O estudo mostrou que a qualidade do pavimento, da sinalização e da geometria da via são os principais problemas da infraestrutura rodoviária do país
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) em parceria com o Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SEST/SENAT) afirmam que 67,5% das estradas brasileiras estão em estado ruim ou péssimo, enquanto 32,5% com ótimo ou bom estado. De acordo com a 26ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, foram analisados 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas, o que corresponde a 67.659 quilômetros da malha federal e a 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais. O estudo mostrou que a qualidade da geometria da via (características como curvas, acostamentos e pontes), do pavimento e da sinalização são os principais problemas da infraestrutura rodoviária do Brasil. Levou-se em conta variáveis como condições do pavimento, das placas, do acostamento, de curvas e de pontes.
Segundo os números, no estado de conservação do pavimento, 56,8% da malha rodoviária brasileira foi classificada como Regular, Ruim ou Péssimo. Na sinalização, 63,4% dos trechos avaliados estão em situação parecida. As estatísticas mostraram que, pela geometria da via, que engloba características como curvas, acostamentos e pontes, 66,0% de trechos estão em condições ruins ou péssimas. Esses percentuais também ficaram próximos aos registrados no ano passado: 55,5%, 60,7%, 63,9%, respectivamente.
O estudo também identificou que os trechos em estado crítico estão localizados principalmente nas regiões Norte e Nordeste. No Norte, 79,3% da malha rodoviária está em estado ruim ou péssimo. O percentual é de 78,8% entre estados nordestinos. As regiões Sul e Sudeste apresentaram os melhores resultados, com 57,2% e 58,5% de trechos em estado ruim ou péssimo, respectivamente.
A pesquisa destaca que a falta de investimentos em infraestrutura rodoviária tem um impacto negativo significativo na economia brasileira. Os percentuais demonstram uma relativa estabilidade no estado geral da malha rodoviária brasileira, em comparação com os resultados do ano passado, que apresentavam, respectivamente, 66% e 34% para os mesmos níveis de classificação.
A realidade que o estudo expõe reforça o que a CNT vem defendendo há anos: a necessidade de continuar mantendo investimentos perenes e que viabilizem a reconstrução, a restauração e a manutenção das rodovias. Os investimentos em infraestruturas, no Ploa (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2024, sofreram uma redução de 4,5% no volume de recursos para o setor em relação ao autorizado no orçamento para infraestrutura de transporte em 2023. Diante desse cenário, a CNT trabalha para viabilizar um aumento na dotação, por meio de emendas para intervenções prioritárias em 2024, em consonância com as prioridades do transporte e da logística do país.
O estudo estima que, em 2023, o aumento do custo operacional do transporte rodoviário de cargas, em decorrência da má conservação do pavimento das rodovias no Brasil, foi de 32,7%.
Os principais pontos críticos registrados nas rodovias brasileiras, e citados pela Pesquisa CNT, incluem quedas de barreiras, erosões nas pistas, buracos grandes, pontes caídas e pontes estreitas. Tratam-se de problemas na infraestrutura que interferem na fluidez dos veículos, oferecendo riscos à segurança dos usuários, aumentando significativamente a possibilidade de acidentes e gerando custos adicionais ao transporte.
O estudo aponta que as intervenções prioritárias devem incluir a recuperação, manutenção e reconstrução de trechos avaliados, bem como a eliminação de 2.684 pontos críticos registrados nas rodovias federais e estaduais do país, sendo 207 quedas de barreiras, cinco pontes caídas, 504 erosões nas pistas, 1.803 unidades de coleta com buracos grandes, 67 pontes estreitas, e 62 outros tipos de pontos críticos que possam atrapalhar a fluidez da via.
Na avaliação dos técnicos da CNT, a deterioração impacta, além do preço do frete – além do preço do frete e, consequentemente, dos produtos para o consumidor final – no meio ambiente. Estima-se que a má condição da malha rodoviária brasileira resultará no consumo desnecessário de 1,139 bilhão de litros de diesel apenas neste ano. O cálculo é feito observando a qualidade do pavimento. Com 1,139 bilhão de litros de diesel consumidos, há a emissão de 3,01 milhões de toneladas de gases poluentes na atmosfera (MtCO2e).
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