O termo, muito familiar nos últimos tempos, consiste na capacidade de sustentação de um sistema. Característica de um processo ou de um sistema que permite a sua permanência, em certo nível, por um determinado prazo
Para falarmos de apicultura sustentável, precisamos ter em mente um conceito fundamental:
Abelhas são polinizadoras essenciais para a vida, pois são
responsáveis pela reprodução de diversas espécies vegetais!
O conceito de apicultura sustentável está ligado à apicultura orgânica, voltado ao manejo das colmeias de abelhas, onde sua natureza é respeitada, assim como seus ciclos biológicos e a produção de alimentos naturais e saudáveis, que resultem em produtos nutritivos aos consumidores.
Nesse contexto, o produtor se preocupa com a manutenção da qualidade de vida das abelhas, o bem estar animal, focando em uma alimentação saudável, fontes de água potável e manejo adequado das colmeias, de acordo com o período das floradas, evitando-se ao máximo estressar o animal.
Além disso, o produtor deve estar atento à saúde do ambiente, incluindo a localização das colmeias, tentando distanciá-las, em no mínimo, três quilômetros, de áreas com uso de pesticidas ou outros tratamentos à base de venenos, como também da proximidade de pessoas, animais e operações agropecuárias.
Esses cuidados fazem com que a produção possa ser denominada orgânica e tenha o mínimo de sustentabilidade local, além de resultar em uma colheita satisfatória de boas quantidades de mel.
Apicultura, sustentabilidade e rentabilidade
Preservar o meio ambiente não é bom apenas para a manutenção de uma vida saudável e segura, mas também traz benefícios quando se trata de lucro! Transformar o apicultor em um conservacionista das matas e recursos hídricos, provoca uma mudança, tanto na postura do produtor como no próprio mercado apícola.
A apicultura não é uma atividade destrutiva como a maioria das atividades rurais e é uma das poucas atividades de uso de recursos naturais que preenche todos os requisitos do tripé da sustentabilidade:
- o econômico, gerando renda para os agricultores;
- o social, utilizando a mão-de-obra familiar no campo e diminuindo o êxodo rural;
- o ecológico, não desmatando florestas para criar abelhas.
Uso responsável dos recursos naturais
A água e a terra são recursos finitos, e na apicultura sustentável, são utilizados de forma responsável. Técnicas eficientes minimizam o impacto ambiental e preservam nossas preciosas fontes de vida. Nesse sentido, a conservação dos recursos naturais na apicultura pode ser alcançada através de várias práticas e técnicas. Estas visam minimizar o uso desses recursos e reduzir o impacto ambiental. Abaixo estão algumas maneiras de promover o uso responsável da água e da terra na apicultura sustentável:
Conservação da água:
- Coleta de água da chuva: Instalação de sistemas de coleta de água da chuva para uso na limpeza das colmeias e na produção de mel.
- Irrigação eficiente: Utilização de sistemas de irrigação eficientes que reduzem o desperdício de água e garantem que as plantas melíferas recebam a quantidade adequada de água.
- Reutilização da água: Implementação de práticas para reutilizar a água utilizada na produção de mel, como por exemplo, utilizando água residual para regar plantações ou irrigar áreas verdes.
Preservação do solo:
- Rotação de culturas: Adoção de práticas de rotação de culturas para manter a saúde do solo e evitar a degradação.
- Métodos de plantio sustentáveis: Utilização de técnicas de plantio que promovam a saúde do solo, como plantio direto, cultivo em faixas e plantio em curvas de nível.
- Conservação da cobertura vegetal: Manutenção de uma cobertura vegetal adequada para proteger o solo da erosão e promover a biodiversidade. Sempre promover o reflorestamento com espécies nativas, de preferência com floração apícola.
Redução do uso de insumos:
- Manejo integrado de pragas: Implementação de técnicas de manejo integrado de pragas para eliminar a necessidade de uso de pesticidas.
- Uso eficiente de energia: Adoção de práticas que reduzam o consumo de energia na produção de mel, como o uso de energia renovável e a otimização dos processos de produção.
