O tratamento dos grãos de café após a colheita é uma fase crucial da produção de um café de alta qualidade
A cafeicultura é uma das principais atividades agrícolas do Brasil. Compreende as etapas de cultivo, produção, colheita, armazenamento, beneficiamento e comercialização do café. O Brasil está entre os maiores exportadores de café no mercado mundial e tem uma das populações que mais consomem a bebida. Nesse cenário, o tratamento dos grãos de café após a colheita é uma fase crucial da produção de um café de alta qualidade, que proporciona aos produtores preços mais elevados. A Emater-MG alerta os cafeicultores sobre os cuidados necessários tanto na implantação e manejo das lavouras, como após a colheita, para garantir a qualidade da bebida, sempre visando fortalecer a cadeia produtiva do café em Minas Gerais, maior produtor do Brasil, com cerca de 50% da produção nacional.
A pós-colheita é uma operação que requer planejamento e cuidados especiais para evitar perdas de qualidade e renda. O cafeicultor precisa fazer um plano de colheita ajustado à sua capacidade de processamento, definir qual tipo de bebida vai produzir (padrão ou especial, mais valorizado), quanto vai custar para produzi-la e como vai fazê-la. O objetivo é manter ao máximo a qualidade que a natureza proporcionou e o que foi investido em um ano de trabalho nas lavouras.
Em todas as fases do preparo dos grãos, para garantir a qualidade da bebida, é fundamental a adoção de boas práticas de higiene, afinal, o café é um alimento e pode ser contaminado por microorganismos nocivos à saúde humana.
Após a colheita, a etapa da secagem é a que representa maiores riscos de perda da qualidade do produto. Os frutos recém-colhidos têm alto teor de umidade e mucilagem abundante, ideal para a proliferação de microrganismos que podem causar fermentações indesejadas, capazes de interferir no sabor final da bebida.
O processo inicial de secagem pode ser feito em terreiros, no chão ou mesmo suspensos. Quando o terreiro não é pavimentado, pode-se utilizar também pano grosso ou lona. Neste caso, uma vantagem é a facilidade de proteger o café em caso de mudança brusca do clima, com risco de chuva. E, no caso de utilizar equipamento para o processo final de secagem (quando os grãos estiverem com cerca de 30% de umidade), é preciso dosar bem o calor, para evitar manchas nos grãos, que acontecem em caso de temperatura excessiva.
Atente para o armazenamento do produto – Após todo o processo, ainda é necessário atentar para um armazenamento adequado, em local arejado, próximo ao terreiro ou secador, livre de pragas e também longe de outros produtos, pois o café absorve odores estranhos com facilidade.
Um resumo das recomendações técnicas da Emater-MG para o preparo do café após a colheita:
- Revisar e fazer a manutenção e limpeza dos lavadores, secadores, máquinas de beneficiar e tulhas (locais de armazenamento dos grãos).
- Fazer a pré-limpeza dos frutos colhidos para eliminar impurezas grosseiras.
- Acondicionar os frutos em sacos de ráfia e recolhê-los no mesmo dia.
- Medir e transportar os frutos para o local de processamento.
- Fazer a limpeza dos frutos com abanadora manual ou mecânica.
- Espalhar os frutos no terreiro para iniciar a secagem.
- Fazer a lavagem e separação dos frutos por diferença de peso;
- Controlar a secagem do café até atingir o ponto ideal de armazenamento (11% a 12% de umidade).
- Beneficiar o café e classificá-lo por tipo e bebida.
A Emater-MG produziu uma cartilha ilustrada, “Manual do café – Colheita e Preparo”, com detalhes técnicos sobre o preparo dos grãos de café, desde a colheita até o beneficiamento. Para acessar a publicação CLIQUE AQUI.
A Emater-MG atendeu, em 2022, quase 50 mil cafeicultores, sendo 96% da agricultura familiar. A atual safra de café em Minas Gerais (2022/2023) deve render 27,8 milhões de sacas (60 Kg), correspondente a 50,8% da produção estimada para todo o País.