifica erros por meio do monitoramento das máquinas, por exemplo, entre outros benefícios.
A conectividade no campo se tornou um assunto de muita relevância para o agronegócio e produtores modernos. Além de máquinas e implementos agrícolas já virem de fábrica com predisposição para conexão com a internet, com um simples smartphone ou tablet, é possível gerenciar a produtividade, a eficiência e a economia de todos os processos da propriedade.
Preocupado com isso, recentemente o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), em parceria com a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), realizou uma pesquisa e constatou que mais de 70% das propriedades rurais no Brasil não têm acesso à internet.
A pesquisa mostra que a internet tem um enorme potencial de aumentar o Valor Bruto da Produção (VBP) no país. Se atual índice de 30% chegasse a 48%, a estimativa é de que o VBP poderia aumentar em 4,5%. Levando em conta o valor bruto da produção agropecuária brasileira que é de mais de R$ 1 trilhão, o agro poderia gerar em torno de R$ 100 bilhões a mais do que hoje. Isso poderia ser atingido se fosse disponibilizada a tecnologia 4G (nem precisava ser a 5G como mencionado anteriormente) para as 4.400 torres de telefonia móvel já existentes, isso traria esse incremento sobre o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária brasileira.
A mesma pesquisa mostrou que se fossem instalados mais 15.182 conjuntos torre/antena, poderiam se obter uma cobertura de 90% da demanda de conectividade no campo, e que o impacto de tal incremento na cobertura de sinal de internet móvel contribuiria com um aumento de 9,6% no VBP agropecuário brasileiro.
Essa falta de conectividade no campo causa prejuízos. Os tratores, as colheitadeiras, os implementos agrícolas já vêm equipamentos com toda essa tecnologia e precisam da internet para uma agricultura de precisão. Como não tem a rede o agricultor tem um valor agregado de tecnologia que não pode usar.
O impacto resultante da implementação das novas tecnologias na produção agrícola, justifica uma intervenção da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que deveria notificar às empresas de celular, para que instalem 4G e 5G nas áreas rurais.
A agricultura sustentável, conectada e digitalizada já é realidade no campo. Esse direcionamento está progredindo no Brasil e, mesmo diante dos obstáculos, a conectividade no campo é uma realidade. Porém, ainda é possível se perguntar se ter equipamentos conectados pode proporcionar o retorno que faça o investimento valer a pena. Pensando nessa questão, relacionamos os principais benefícios que o uso de máquinas conectadas pode agregar ao agronegócio:
1-Decisões baseadas em dados – Com máquinas conectadas , o produtor pode coletar dados nas operações e produzir mapas em todas as fases da safra. Eles simplificam a visualização das operações, com seus resultados e relatórios. Desse modo, o empreendedor poderá criar estratégias para a próxima safra corrigindo os problemas que foram detectados. É possível até mesmo obter previsões relacionadas ao clima da região, observando dados de aspectos mais comuns e de como ocorrem as adaptações de acordo com as características meteorológicas e geográficas. O clima é um fator impactante para o agronegócio, então uma estimativa como essa se faz muito útil.
2-Monitoramento das operações – Além de produzir um histórico da plantação, a conectividade permite, por meio dos maquinários agrícolas e softwares de monitoramento, fazer o acompanhamento do trabalho em tempo real. Assim, é possível conferir o gasto, o desempenho e o tempo utilizado em cada operação.
3-Recebimento de alertas de falhas para evitar custos e prejuízos – Caso exista algum erro no trabalho, como no plantio, na colheita ou na pulverização, é possível receber um alerta emitido pela própria máquina. Algumas, inclusive, fazem a correção automaticamente para não gerar prejuízos.
4- Redução de gastos com manejo direcionado e certeiro – A tecnologia de aplicação por meio de maquinários agrícolas conectados faz bastante diferença nos resultados. Com o monitoramento online, o produtor pode perceber pragas e doenças com mais rapidez, além de mapear problemas gerados por outros fatores, como água ou nutrientes. Além disso, a tecnologia permite o uso mais adequado de insumos, pois com ela o produtor consegue identificar a demanda nutricional das plantas e, assim, aplicar apenas a quantidade necessária, de acordo também com o que já há disponível no solo.
5-Acompanhamento de resultados à distância – As máquinas com conectividade no campo possibilitam o monitoramento da lavoura na palma da mão, em qualquer momento e de onde o produtor estiver. Enquanto trabalham, é possível acompanhar de forma online a atividade, utilizando dispositivos móveis, como smartphones ou tablets.