Monitoramento ambiental:
- Avaliação de impacto ambiental: Realização de avaliações periódicas para monitorar o impacto da atividade apícola no meio ambiente e identificar áreas de melhoria.
- Educação e sensibilização: Promoção de programas de educação e sensibilização ambiental entre os apicultores e a comunidade de entorno para incentivá-los a adotar práticas mais sustentáveis.
Ao implementar essas práticas e técnicas, os apicultores podem contribuir significativamente para a conservação dos recursos naturais, garantindo, assim, que a apicultura seja uma atividade ambientalmente responsável e sustentável.
Apicultura e biodiversidade
Você sabia que as abelhas ocupam importante papel na polinização de aproximadamente 30% das plantas que são utilizadas na alimentação humana?
Devido à perda da biodiversidade, tornou-se evidente que os polinizadores devem ser protegidos. A polinização intensiva realizada pelas abelhas tem favorecido a manutenção da biodiversidade, impactando positivamente a sustentação de ecossistemas locais, bem como permitindo ganhos de produtividade em diversas culturas.
O uso da apicultura contribui decisivamente com a conservação/preservação da vegetação e do ecossistema em geral. Um exemplo prático dessa contribuição é o projeto instalado no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, onde foram distribuídas cerca de 4.000 colmeias para as comunidades que vivem no entorno da unidade de conservação e, com isso, tem-se conseguido manter a preservação da caatinga.
Apicultura, geração de renda e produtividade
A atividade apícola contribui para a geração de mais 350 mil empregos diretos e indiretos, contribuindo significativamente para o comércio internacional, já que 80% de todo o mel produzido no Brasil é exportado.
Além de impactar diretamente na conservação ambiental, ela é fundamental no aspecto da preservação cultural, consolidando-se como componente essencial do desenvolvimento sustentável do país.
A criação de abelhas, em particular, é uma atividade que possui um impacto significativo para pequenos apicultores, que representam 49% da produção nacional de mel, já que sustentam suas famílias por meio dessa atividade. Muitas delas, especialmente em áreas rurais de baixa renda, investem na apicultura, o que diversifica suas fontes de recursos e melhora suas condições de vida.
Desta forma, como já foi dito, a apicultura gera renda no campo, uma melhor qualidade de vida e, sem sombras de dúvidas, contribui com a biodiversidade através da polinização de florestas, pastos, matas e lavouras, permitindo a regeneração e manutenção da flora e, consequentemente, da fauna local, além de propiciar uma maior produtividade e qualidade de frutas e leguminosas.
O que é preciso fazer?
A apicultura brasileira ainda é muito arcaica e com baixíssima tecnificação. A ciência sobre abelhas e mel desempenha um papel fundamental na formulação de políticas públicas eficazes que incentivem a capacitação dos apicultores.
Portanto, investir em pesquisa para melhorar o manejo das colmeias, combater doenças e pragas, além de promover a conservação de habitats naturais para abelhas, são aspectos essenciais que podem orientar políticas de apoio à apicultura sustentável e à produção de mel.
O conhecimento científico permite abordagens mais informadas, sustentáveis e voltadas para o futuro, garantindo não apenas o sucesso econômico da apicultura como também a preservação do meio ambiente e a promoção da saúde humana.
Apicultura e cultura comunitária
Quando existem abelhas saudáveis, os apicultores estão mais tranquilos também. Por isso, criar ambientes propícios para o florescimento das abelhas e garantir condições seguras para os apicultores é fundamental. Além disso, nenhuma colmeia está isolada. A apicultura sustentável reconhece o valor das comunidades locais, promovendo o desenvolvimento econômico e social através do apoio mútuo e do fortalecimento dos laços comunitários.
Portanto, investir em práticas sustentáveis na apicultura não é apenas uma escolha inteligente, é uma responsabilidade compartilhada. Além de produzir mel de alta qualidade, essas práticas sustentáveis na apicultura deixam um legado duradouro de preservação ambiental e prosperidade comunitária. Cada gota de mel sustentável é um lembrete do poder da harmonia entre humanidade e natureza.
