Para garantir colmeias populosas, saudáveis e produtivas, os apicultores devem fundamentar seu trabalho em alguns pilares que, quando trabalhados de forma adequada e integrada, geram bons retornos financeiros
O primeiro pilar, fundamental, é o conhecimento sobre as abelhas: para ser um apicultor de sucesso é preciso aprender o máximo sobre este ser maravilhoso e sua comunidade complexa, seu comportamento e seu papel na natureza.
Dessa forma, o apicultor será capaz de tomar decisões que visem à melhoria de sua produção. Vamos apresentar outros pilares que devem ser considerados na criação e produção de mel.
Flora apícola – Floradas
A diversidade e abundância da flora apícola, composta pelo conjunto de plantas que fornecem recursos às abelhas, como néctar, pólen e resinas, representa um dos principais aspectos a serem considerados na montagem de um apiário. Esses recursos não só influenciam a produção de mel, mas também contribuem para a saúde e o bem-estar das colônias de abelhas. A variedade de espécies fornecedoras de néctar e pólen, assim como, sua densidade e a distância de ocorrência em relação ao apiário são fatores fundamentais para se obter uma boa produtividade.
Apesar das abelhas terem a capacidade de coletar alimento com grande eficiência a uma distância de 2 a 3 Km ao redor do apiário, quanto maior a proximidade da fonte de alimento, maior será a produção. Essa flora é característica de cada região e varia conforme as condições de clima e solo. A flora disponível pode ser natural (capoeira, matas nativas, etc.) ou proveniente de culturas agrícolas (citrus, girassol, etc.) e reflorestamentos da indústria de madeira e papel (as várias espécies de eucalipto por exemplo).
Conhecer as plantas visitadas pelas abelhas na área disponível para a criação e identificar os períodos de florescimento das principais espécies são passos fundamentais. Isso permite ao apicultor programar adequadamente as atividades de manejo das colônias.
Exemplos da flora
Angico-de-bezerro
Nome científico: Pityrocarpa moniliformis
Família: Fabaceae
Nomes comuns: angico-de-bezerro, catanduva, rama-de-bezerro, carrasco.
Características: o angico-de-bezerro é uma árvore de porte médio, de ocorrência natural no nordeste,
especialmente em regiões de caatinga. Essa espécie floresce geralmente entre os meses de dezembro a abril (estação chuvosa) e é bastante visitada por abelhas para coleta de néctar e pólen. É considerada uma espécie importante da flora apícola do Nordeste por contribuir significativamente para a formação do mel da região.
Assa peixe
Nome científico: Vernonia polysphaera
Família: Asteraceae
Nomes comuns: assa peixe, assa peixe branco, chamarrita, mata campo, cafera, estanca sangue, erva preá, cambará guassu, cambará branco
Características: é uma planta nativa muito comum em pastagens abandonadas, muito comum
em áreas ruais, principalmente na faixa litorânea entre Bahia e Santa Catarina, cujas folhas e raízes são usadas na medicina popular como expectorante e estão na fórmula de vários xaropes. Floresce durante os meses de janeiro a abril e tem excelentes qualidades apícolas como boa fornecedora de néctar e pólen. O mel é claro e translúcido, saboroso e leve como o da flor de laranjeira. Seu consumo diário pode ser um grande aliado dos portadores de doenças crônicas do trato respiratório como bronquite e asma.
Astrapéia rosa
Nome científico: Dombeya wallichii
Família: Malvaceae
Nomes comuns: dombeia, assônia, astrapéia, astrapéia pendente e pink ball
Características: árvore de pequeno porte, rústica, exótica, originária de Madagascar, se destaca como
importante fonte de alimentação para abelhas durante o inverno no Brasil quando floresce de junho a agosto. Além de fornecer mel em tempo de escassez sustentando bem as coLônias, funciona bem como quebra vento protegendo os apiários. Não é indicada para produção comercial de mel pois a concentração de açúcares em seu néctar é baixa.
Bamburral
Nome científico: Mesosphaerum suaveolens
Família: Lamiaceae
Nomes comuns: bamburral, mentrusto, cheirosa, erva-canudo, chá-de-frança, betônia.
