Para tentar minimizar o impacto dessa crise hídrica, a saída é focar na redução de custos nas propriedades rurais
Vários estados brasileiros estão enfrentando uma das mais severas estiagens dos últimos anos. Com níveis baixíssimos de chuva, uma grande crise hídrica que se instala. Não bastasse esse problema, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou recentemente que o valor da tarifa da bandeira vermelha 2 será reajustado em 52% até novembro, passando de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh).
Como os agricultores não estão isentos a essa cobrança, o impacto será grande no campo, afinal boa parte das commodities já estão com preço de venda negociados. A saída então, para tentar minimizar o impacto dessa crise hídrica, é focar na redução de custos nas propriedades rurais. Com esse problema já instalado, só resta ao produtor pensar na otimização do seu sistema de irrigação ou do equipamento que pretende adquirir. As perdas de produtividade por um estresse hídrico são dramáticas sendo parciais ou totais e com certeza são muito maiores do que o custo de energia adicional com a bandeira vermelha. A conta sempre é mais favorável à irrigação, segundo os especialistas.
Mais do que nunca é hora dos produtores que ainda não têm o sistema ou não fazem gestão do seu sistema de irrigação, seja por pivô central ou lateral móvel, canhão, aspersão ou gotejamento, começarem a pensar nisso, pois a cada ano o clima mostra-se mais imprevisível e severo. Para isso, o planejamento é fundamental. O primeiro passo quando se pensa num sistema de irrigação, é possuir um plano eficiente e personalizado para a realidade do produtor e da propriedade.
O projeto deve ser desenvolvido de acordo com a realidade da fazenda e da cultura a ser irrigada. Poderá ser um pivô de 360º graus ou só um pivô parcial, lateral móvel, ou outros. O equipamento deve ser 100% customizável, isso vai desde como será a captação de água, o armazenamento do recurso natural, como também os equipamentos de distribuição da água. Como no Brasil chove muito, mas não de maneira muito bem distribuída, é preciso pensar em formas de utilizar a água de forma eficiente durante o ano todo.
Armazenando a água
Em um projeto de irrigação pensar na armazenagem da água é muito importante, principalmente em regiões onde a manancial ou o lençol freático possuam alguma limitação ou também em situações onde o rio no qual será feita a captação é mais suscetível à estiagem ou à seca. Nessas condições aparece a necessidade do reservatório. Independentemente de estar irrigando ou não, ele servirá como um “pulmão” para a irrigação.
O primeiro passo é se trabalhar em função da outorga do uso da água. Para isso é necessário realizar um levantamento hidrológico e hidrogeológico. O produtor que deseja fazer um projeto de irrigação, deve procurar técnico ou empresa capacitados para projetar todo o sistema, determinando a vazão e qual a quantidade de água que precisará, bem como o tamanho ideal do reservatório. Existem técnicos e empresas especializadas nesse ramo. Lembre-se: pouco adianta o produtor ter um sistema de irrigação de última geração (pivô, aspersão o gotejamento) e não ter água. Esse reservatório deve ser muito bem dimensionado para garantir a água necessária à cultura nos momentos de escassez. A conta geralmente é a seguinte: o profissional vai pegar o volume de água que o sistema utiliza diariamente e vai calcular isso sobre o período máximo que ele pode ficar sem captar água. Com base nessas informações poderá dimensionar o volume útil de água necessário no reservatório.
Programação remota é sinônimo de economia
Outra forma de economizar com os gastos de energia é otimizando a irrigação nas lavouras, fornecendo água para as plantas somente na quantidade necessária no local correto. Para isso, atualmente existe tecnologia de gerenciamento remota totalmente integrada ao sistema que possibilita ao produtor monitorar a irrigação, aumentando a produtividade e utilizando melhor os recursos naturais.
A ferramenta permite a visualização e controle dos sistemas praticamente de qualquer lugar. A partir de um acesso remoto, seja por smartphone ou tablet, a ferramenta possibilita a criação de planos de irrigação de taxa variável, que define paradas e lâminas, cria relatórios de uso, monitora o desempenho e os ganhos em toda a operação e ainda passa atualizações e alertas em tempo real do funcionamento do equipamento. Com essa ferramenta, o produtor consegue programar os horários de funcionamento do equipamento. Assim, o sistema vai desligar e religar automaticamente fugindo dos horários onde a cobrança de energia é mais cara. Outra vantagem é que ao fazer uma programação ele vai saber quanto tempo o pivô vai levar para fazer a operação e o sistema fornece isso de forma automática, resultando em um planejamento muito melhor da operação. Também é possível ter um controle preciso e o histórico de quando o equipamento funcionou. Isso é muito útil para comprovação em casos de cobrança indevida de energia pela concessionária por uso em horário não permitido.
Através do controle do sistema, essa tecnologia é capaz de mostrar o total de horas que o equipamento passou irrigando. Munido desses dados, o produtor pode rever os contratos que tem com o fornecedor de energia. Muitas vezes é possível ter até abatimentos, reduzindo ou renegociando a demanda de energia contratada disponível para utilizar o sistema.
Energia solar
E nesses dias de energia elétrica cada vez mais cara, tendo condições financeiras, vale à pena o produtor pensar na instalação de um sistema de captação solar, visando garantir energia para o seu sistema de irrigação e, melhor ainda, energia barata. Então, tendo condições financeiras, quando se pensar num projeto de irrigação, não podemos esquecer de um sistema de energia solar.
Realizando um bom projeto e aplicando manejo adequado do equipamento com a tecnologia correta, é possível economizar energia e água, dois recursos importantíssimos na atualidade. A tecnologia disponível nos dias de hoje proporciona simplificar as decisões, oferecendo recomendações de quando, onde e quanto irrigar, otimizando o uso da água em função da atual crise hídrica ou oferta restrita de água. Fornecendo a recomendação correta, o produtor vai aplicar realmente a quantidade de água necessária, sem desperdícios, mantendo a umidade do solo necessária para a planta, permitindo-se programar a ferramenta para operar com uma limitação de oferta. Com tudo isso, o sistema vai escolher automaticamente os melhores momentos de realizar a irrigação para que a cultura não entre em estresse nos momentos mais sensíveis para a a plantação, garantindo água suficiente nos momentos mais importantes como florescimento e enchimento de grãos.
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