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O Sistema Agroflorestal Indígena contribui para a conservação do solo, da água e da biodiversidade, restaurando áreas degradadas com métodos inspirados na natureza
O Sistema de Agrofloresta Indígena (SAFI) é uma iniciativa brasileira que une conhecimentos ancestrais dos povos indígenas a práticas modernas de agrofloresta. Segundo a BRAZBIO, que colabora com o projeto, a abordagem promove a preservação ambiental, a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico das comunidades. A organização trabalha em parceria com a ReNature no Projeto RREP Paiter Suruí, na Aldeia Gabgir, localizada na Terra Indígena 7 de Setembro, em Cacoal, Rondônia, onde foram implantados quatro hectares do SAFI.
O SAFI contribui para a conservação do solo, da água e da biodiversidade, restaurando áreas degradadas com métodos inspirados na natureza (imitam os ecossistemas naturais). Além disso, permite a geração de renda com a comercialização da colheita, integrando culturas como café, cacau, castanha-do-pará, ipê, banana, milho e mandioca. Ao mesmo tempo em que melhora a segurança alimentar e nutricional das comunidades indígenas, fornecendo uma diversidade de alimentos cultivados de forma sustentável, a implantação do SAFI pode gerar renda por meio da venda da colheita, levando-se em conta a melhoria da produtividade agrícola.
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mudas, Terra Indígena Kaxinawa da Praia do Carapanã, Tarauacá-Acre
Foto: Paula Lima
Ao integrar os conhecimentos tradicionais, o SAFI valoriza e preserva culturas ancestrais dos povos indígenas. O Sistema de Agrofloresta Indígena também tem potencial para fortalecer a resiliência social das comunidades, pois agrega ferramentas para o enfrentamento de desafios climáticos e econômicos. Na Aldeia Gabgir, foram implantados quatro hectares do SAFI. O plantio incluiu mudas nativas, sementes de adubo verde e cultivos alimentares, aproveitando o conhecimento tradicional dos indígenas. A integração entre técnicas ancestrais e inovações agrícolas fortalece a resiliência das comunidades indígenas, oferecendo uma solução sustentável para o futuro do agro.
Outra experiência importante, é o da Comissão Pró Índio do Acre (CPI-Acre), uma organização da sociedade civil que atua no estado, promovendo o programa Formação de Agente Agroflorestal Indígena (AAFI). O projeto iniciou com 15 alunos em quatro Terras Indígenas e, atualmente, existem 244 Agentes Agroflorestais Indígenas, entre iniciantes, em formação e formados, em 30 Terras Indígenas. Essa é mais uma experiência identificada pela iniciativa Agroecologia nos Municípios, realizada pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).
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Foto: Ila Verus/CPI
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Foto: Ila Verus/CPI
A CPI-Acre foi fundada em 1979 e passou a dar apoio aos povos indígenas ainda sem visibilidade na sociedade. Composta, inicialmente, por um antropólogo, filhos de seringueiros, jornalistas e artistas , a organização passou a auxiliar grupos indígenas nas lutas por terra, saúde, educação, entre outras necessidades das comunidades locais. A partir, de então, as demandas por direitos passaram a ser apresentadas para os governos.
O projeto da AAFI surgiu nesse contexto, para apoiar as comunidades na gestão dos seus territórios recém-demarcados e potencializar os processos sociais e ambientais. Tem como base o princípio da “autoria” e segue uma filosofia pedagógica e socioambiental intercultural. A formação profissional ocorre por meio de cursos presenciais, oficinas itinerantes em aldeias indígenas, assessorias aos agentes e às comunidades e viagens de intercâmbio. Tudo levando em consideração a cultura e os saberes dos aprendizes indígenas. Desde então, houve uma maior incidência de políticas nas comunidades, assistência técnica em sistemas agroflorestais, apoio à recuperação de terras degradadas, melhoria e adequação à criação de animais, manejo integrado de pragas, caça sustentável e, principalmente, a melhoria na segurança e soberania alimentar.