Características: é uma planta subarbustiva, anual, aromática, que ocorre do México até sul do Brasil,
geralmente em formações campestres. É considerada planta invasora em áreas agrícolas, muito frequente em pastagens. Floresce de dezembro a abril. O bamburral é bastante visitado por abelhas Apis mellifera e abelhas nativas sociais e solitárias para coleta de néctar e pólen, sendo considerada uma espécie importante da flora apícola, especialmente na região nordeste do Brasil. O mel apresenta coloração clara, baixa viscosidade, bastante aromático, de sabor equilibrado e suave, com levíssima picância, ideal para adoçar, no café da manhã ou na harmonização com pratos e saladas.
Bracatinga
Nome científico: Mimosa scabrella
Família: Fabaceae
Nomes comuns: bracatinga, abracaatinga, bracatinho e paracaatinga
Características: árvore nativa perenifólia do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, ocorrendo
até São Paulo em floresta de araucária. Florescimento de junho a setembro. Nos meses de frio no sul, essa leguminosa é a única espécie que fornece pólen e néctar em abundância, sendo portanto de grande utilidade para apicultura. Por ser altamente melífera é muito visitada por abelhas dos gêneros Apis e Trigona, que polinizam suas flores na busca de mel. O mel da flor de bracatinga é raro e de paladar amargo, porém extremamente medicinal. A espécie também produz o chamado mel de melato, excreções em forma de líquidos açucarados, de um grande número de espécies de homópteros que vivem como parasitas sugadores da seiva elaborada do floema das plantas. Estes líquidos açucarados são procurados e colhidos pelas abelhas como se fossem néctar e passam pelos mesmos processos enzimáticos. O produto final, entretanto, é diferente nas suas propriedades físico-químicas e constitui o mel de melato, que é produzido de dois em dois anos, época que corresponde ao ciclo da cochonilha (inseto produtor da excreção).
Cambará
Nome científico: Moquiniastrum polymorphum
Família: Asteraceae
Nomes comuns: cambará, candeia, cambará-de-folha-grande, cambará-do-mato e cambará-guacú
Características: é uma árvore pequena e robusta, e muito melífera, nativa da América do Sul, variando
do nordeste ao su e centro-oeste do Brasil. Possui folhas simples e flores em tom pastel, do bege para o branco. As flores possuem um acentuado aroma de mel e são visitadas por abelhas e borboletas durante a floração que ocorre de dezembro a fevereiro. O el de cambará é muito apreciado no mercado consumidor pelo seu aroma e sabor.
Cipó uva
Nome científico: Serjania lethalis
Família: Sapindaceae
Nomes comuns: croapé, cipó-três-quinas, cipó-timbó, timbó, cipó-cururu, cipó-uva silvestre, mata-fome
Características: é uma trepadeira lenhosa, nativa, encontrada em todas as regiões do Brasil, sendo associada há vários biomas, muito utilizada na apicultura. A floração ocorre de agosto a novembro. Produz mel amarelo muito claro (um dos mais claros que existem) variando de acordo com a região e o clima, com textura, sabor e aromas suaves. A planta é muito visitada por abelhas com e sem ferrão.
Citros
Nome científico: Citrus sp.
Família: Rutaceae
Nomes comuns: laranjas, limões, tangerinas, etc.
Características: árvore com 3 a 10 m de altura, algumas com espinhos. Apresentam flores extremamente melíferas, incluindo-se nesse grupo
as laranjas, mexericas e limões. São considerados as frutas mais produzidas no mundo. As plantas cítricas quando cultivadas em clima subtropical apresentam de 2 a 5 fluxos de crescimento durante o ano. O fluxo de primavera, que ocorre do final de julho a meados de setembro, após o repouso fisiológico, é o precursor da principal florada dos citros. Já em regiões de clima tropical (mais quentes), o crescimento e o florescimento podem ocorrer durante todo o ano. O perfume e abundância de néctar de suas flores são muito atrativos para as abelhas. Trata-se de um mel coletado normalmente em regiões onde os laranjais são abundantes. É usado como adoçante em uma variedade de alimentos e bebidas e também é apreciado puro. De sabor intenso, de coloração âmbar claro e aroma cítrico característico, é conhecido por suas propriedades antibacterianas e acredita-se que tenha vários benefícios para a saúde, como reduzir a inflamação e melhorar a digestão.
