O bem-estar do rebanho influencia diretamente na produção leiteira e depende de fatores ambientais e nutricionais
O pecuarista que pretende uma melhora na produção de leite, tanto em quantidade quanto em qualidade, precisa ter em mente a necessidade de ter animais felizes e, consequentemente, produtivos.
O consumidor exige cada vez mais que os produtos que consomem reflitam os cuidados e manejos que respeitem o bem-estar dos animais. Além desses cuidados, a seleção genética e as exigências de alta produção são fatores que influenciam a qualidade de vida, a saúde e longevidade do rebanho.
Para se conseguir um nível ótimo de bem-estar para os animais, é preciso que o criador pratique a técnica da perambulação, que nada mais é do que uma técnica de visitação e observação dos animais em descanso.
Ela é muito importante para a análise da linguagem, atitude e condição corporais. Através desse sistema, pode-se definir indicadores de bem-estar que deverão ser registrados e analisados com frequência.
Conheça os principais indicadores de bem-estar que servem para a avaliação do bem-estar do rebanho leiteiro:
- Temperatura ambiente – o conforto térmico é garantido entre 4°C e 24°C;
- Disponibilidade de água limpa, em quantidade suficiente, em bebedouros higienizados;
- Equipamentos e instalações – na perambulação, o criados deve estar atento para as condições de funcionamento e higiene das instalações (estábulo, compost barn, etc,) e equipamentos (escovas, climatização, etc.). Qualquer falha evidenciada deve ser corrigida rapidamente;
- Sujidade de úbere – a propriedade deve estabelecer o escore de sujidade e deixá-lo visível, atribuindo nota 1 para um úbere totalmente limpo, 2 para pouco sujo, 3 para moderadamente sujo (até 30%) e 4 para muito sujo (mais de 30%);
- Lesões expostas – é importante cuidar do ambiente e do espaço para o número adequado (lotação) de animais para se evitar lesões;
- Sujidade de membros posteriores – o registro e avaliação deve seguir a mesma sistemática da sujidade de úbere.
- Acesso ao pasto;
- Ausência de tosse, descarga nasal e ocular, dificuldade respiratória, descarga vulvar, CCS (Contagem de Células Somáticas – CCS é um indicador da saúde da glândula mamária das vacas), diarreia, mortalidade e distocia;
- Frequência respiratória – os bovinos apresentam frequência respiratória normal entre 24 a 36 movimentos respiratórios por minuto (mov/min);
- Temperatura retal – usando um termômetro, os animais devem apresentar temperatura entre 38,1° e 39,2°C, indicando boas condições. Acima de 39,3°C o animal está em estresse térmico;
- Escore de condição corporal (ECC) – o ECC ideal de animais mestiços de cruzamento (Europeu x Zebu) é de 3,5 a 4.
Além dessas observações no período de descanso dos animais, o produtor deve estar atento sempre com mais alguns fatores muito importantes para o empreendimento:
- Locomoção dos animais – observe as condições de locomoção dos animais nos seus deslocamentos. Observe as condições dos cascos. Mantenha os cascos dos animais em perfeito estado de saúde com o casqueamento periódico realizado por profissional capacitado;
- Nutrição – as condições de alimentação devem ser monitoradas severamente e acompanhadas tecnicamente. Alimentação eficiente e de ótima qualidade é fundamental para o bem-estar e a produção;
- Ordenha – acompanhe sempre as operações de ordenha e preze pelas medidas de higienização e cuidados com a mastite;
- Pastagem – importante avaliar as condições dos piquetes que garantam segurança (cercas bem construídas – manutenção é fundamental), limpeza e qualidade da pastagem para garantir saúde comportamental dos animais, possibilitando a expressão do comportamento natural do animal;
- Manejo sanitário – vacinações e vermifugações não podem ser esquecidas;
- Melhoramento – genética é importantíssimo. não despreze a seleção;
- Bezerras – o bem-estar das bezerras deve ser levado em consideração, não pode ser deixado de lado em hipótese alguma, pois essas serão as futuras produtoras da propriedade.