Mel silvestre: um aliado poderoso na sua alimentação
No artigo Mel silvestre: conheça todos os benefícios, você poderá explorar um pouco os benefícios desse produto delicioso e mágico!
Você vai ficar por dentro de diversas vantagens de incorporar o mel na sua dieta, tais como?
- Aumenta as defesas do corpo
- Tem poder antioxidante
- Faz bem ao coração
- Aumenta o fluxo sanguíneo e reduz a formação de coágulos
- Regula colesterol e triglicerídeos
- Combate bactérias e fungos
- Reduz o tempo de cicatrização
- Trata úlceras nos pés de diabéticos
- Auxilia na cura de lesões de herpes oral e genital
- E MUITO MAIS!!!
Você não tem ideia das ações positivas que o mel cumpre em seu organismo! Além de tratar bactérias resistentes a antibióticos, úlceras e feridas a longo prazo após a realização de cirurgia ou ocorrências de queimaduras, ele alivia a dor de garganta, asma e tosse, reduz a inflamação e o inchaço da garganta e dos pulmões, sendo eficiente nos casos de gripe e resfriado, melhora o sono das pessoas, melhora a saúde gastrointestinal, ajuda na memória e na ansiedade, funciona no auxílio contra a insônia, contra a obesidade…
Leia o artigo e saiba como incorporar o mel silvestre em sua rotina!!
A certificação orgânica
Com um consumo crescente de produtos orgânicos, o mel orgânico tende a ter maior valor agregado no mercado e potencializar os negócios dos apicultores, sendo uma atividade promissora para a agricultura familiar. Para tanto, precisa-se da implantação de processos de certificação da conformidade orgânica. A certificação orgânica é um procedimento que visa assegurar as conformidades de um determinado produto, serviço ou processo perante às normas e práticas da produção orgânica. A certificação pode ser obtida pela contração de uma Certificadora por Auditoria ou se ligando a um Sistema Participativo de Garantia – SPG, que deverá estar sob certificação de um Organismo Participativo de Avaliação da Qualidade Orgânica – OPAC.
No caso da certificação por OPAC, o produtor deve participar ativamente do grupo ou núcleo a que estiver ligado. Após cumprir suas obrigações o próprio grupo garante a qualidade orgânica de seus produtos, sendo que todos tomam conta de todos. Caso o interesse seja apenas pela venda direta ou institucional, os produtores podem formar uma Organização de Controle Social – OCS.
Caso seja contratada uma Certificadora por Auditoria, são realizadas visitas de inspeção inicial e periódicas e o produtor deverá manter as obrigações perante o MAPA e a certificadora. O custo é estabelecido em contrato e no caso de descumprir as normas, a certificadora retira seu certificado e informa ao MAPA.
Confira na imagem abaixo as principais exigências da certificação para a atividade apícola:
Para que o mel seja considerado orgânico, ele precisa apresentar na embalagem o selo da certificação, que só é autorizado mediante auditoria de toda a propriedade apícola. Com o apiário certificado, o apicultor consegue produzir não só o mel, como outros produtos orgânicos, como geleias, cera, própolis, etc. Veja a seguir quais são as vantagens e desvantagens da produção de mel orgânico:
Os objetivos do sistema orgânico de produção
O sistema de produção orgânica, de acordo com a legislação vigente, tem por objetivo a:
- Sustentabilidade econômica e ecológica;
- Maximização dos benefícios sociais;
- Minimização da dependência de energia não-renovável;
- Utilização, sempre que possível, de métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos;
- Eliminação do uso de organismos geneticamente modificados;
- Eliminação das radiações ionizantes;
- Proteção do meio ambiente e preservação da diversidade biológica dos ecossistemas;
- Oferta de produtos livres de contaminantes intencionais;
- Promoção do uso saudável do solo, água e ar;
- Reciclagem de resíduos de origem orgânica.
O conceito de sistema orgânico de produção agropecuária e industrial abrange todos os sistemas que atendam os princípios estabelecidos pela Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003, ou seja, ecológicos, biodinâmicos, naturais, regenerativos, biológicos, agroecológicos, permacultura, entre outros.