Eucalipto
Nome científico: Eucalyptus sp. (várias espécies)
Família: Myrtaceae
Nomes comuns: eucalipto, eucalipto-comum, calipse e calipes
Características: Existem centenas de espécies de eucalipto, todas originarias da Oceania. A árvore
pode atingir 55 m de altura. Produz uma grande quantidade de flores ricas em néctar, sendo muito importante na atividade da apicultura. Multiplica-se por sementes e estacas. A floração varia em cada espécie. Plantar uma combinação de espécies permitirá ao apicultor ter floração o ano todo. Produz um mel de cor âmbar claro a escuro dependendo da espécie, com sabor intenso e único, rico em eucaliptina. Muito utilizado na medicina popular como expectorante e dilatador de bronquios.
Ingá feijão
Nome científico: Inga marginata
Família: Fabaceae
Nomes comuns: ingá-mirim, ingá, ingá-bainha, ingá-chinelo, ingá-facão, ingá-miúdo, ingá-peludo, ingá-amarela, ingazinho e ingaí
Características: árvore ou arvoreta perenifólia,
abundante nas margens de rios, sendo frequente nas formações secundárias (capoeiras e capoeirões), comum nas florestas semidevastadas. Ocorre em todas as regiões do país. É reputada como grande produtora de néctar e pólen, por isso muito procurada pelas abelhas. Floresce de novembro a fevereiro.
Jetirana
Nome científico: Ipomoea bahiensis
Família: Convolvulaceae
Nomes comuns: jetirana, campainha, corda-de-viola.
Características: é uma espécie rasteira ou trepadeira, que ocorre nas regiões norte, nordeste,
centro-oeste e sudeste, comum em áreas de pastagens, campos abertos e cercas, considerada planta invasora em áreas agrícolas. Apresenta flores grandes, de cor lilás, muito visitadas por abelhas Apis mellifera e abelhas solitárias para coleta de néctar e pólen. Floresce o ano todo. É uma planta muito importante para a manutenção e conservação das espécies de abelhas nativas. Machos de abelhas solitárias também as flores como abrigo durante a noite. O mel é de coloração dourada escura, com um aroma floral, viscosidade mediana, de sabor equilibrado e refrescante, rico em sais minerais, proporcionando um reforço ao sistema imunológico e fonte de energia diária, podendo ser utilizado no café da manhã, em chás, frutas e saladas.
Marmeleiro
Nome científico: Croton sonderianus
Família: Euphorbiaceae
Nomes comuns: marmeleiro, marmeleiro escuro.
Características: o marmeleiro é uma espécie de porte arbóreo-arbustivo que floresce no início do período chuvoso, no nordeste. É uma planta de
grande importância como fornecedora de néctar para as abelhas, especialmente na caatinga. Floresce de outubro a março dependendo da região. O mel proveniente de suas flores tem coloração marrom opaca, textura espessa, sabor com menos dulçor e mais amargor, com aroma suave muito apreciado pelos consumidores, o que favorece sua comercialização.
Mofumbo
Nome científico: Combretum leprosum
Família: Combretaceae
Nomes comuns: mofumbo, cipoaba e carne-de-vaca.
Características: o mofumbo é um arbusto ou árvore de pequeno porte que ocorre nos biomas
caatinga, cerrado, mata atlântica e amazônia. Seu florescimento ocorre de maio a setembro e suas flores amareladas e perfumadas são muito atrativas para as abelhas que as visitam principalmente para coleta de néctar.
Sabiá
Nome científico: Mimosa caesalpiniifolia
Família: Fabaceae
Nomes comuns: sabiá, unha-de-gato, angiquinho-sabiá e sansão do campo.
Características: o sabiá é uma árvore nativa da região nordeste, de pequeno porte e crescimento
rápido. Sua floração ocorre durante a estação chuvosa de outubro a março. É considerada uma excelente planta apícola fornecedora de néctar e pólen, de grande importância para a produção de mel de Apis mellifera e de abelhas nativas como tiúba (Melipona fasciculata), a jandaíra (Melipona subnitida) e a uruçu (Melipona scutellaris). O mel de sabiá é muito saboroso e em algumas regiões do nordeste essa planta é responsável por aumentar consideravelmente a produção anual de mel.
Materiais e equipamentos
No manejo das abelhas, são necessários diversos utensílios, equipamentos e materiais. Em sua maioria, são produzidos especificamente para a atividade, simplificando as tarefas e garantindo a segurança tanto do apicultor quanto das abelhas.
