Tradição que estava desaparecendo, foi incentivada por curso com uso de materiais naturais e versáteis, gerando renda para a comunidade
Artesãos de Santo Antônio do Aventureiro, na Zona da Mata de Minas Gerais, estão utilizando fibras de bananeira (Musa spp.) e taboa (Typha domingensis), considerada uma planta invasora, para produzir itens como cestos, bolsas, chapéus e embalagens para cachaça. A iniciativa tem proporcionado renda extra aos profissionais, além de estimular a inovação e o resgate de práticas artesanais tradicionais na região.
A capacitação foi promovida pela Emater-MG que orientou sobre o o uso das fibras através de um curso realizado em abril deste ano, fruto de uma parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MG) e a Prefeitura Municipal. Ao todo foram dez artesãos capacitados que agora utilizam os materiais para criar novas e lindas peças e preservar o conhecimento local.
Entre os artesãos que adotaram as fibras em suas produções estão Raquel Lima Nogueira, que misturou as fibras com couro em bolsas e cintos, e Victor Queiroz, que incorporou as técnicas na confecção de luminárias e jardineiras. Ambos destacaram o potencial sustentável da prática e seu papel no resgate de uma tradição que estava desaparecendo. As vendas dos produtos ocorrem em feiras e eventos no município, e a Emater-MG agora planeja criar um espaço exclusivo na Feira da Agricultura Familiar, denominado “Aventureiros de Fibra”, para reunir os artesãos e ampliar a divulgação dos trabalhos.
Vale ressaltar a natureza sustentável da atividade. A fibra de bananeira é extraída de caules de bananeiras, cortadas após a colheita do cacho de banana, então é um material que seria descartado. Já a taboa é uma planta aquática considerada invasora (praga) nos açudes, e com o artesanato elas podem ser aproveitadas. Essa abordagem contribui para a preservação ambiental, resgata uma tradição e agrega valor às peças produzidas.