Os cruzamentos entre raças são numerosos, por isso é interessante entender a importância da raça Guzerá para a formação dessas várias outras e importantes raças
O Guzerá, raça milenar bem difundida nos campos brasileiros, tem grandes histórias ao longo dos séculos. Vamos apresentar resumidamente a importância da relação dessa raça zebuína com outras raças para a formação de raças consagradas e não menos importantes (economicamente e/ou geneticamente) na atualidade e no futuro.
Brahman
De 1835 a 1906, o Guzerá foi a raça mais importada para os Estados Unidos e para a America do Sul. Nos Estados Unidos, formou o Brahman. O Guzerá, responsável pela formação do Brahman nos Estados Unidos, agora irá produzir um Brahman brasileiro, de maior altura, maior definição racial, maior rusticidade e melhor habilidade materna. Não é à toa que os ventres Guzerá estão sendo multiplicados aceleradamente, para cumprirem este papel.
Brahman = Longhorn + Guzerá Brasileiro
Mocho Tabapuã
Desde o início do século XX, alguns pioneiros já selecionavam um animal mocho, com aparência anelorada, a partir de cruzamentos entre o gado Mocho Nacional com o Nelore ou com o Guzerá. As mais antigas anotações mostram a formação deste gado mocho no estado de Goiás, embora tenha sido documentado também no estado de São Paulo e em Minas Gerais.
Tabapuã = Mocho Nacional + Guzerá ou o Nelore
Santa Gertrudis
A história do Santa Gertrudis começou em 1910, no Texas, onde já existiam reprodutores 1/2 sangue Guzerá e Shorthorn. O Santa Gertrudis foi o primeiro gado feito com os olhos voltados para o comércio. Por isso hoje está presente em 60 países e em 49 estados Norte Americanos.
Santa Gertrudis = Guzerá + Shorthorn
Lavínia
Existem notícias sobre cruzamento de Pardo Suiça com o Guzerá, desde a década de 20. Vindo do cruzamento com o Guzerá, nenhum outro mestiço foi tão duramente provado, em sua história, como o Lavínia no nordeste. Sua principal função era enfrentar e sobreviver às secas, sem deixar de produzir crias.
Lavínia = Pardo Suiça + Guzerá
Pitangueiras
O Frigorífico Anglo, durante a segunda Guerra Mundial, lançou-se num programa destinado a formar um tipo de gado misto, de alta precocidade, pronto para o abate aos 24 meses e matrizes produzindo acima de 15 kg de leite. A nova raça foi plasmada pelo Guzerá e pelo Red Poll. O Guzerá foi eleito pelo porte, carcaça, rusticidade e melhor úbere.
Pitangueiras = Guzerá + Red Poll
Indubrasil
Raça obtida pela fusão do Guzerá, Nelore e Gir, o sucesso de cruzamento foi tão grande que, além de se espalhar pelo país inteiro, também incentivou suas exportações, entre 1923 e 1924, para os Estados Unidos, com intenção de consolidar a raça Brahman. O Indubrasil dominou a pecuária brasileira desde 1925 até 1945.
Indubrasil = Guzerá + Nelore + Gir
Simbrasil
O Ministério da Agricultura brasileiro admitiu a raça sintética “Simbrasil” (Simental x Qualquer raça zebuína) como sendo homóloga do “Simbrah” norte-americano (Simental x Brahman). Foi difícil determinar um padrão para o Simbrasil, uma vez que existe animais oriundos de cruzamentos com Guzerá, Nelore, Nelore Mocho, Indubrasil, Gir e outros.
Simbrasil = Simental + Guzerá ou qualquer outra raça zebuína
Canchim
Os primeiros animais com 5/8 charolês e 3/8 Zebu nasceram em 1953. Tiveram participação na formação do rebanho Canchim 52 touros Charoleses, 8 touros Indubrasil, 4 touros Guzerá, 127 vacas Indubrasil, 9 vacas Guzerá e 9 vacas Nelore. O Canchim vem sendo cruzado com o Nelore, com o Guzerá e até com gado leiteiro comum, sempre com bons resultados.
Guzolando
Desde o início da história do Zebu, no Brasil, houve cruzamentos entre o Guzerá e o gado Holandês. Na modernidade o guzolando volta ao cenário, dessa vez para enriquecer o sangue do gado Girolando. Sem dúvida, a vaca Girolanda, ao ser cruzada com o Guzerá leiteiro, garante um produto 1/2 sangue de alto valor.
Guzolando = Guzerá + Girolando
O Guzerá participou também da formação de outras raças sintéticas como a Cariri (Guzerá e Simental), Riopradense (5/8 Holandês, 1/4 Guzerá e 1/8 Gir), Xingu (Guzerá e o Holandês) e Santa Gabriela (Devon x Guzerá x HVB Holandês vermelho e branco).
Outros Bimestiços em formação
Muitos são os trabalhos de cruzamentos no Brasil. Algumas raças européias preconizam abertamente, o uso do Guzerá na formação do gado F2. A geração F1 é feita com gado anelorado e, a seguir, entra o Guzerá, formando o F2.
Texto retirado do livro “Guzerá – o Gado do Brasil” de Rinaldo dos Santos, Edit. Agrop. Tropical
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