Mas é preciso ter uma atenção especial: o apicultor deve adotar prática adequada e a utilização correta de cada uma dessas ferramentas para assim assegurar a produção de produtos de qualidade superior.
Vamos conhecer alguns desses materiais básicos para iniciar-se na atividade:
Colmeias
As colmeias são as estruturas onde as abelhas vivem e produzem mel. Existem vários tipos de colmeias disponíveis, como a Langstroth, a Schenk, a Dadant, a Top Bar e as colmeias específicas para abelhas nativas sem ferrão.
É FUNDAMENTAL escolher o tipo de colmeia adequado às abelhas que deseja criar. No brasil se adota a comleia Langstroth como pardrão para a criação da abelha africanizada Apis mellifera. Para um apicultor iniciante, é recomendado adquirir colmeias prontas, já que a sua fabricação é complexa e exige bastante conhecimento relacionado a cada espécie de abelha, principalmente quando se trata de abelhas sem ferrão (meliponicultura). Aqui vamos nos atentar para a apicultura que é a criação de abelhas melíferas, no caso do Brasil, as abelhas africanizadas da espécie Apis mellitera.
Caixas de ninho e supers ou melgueiras
A colmeia padrão Langstroth é composta por uma caixa tipo ninho (24 cm de altura), duas caixas supers ou melgueiras (14,2 cm de altura). As caixas de ninho são onde a rainha põe seus ovos que gerarão as operárias, e as supers ou melgueiras são usadas para armazenar mel e pólen. Compõem ainda o conjunto, o fundo e a tampa. À colmeia podemos acoplar uma série de outros acessórios. Os principais são o redutor de alvado para diminuir a entrada de ar frio na colmeia durante o inverno ajudando a manter a temperatura interna ideal para desenvolvimento da colônia, tela excluidora que impede a rainha de passar para as melgueiras e fazer a postura nos quadros de armazenamento de mel e pólen, mantendo a rainha somente na caixa ninho, destinada à postura e criação das novas abelhas.
Outro acessório interessante é a tela de transporte, componente importante para movimentar as colmeias com segurança. Ela é usada para cobrir as aberturas da colmeia durante o transporte, evitando que as abelhas escapem durante o trajeto. Esse componente ajuda a evitar acidentes e mantém as abelhas confinadas com ar suficiente para mantê-las em boas condições de vida.
Muitos apicultores (normalmente os que trabalham com grande número de colmeias) usam as melgueiras com a mesma altura do ninho, para facilitar o manejo apícola com todas as caixas num mesmo padrão de medidas. Outros preferem utilizar as melgueiras convencionais de menor altura (meias-melgueiras), alegando menor peso para manuseio e maior rapidez na maturação do mel.
Quadros e acessórios para montagem
Os quadros são estruturas móveis que se encaixam nas caixas de ninho, onde a rainha faz a postura para a geração de novas abelhas (a criação propriamente dita), e melguerias, onde as abelhas operárias constroem favos para armazenar mel e pólen (área de produção). Nesses quadros, o apicultor fixa lâminas de cera alveolada para indicar onde as operárias devem construir os favos de cria e de armazenamento de mel e pólen. Para fixar a Lâmina de cera no quadro é necessário esticar um arame que servirá de apoio à lâmina e um incrustrador elétrico para fixar essa Lâmina de cera nesse arame. Para fixar a lâmina de cera na haste superior do quadro se usa um caneco ou cadinho para derreter cera e soldá-la. O caneco para derreter cera de abelha é uma ferramenta essencial que facilita o processo de fixação.
Vestimenta de proteção do apicultor
O vestimenta é um equipamento de proteção fundamental para o apicultor. É formado pela máscara acoplada ou não a um chapéu, usada para cobrir o rosto e o pescoço, protegendo contra picadas de abelhas durante o manejo das colmeias, jaleco para cobrir os braços e tórax ou macacão que cobre além dos braços e tórax, as pernas do apicultor. Completa a vestimenta, as luvas e as botas de borracha.
