Você já ouviu falar de economia circular? Este sistema pode ajudar a mitigar a crise climática, além de trazer benefícios sociais e econômicos.
Que tal se a gente começar com alguns números da “pesada”?
Trezentos milhões de toneladas de plástico jogados fora só em 2019! Tem ideia de que este peso corresponde a quase o peso total da população humana?!?!?!
Até 2050, estima-se que os oceanos terão mais plástico do que peixes!
O lixo eletrônico gerado em um ano soma mais de 50 milhões de toneladas.
Desperdiçamos um terço de todos os alimentos produzidos. E reclamamos da quantidade absurda, indecente, imoral de gente passando fome! Se reduzirmos o desperdício e a perda alimentar em apenas um quarto, podemos alimentar 870 milhões de pessoas que passam fome.
Mais de 100 bilhões de toneladas de recursos entram na economia todos os anos – e mais de 60% acabam como lixo ou convertidos em emissões de gases do efeito estufa.
Precisamos mudar nossa forma de pensar e construir uma economia circular – na qual o lixo e poluição sejam “planejados” de antemão, produtos e materiais permaneçam em uso por mais tempo e os sistemas naturais possam se regenerar.
Criar uma economia circular para cinco setores-chave – cimento, alumínio, aço, plástico e alimentos – poderia reduzir as emissões em 3,7 bilhões de toneladas em 2050, o equivalente a eliminar as emissões atuais de todos os modos de transporte.
Não é apenas uma questão ambiental. Simplesmente faz sentido, social e economicamente, fazer um uso melhor de recursos escassos planejando um sistema que evite o desperdício e mantenha os produtos em uso por mais tempo.
VOCÊ SABIA? Há 100 vezes mais ouro em uma tonelada de celulares descartados do que em uma tonelada de minério de ouro!!!
O contexto pandêmico
A Covid-19 mudou muitos hábitos, e, TALVEZ, tenha causado uma redução significativa no consumo em escala global (os dados disponíveis ainda não deixam o resultado claro).
Enquanto as vendas de roupas despencaram, as de equipamentos para home office e exercícios físicos cresceram… Gastos com eventos caíram, mas com supermercado aumentaram… O uso de materiais de plástico descartáveis aumentou consideravelmente!!! A queda do preço do petróleo reduziu os incentivos econômicos para a reciclagem.
O modelo “pegue-use-jogue fora”
Esse modelo adotado pela humanidade é, além de ineficiente, irresponsável e está levando o planeta por um caminho de auto-destruição.
Os benefícios da economia circular
Pesquisas mostram que criar uma economia circular é uma oportunidade de economizar US$ 4,5 trilhões ao evitar o desperdício e, ao mesmo tempo, gerar o crescimento dos negócios e criar oportunidades de trabalho.
Não podemos mais associar a prosperidade da economia global à destruição do meio ambiente.
Existem três formas de mudar nossos níveis de consumo:
Consumir menos. Ao longo do século 20, o uso de matérias-primas aumentou duas vezes mais do que a taxa de crescimento populacional. Em um mundo no qual as pessoas dos países mais ricos consomem dez vezes mais do que as dos mais pobres, é necessário que muitos de nós passemos a consumir menos e outros mais.
Consumir melhor. Isso significa escolher versões dos produtos que tenham sido fabricadas de forma mais sustentável ou que possam ser recicladas. A maioria dos consumidores já exige que as marcas façam o que é certo! A pressão dos consumidores é crucial para encorajar as empresas a mudarem suas práticas e os governos a introduzirem políticas positivas e assertivas ambientalmente.
Consumir melhor também é utilizar as plataformas de compartilhamento. Se você considerar, por exemplo, que um carro passa em média 95% de seu tempo estacionado e que uma furadeira é usada por menos de 15 minutos em toda a sua vida, é fácil perceber o potencial das plataformas de compartilhamento para reduzir o uso dos produtos.
Serviços de streaming são outro exemplo de como é possível consumir melhor sem necessariamente precisar fazer sacrifícios. A última década passou por uma bem-vinda queda na produção e no consumo de CDs e DVDs. Essa mudança de comportamento não mudou em nada nosso estilo de vida, mas contribuiu decisivamente para um mundo melhor.
Mudança sistêmica. A sustentabilidade não pode depender apenas das escolhas das pessoas. Os produtos precisam ser produzidos para durar e com componentes ou materiais que possam ser reaproveitados.
Há muito a ser feito na esfera política para incentivar a circularidade nos sistemas. É preciso haver uma mudança substancial para incentivar ou exigir o uso de materiais secundários ou reciclados – por exemplo, cobrar taxas sobre produtos que usam apenas materiais novos.
Também é preciso grandes investimentos em infraestrutura para aumentar a reciclagem ou mesmo torná-la obrigatória.
À medida que mais governos estabelecerem políticas que incentivem a reciclagem e o reaproveitamento – e que a conscientização dos consumidores a respeito da sustentabilidade continue a crescer –, as empresas que adotarem modelos de negócio circulares estarão em clara vantagem.
Adotar uma economia circular num panorama mais abrangente não será fácil. Mas a recompensa – um mundo onde as pessoas, a natureza e as economias possam prosperar – valerá o esforço. Nós todos – governos, legisladores, sociedade civil e comunidades – precisamos unir esforços para sermos consumidores melhores.
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