MEIO AMBIENTE -  Como atrair corrupião

Agricultor examinando sua plantação de milho

O produto é feito a partir de uma bactéria, presente nos solos da Caatinga, e resultante de mais de 12 anos de pesquisa, não tendo concorrentes registrados

O bioinsumo é o primeiro produto comercial destinado a diminuir os efeitos causados pelo estresse hídrico nas plantas. O Auras é uma tecnologia resultante de mais de 12 anos de pesquisa, em parceria da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) com a NOOA Ciência e Tecnologia Agrícola (Patos de Minas, MG) e não tem concorrentes registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O bioinsumo, que já é usado em milho, é capaz de reduzir os efeitos causados pelas estiagens prolongadas, minimizando riscos e expressando o potencial das lavouras, e está sendo testado em outras lavouras, como soja e feijão.

Bactéria Bacillus aryabhattai e o produto final
Bactéria Bacillus aryabhattai e o produto final

A tecnologia, desenvolvida pela Embrapa e produzida e distribuída, exclusivamente, pela NOOA é inspirada em plantas de regiões secas que se associam a microrganismos para tolerar o estresse hídrico e foi encontrada nas raízes do mandacaru (Cereus jamacaru), cacto bem conhecido no semiárido. O bioinsumo Auras é feito a partir da bactéria Bacillus aryabhattai, presente nos solos da Caatinga. Esses microrganismos são capazes de hidratar as raízes e atuam na fisiologia dos vegetais, fazendo com que respondam melhor à escassez de água.

Mandacaru (Cereus jamacaru)
Mandacaru (Cereus jamacaru)

A ideia de pesquisar a mitigação da seca por bactérias benéficas surgiu em 2016, mas começou bem antes quando já eram analisados isolados de actinobactérias capazes de reduzir os efeitos do estresse hídrico em soja, milho e trigo em razão da produção de enzimas, fitormônios, mineralização de nutrientes, solubilização de fosfato e fixação de nitrogênio.

As bactérias tolerantes à seca, ao colonizar o sistema radicular das plantas sob estresse abiótico, produzem substâncias que hidratam as raízes, chamadas exopolissacarídeos. O Auras estimula a produção de um sistema radicular mais ativo e profundo, com maior volume de radicelas, proporcionando maior absorção de água.

Display com amostras das raizes de milho com e sem o bioinsumo - Photo: Eliana Lima
Display com amostras das raizes de milho com e sem o bioinsumo
Photo: Eliana Lima

O aumento de temperatura na planta acima de 30°C já traz efeitos negativos na fotossíntese, o que afeta diretamente a produtividade. Com o bioativo, o aproveitamento da água e sua absorção são maximizados, possibilitando à planta melhor controle da temperatura foliar e, consequentemente, uma redução do estresse térmico, em comparação com as lavouras que não utilizam a solução da NOOA.

As avaliações de campo comprovam o excelente desempenho do Auras após períodos de estiagem. O uso da tecnologia permitiu que as plantas inoculadas sentissem o efeito da estiagem dias mais tarde que as plantas sem a tecnologia, contribuindo para o sólido desenvolvimento dos cultivos em que a solução foi aplicada.

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