As abelhas podem se sentir ameaçadas quando a colmeia é aberta e podem reagir picando para defender sua casa. A máscara impede que as abelhas entrem em contato direto com a pele do rosto e evita picadas dolorosas. Também ajuda a manter a calma das abelhas durante o manejo. Quando as abelhas percebem que não podem acessar o rosto do apicultor, elas tendem a ficar menos agitadas e agressivas. Isso torna o trabalho no apiário mais seguro e tranquilo. A máscara deve estar provida de uma armação rígida que mantenha a tela sempre afastada do rosto do apicultor e um prolongamento de tecido provido de um cordão para amarrá-la à gola do macacão vedando a passagem das abelhas. Normalmente os jalecos já vêm com a máscara acoplada, tudo formando uma só peça. Na parte inferior do jaleco também deve estar equipada com um passador para cordão que fará o fechamento correto impedindo a passagem de abelhas.
Dá-se preferência às cores claras como o branco e o amarelo. As luvas mais adequadas são as de napa com prolongamento (cano longo) em tecido grosso claro com elástico nas extremidades. A parte da calça do macacão e as mangas (tanto do macacão ou jaleco) também devem estar equipadas com elásticos nas extremidades. Tanto o jaleco como o macacão devem estar providos de zíperes de boa qualidade para facilitar a vestimenta e retirada. As botas devem ser de borracha ou PVC, de cano longo ou meio cano. As calças devem envolver as botas com o fechamento correto dos elásticos nas extremidades. Dê preferência a botas de cor branca.
Fumigador
O fumigador é uma ferramenta usada para liberar fumaça na colmeia antes de inspecioná-la. A fumaça acalma as abelhas e as faz se alimentar, tornando-as menos propensas a picar. A fumaça mascara os feromônios de alarme emitidos pelas abelhas, tornando-os menos detectáveis para as companheiras. Isso impede que as abelhas se organizem em uma resposta defensiva coordenada. Junto com a vestimenta, é um equipamento imprescindível para o apicultor manejar com segurança as colônias de abelhas africanizadas.
Formão de apicultor
O formão é como uma extensão da mão do apicultor, sendo importante desde o início do trabalho. Se usa para tirar o telhado de proteção, abrir as tampas das colmeias, algumas muito propolizadas, e afastar os quadros que também normalmente estão colados com muito própolis. Por isso a necessidade de um formão de boa qualidade e resistente. A parte menor atua como uma alavanca entre os quadros para separá-los e em muitos casos ainda usa-se a ponta da ferramenta para limpar a solda de própolis. Também o apicultor usa para raspar cera e própolis das tampas, quadros e onde for necessário para limpar e cuidar da manutenção da colmeia.
Esse trabalho de limpeza das colmeias ao revisar as colônias, pode render uma quantidade significativa de cera e própolis, por isso é bom ter um bolso grande ou um outro recipiente para guardar esses produtos da colmeia.
Espanador
O espanador é uma ferramenta indispensável para o apicultor. Projetada para manejar colmeias com precisão e cuidado, este instrumento combina
eficiência com materiais duráveis para garantir um manejo seguro das abelhas sem feri-las e estressa-las. São os feitos de crina ou sintéticos, esses últimos mais mais leves e macios, melhores para trabalhar, pois irritam menos as abelhas.
Pegador de quadros
A ferramenta serva para agarrar pelo dorso os quadros, facilitando muito o trabalho no apiário, principalmente em relação ao quadros mais pesados. Com ele o apicultor pode utilizar o formão para desencrustar a cera e própolis dos quadros, facilitando sua retirada com o uso do pegador. Ideal para vistoriar os quadros de cria (ou ovos), checar se o enxame tem rainha, como estão os favos de mel, se estão operculados ou não, checar a postura e sacar os quadros carregados de mel, tornando a
remoção de quadros pesados mais fácil e segura. Evita a quebra dos sarrafos, que se dilaceram ou se despregam quando forçados em um só sentido.
Equipamentos de beneficiamento
Depois da colheita dos favos de mel, o apicultor inicia uma fase de grande importância para a apicultura, quando a combinação de cuidados higiênicos necessários à manipulação de alimentos, com eficiência e criatividade no processamento e comercialização, garantirá a rentabilidade do seu negócio. Um dos momentos mais críticos da atividade é, sem dúvida, a extração e o envasamento, atividades que estarão presentes em qualquer tipo de empresa apícola, das quais depende, em grande parte, a qualidade do mel. O processamento básico do mel após a colheita passa pela desoperculação dos favos, centrifugação, peneiramento ou coagem, decantação e por fim o envase para comercialização. Esse processo exige equipamentos adequados os quais serão expostos a seguir.
