O consumo per capita destes produtos ainda é pequeno, mas a produção brasileira não atende ao mercado interno em ascensão
Por todo o país, podemos observar o aumento do número de restaurantes que preparam pratos à base de cordeiro. O consumo deste tipo de carne está começando a fazer parte até mesmo do tradicional churrasco dos brasileiros.
O leite de cabra também é muito utilizado na indústria de alimentos e na dermo-cosmética e o consumo de produtos à base de lã de carneiro, na região sul, aquece ainda mais este mercado, mas, ainda se trata de produtos de nichos de mercado.
O consumo per capita destes produtos ainda é pequeno, mas a produção brasileira não atende ao mercado interno em ascensão.
Para ampliar o rebanho nacional e atender a esta demanda crescente, é importante que a seleção de reprodutores, o manejo do rebanho e o melhoramento genético destas criações sejam feitos com acompanhamento sistematizado.
Em geral, a escolha dos reprodutores de ovinos e caprinos se baseia em características raciais feitas por meio de técnicas de observação aprendidas com a experiência e que não garantem a qualidade genética do animal, nem a de seus descendentes.
Soluções tecnológicas para o aprimoramento do rebanho
A Embrapa Caprinos e Ovinos em Sobral (CE) mantém o Programa Nacional de Melhoramento Genético para Caprinos e Ovinos com recomendações e ferramentas para alavancar a produção.
Raimundo Lobo, pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos, explica que o Programa presta assessoria aos criadores na escrituração zootécnica de seus rebanhos, gerando informações seguras e confiáveis que auxiliam na escolha e na seleção de seus animais.
Com a inserção dos dados dos animais no programa, a equipe do Genecoc, gera resultados de avaliações genéticas com características produtivas e reprodutivas, disponibilizadas na forma de Diferenças Esperadas na Progênie (DEP’s), como as que são utilizadas nos rebanhos de gado de corte e de leite.
A DEP é uma previsão da capacidade de um animal em transmitir os genes que afetarão o desempenho de sua descendência em uma determinada característica. Diferenças esperadas de progênie são usadas para comparar animais, dentro de uma raça, quanto ao desempenho de suas futuras progênies.
Para Viviane Martha, zootecnista da Embrapa Produtos e Mercado, unidade responsável pela comercialização e inserção de tecnologias produtos e serviços da Embrapa no mercado, o uso do Genecoc permite ao criador de ovinos e caprinos ter segurança na escolha dos animais, desde que ele tenha bem definido os objetivos e os critérios de seleção para o seu rebanho e utilize as DEP’s na tomada de decisão.
Benefícios do GENECOC no melhoramento genético
Os benefícios com a utilização do Genecoc vão desde o conhecimento genético do rebanho, com a identificação de animais superiores, até benefícios produtivos, reprodutivos e econômicos.
Segundo seus desenvolvedores, com o uso correto do Programa, o criador consegue a redução de custos, suporte técnico para eliminação de animais que não correspondem às melhorias do manejo, adaptação ambiental de acordo com o nível de exigência dos animais, melhoria na competitividade, retorno do investimento(entre 15 a 235%), aumento do valor dos animais na comercialização e aumento no ganho genético anual entre 2% e 10%.
Os pesquisadores ainda citam outros ganhos indiretos como: a integração entre rebanhoscapacitação contínua de todos os envolvidos no processo; maior contato com técnicos especializados em diversas áreas do conhecimento; pesquisa direta com informações próprias e conhecimento das inovações tecnológicas em primeira mão.
Uma das estratégias da Embrapa é disseminar o uso da ferramenta através de parcerias com associações de raças para que o maior número de criadores seja beneficiado.
A capacitação de criadores e técnicos da ABSI já teve início e abrange práticas de escrituração zootécnica, uso do sistema de gerenciamento de rebanhos e das ferramentas para seleção e cruzamentos, além da coleta de dados e inserção das informações no Genecoc, conforme padrões exigidos pelo sistema.
A seleção genética pode mudar a realidade dos criadores de ovinos e caprinos, porque a partir da análise das informações inseridas no Genecoc, as associações de raça, podem elaborar catálogos anuais com resultados das avaliações genéticas dos rebanhos (as DEP’s), que orientam na escolha dos reprodutores.
Finalmente, com o melhoramento genético e o aumento da produção, o produtor poderá abastecer melhor o mercado interno, o consumidor poderá ter acesso a estas opções de consumo de carne e derivados, os chefs de cozinha poderão incrementar suas receitas, tudo isso com preços mais competitivos.
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