Originário da bacia hidrográfica do rio Amazonas, foi dispersado para as regiões tropicais da América Central e Norte. Para as civilizações mesoamericanas pré-colombianas, as sementes do cacau constituíam uma bebida ritual e uma moeda de troca de alta importância.
O chocolate (chocolatl, em língua náuatle) era uma bebida de sabor amargo, preparada a partir das sementes torradas e moídas misturadas com água. Registros relatam a bebida como sendo muito consumida pela nobreza do Império Asteca, que requisitava sementes de cacau como parte do tributo cobrado de populações subjugadas. Como a bebida nessa forma toma um sabor amargo, era comum que se misturasse outros ingredientes durante o preparo, incluindo flores, mel, pimenta, e baunilha, mascarando o amargor e mudando a cor do líquido de branca para laranja, vermelha ou amarronzada.
No Brasil, ele foi cultivado primeiramente na Amazônia, onde já existia em estado natural. Depois, pelo rio Amazonas, passou para o Pará e pelo mar chegou finalmente à Bahia, onde melhor se adaptou ao solo e ao ambiente marinho, e causou o chamado “boom” da época de 1930.
Pouco mecanizada, é uma cultura que proporciona um alto grau de geração de emprego. Por ser plantado por mais de 200 anos, no Estado da Bahia, à sombra da floresta, o cultivo do cacaueiro foi responsável pela conservação de grandes corredores de Mata Atlântica. Este sistema de cultivo é conhecido como “cacau cabruca”, corruptela do termo “brocar” (ralear). Nele, o sub-bosque da mata é “brocado” (removido) e substituído por mudas de cacaueiro, tradicionalmente plantadas aleatoriamente. As mudas crescem e passam a produzir seus frutos sob a proteção do vento e sombra das árvores da Mata Atlântica.
Em um levantamento realizado em cabrucas, em 2007 no sul baiano, foram encontradas integradas ao sistema cacau-cabruca espécies de árvore consideradas raras, como o jequitibá-rosa (Cariniana legalis), o pau-brasil (Caesalpinea echinata), que é uma espécie ameaçada de extinção e a gameleira (Ficus gomelleira), que é uma espécie de importância sócio-ecológica, já que seus ramos jovens servem de alimento à preguiças e práticas religiosas afro-brasileiras estão associadas a ela. É importante destacar o fato de que o maior jequitibá-rosa de que se tem notícia atualmente foi encontrado em um sistema cacau cabruca na região cacaueira da Bahia.
Famoso por proporcionar sensação de prazer e bem-estar, trata-se de uma fonte de flavonoides e de substâncias antioxidantes. Seu fruto pode solucionar diversos problemas de saúde, mas é importante ter em mente os benefícios da fruta natural e não exatamente do chocolate, que ganha demais ingredientes.
O cacau pode oferecer inúmeras vantagens à saúde, sendo capaz de atuar na prevenção de anemias, em razão do seu alto quantitativo de ferro. É o responsável pelo combate a doenças neurológicas, bem como sistema nervoso que se descontrola fácil. Entre os principais e mais conhecidos benefícios do cacau, podem ser citados: melhora de humor, combate à ansiedade e depressão; prevenção de tromboses; combate ao colesterol alto; previne aterosclerose; previne o acúmulo de colesterol nos vasos de sangue; previne anemias; reduz o risco de diabetes; previne problemas como derrame e demência; melhora a memória; promove a redução da pressão, em razão de melhor qualidade dos vasos de sangue; auxilia a regular a saúde intestinal; auxilia no controle de inflamações.
O país que já foi o maior exportador de cacau, hoje figura na sexta posição no mercado mundial, mas com perspectivas de aumentar sua participação, principalmente na venda de produtos com maior valor agregado, como chocolate fino. A grande vantagem do Brasil na área da cacauicultura é que nenhum país do mundo tem todos os elos da cadeia produtiva do cacau. O Brasil é produtor, é moageiro, tem indústria de processamento e é consumidor de chocolate. O estado do Pará é o maior produtor de cacau no Brasil.
CACAUEIRO (Theobroma cacao)
Ocorrência – região Amazônica Características – árvore perenifólia, com altura entre 4 e 6 m em condições de cultivo, porém em condições naturais na floresta pode atingir 20 m, com tronco de 20 a 30 cm de diâmetro. Folhas simples, alternadas, pendentes, elípticas (com a mesma largura da base ao ápice), ou estreitamente obovadas (a mesma forma da ovada, mas neste caso a parte mais larga é próxima ao ápice do limbo) com 12 a 25 cm de comprimento por 6,5 cm de largura e pecíolo de cilíndrico de 1 a 3 cm de comprimento. A lamina é cartácea (textura de cartolina).
As flores nascem em fascículos (feixes) nos galhos mais grossos ou no tronco e são pentâmeras (organizadas a base de 5) com 5 pétalas brancas triangulares e 5 estames (tubos masculinos) de 3 a 4 mm de comprimento, com anteras (glândulas que carregam os grãos de pólen) capitadas (como cabeça). O fruto é uma cápsula indeiscente (que não se abre), levemente costada, com casca grossa e dura de 1 a 2 cm de espessura abrigando muitas sementes grandes envolvidas em polpa ou arilo esbranquiçado e doce. Maduro pode ter cor amarelada, esbranquiçada ou avermelhada.
Habitat – mata alta de terra firme, em ambiente sombreado. É uma planta de clima quente e úmido que prefere o solo argilo-arenoso. Por ser uma planta tolerante à sombra, vegeta bem em sub-bosques e matas raleadas sendo, portanto, uma cultura extremamente conservacionista de solos, fauna e flora.
Propagação – sementes (seminal/sexuada) e de forma vegetativa (assexuada). Madeira – leve, mole, pouco resistente e pouco durável quando exposta às intempéries.
Utilidade – a madeira é utilizada apenas localmente para lenha e carvão. Os frutos são comestíveis, tanto in natura quanto industrializados. In natura, sua polpa é utilizada para o preparo de refrescos, licores e chocolate caseiro. Seu principal valor está nas castanhas (sementes), transformadas industrialmente por meio de torra e moagem no chocolate e consumido em todo o mundo.
Florescimento – duas vezes ao ano, porém com maior intensidade nos meses de dezembro a abril. Frutificação – também ocorre duas vezes ao ano, principalmente no período de abril a setembro.
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