O Caranguejo, tradicional ciranda caiçara, está ameaçado
Em Paraty, os grandes mestres desta icônica tradição estão se aposentando. Assim, alguns jovens tomaram a frente para garantir a manutenção dos ritmos que embalam os eventos sagrados e profanos da região.
Munidos de viola, adufe (instrumento da família dos pandeiros) e caixa, os jovens mantêm a tradição e, sempre que possível, ouvem os conselhos dos mais velhos.
Eles têm que continuar! Não podem desanimar e precisam arrumar mais gente jovem para tocar. Este é um dos pedidos que ouvem constantemente dos mestres mais experientes e que estão impossibilitados de dar continuidade à prática por causa da pandemia.
A Covid-19 levou o número de apresentações dos cirandeiros em bailes e festas praticamente a zero.
Dança dos antigos
O caranguejo é apenas uma das muitas danças paratienses conhecidas genericamente pelo nome de ciranda. Cana-verde, canoa, arara e marrafa são outras. Transmitidas de geração a geração, todas elas estão igualmente em risco
A partida de nomes como Dito da Canoa, João Paciência e Julinho – guardiões de acordes e versos centenários – colocou a comunidade em alerta.
O Grupo Cirandeiro de Paraty, fundado em 2014 após décadas de hiato sem novos conjuntos tradicionais desponta como uma das as principais apostas para a sobrevivência da música caiçara em Paraty.
Unidos pelo interesse em comum, os fundadores do Grupo Cirandeiro, Marcello e Fernando, visitaram todos os mestres que podiam nos últimos anos, além de participarem de diferentes encontros de folclore organizados pelo país.
Dos anciões, receberam valiosas lições. Alguns desses encontros foram registrados em vídeo e podem ser vistos nos canais da dupla no Youtube.
A dupla foi contratada pela prefeitura para percorrer as escolas das comunidades costeiras. De 2016 a 2018, com métodos lúdicos, ensinaram aos alunos a dançar e cantar ciranda. A abordagem informal ajudou a aproximar os pequenos, que normalmente costumam ver essa tradição como algo ultrapassado.
Apesar do nome, a ciranda paratiense pouco tem a ver com a dança de roda praticada em alguns estados do Nordeste. Os folguedos da cidade da Costa Verde encontram eco apenas nos fandangos praticados nos litorais paulista e catarinense. O que diferencia a música tradicional de Paraty são, principalmente, a velocidade no andamento das músicas e a alegria no canto.
É difícil dizer se daqui a um século a ciranda vai continuar a animar os bailes caiçaras, mas a vontade dos “garotos” é de seguir lutando.
Conheça mais do Grupo Cirandeiro, entrando em suas redes sociais.
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