– Garfo desoperculador(H5)
O garfo desoperculador serve para remover os opérculos que cobrem os alvéolos dos favos de mel maduros. As abelhas quando enchem um alvéolo com mel, esse mel ainda tem uma grande percentagem de água (chamado mel verde) e não é próprio para coleta. Esta água, com o auxilio do calor da colmeia e o trabalho de asas das operárias
evapora, quando chega a uns 18% de água (chamando mel maduro) ele fica mais espesso e as abelhas fecham os alvéolos cobrindo-os com uma fina camada de cera, o opérculo. Quando se colhe o mel, é necessário retirar esses opérculos para que o mel escorra dos favos por centrifugação. Esta remoção chama-se de desoperculação e faz-se com a ajuda de um garfo desoperculador.
– Mesa deoperculadora
Os favos de mel terão os opérculos retirados com o garfo desoperculador, que tem, nas extremidades, hastes metálicas pontiagudas, as quais fazem a perfuração e retirada dos opérculos. Isso é feito sobre a mesa desoperculadora, uma estrutura em aço inoxidável, em forma de tanque, com largura igual ao comprimento dos quadros, com local para fixação deles. O mel escorrido não se perde, sendo retirado, no fundo, por um dreno lateral. A mesa também conta com um recipiente para os opérculos, feito de malha metálica de aço inoxidável, que permite o escorrimento e posterior recuperação do mel presente nessas estruturas.
– Centrífuga
A extração do mel é feita por um extrator de mel, conhecido como centrífuga, que é um equipamento fabricado em aço inoxidável, onde os favos, depois de desoperculados, são fixados em suportes radiais ligados a um eixo central. O movimento circular faz com que o mel se desprenda dos favos, saia dos alvéolos e escorra pelos favos, sendo lançado contra a parede do extrator, de onde escorre por gravidade até a parte inferior do equipamento, abaixo do suporte de quadros, de onde é coado e levado ou canalizado para o decantador.
– Peneira
É fundamental o apicultor possuir um kit de peneira inox, uma com tela fina (120 mesh) e outra com tela grossa (80 mesh). A peneira é projetada para filtrar e purificar o mel de maneira eficiente e higiênica. O uso do kit proporciona um duplo nível de filtragem para remover impurezas do mel.
– Decantador
Na decantação, são utilizados tanques decantadores, feitos em aço inox, que podem ser verticais ou horizontais e ter até 300 L de capacidade. Apresentam diferentes capacidades volumétricas, e são equipados com tampa e um registro tipo faca na tubulação de drenagem. Após o processo de repouso quando ocorre a decantação, a separação das impurezas por simples e natural processo de suspensão ou sedimentação por gravidade. O mel puro está pronto para o envase, oferecendo um produto final de qualidade superior para o consumidor.
A montagem do apiário
Para que o apicultor consiga obter elevada produtividade e sucesso na atividade apícola é fundamental a escolha cuidadosa do local onde o apiário será instalado, levando em consideração fatores como: flora apícola, proximidade de fontes de água, segurança das abelhas e das pessoas, sombreamento, acesso, topografia e proteção contra ventos e inundações.
Localização
O sucesso da atividade apícola depende da escolha de locais adequados para os apiários e da correta instalação das colmeias. O local disponível para a criação de abelhas deve proporcionar condições para o desenvolvimento e produção das colônias.
O terreno deve ser bem drenado e protegido de ventos fortes, com acesso fácil para manejo e a disposição das colmeias deve permitir boa ventilação e espaço para o trabalho, evitando aglomerações que possam estressar as abelhas.
É crucial considerar a orientação das entradas das colmeias para o norte ou nordeste, aproveitando a luz solar matinal. Além disso, é fundamental garantir que a área seja livre de pesticidas e monitorar a saúde das colmeias regularmente para prevenir doenças e ataques de predadores.
Vamos nos aprofundar um pouco mais sobre alguns aspectos importantes:
Instalação
Após a escolha do local adequado para a instalação do apiário, que deve ser sombreado visando evitar os efeitos nocivos das altas temperaturas em relação à qualidade do mel e ao desenvolvimento normal das crias e no conforto térmico do apicultor durante o manejo das colmeias. De preferência, este sombreamento deve ser natural.
Outro ponto importante é escolher um local com fácil acesso, que possibilite aproximação de veículos para manejo e transporte das colmeias e da produção. O terreno deve ser preferencialmente plano, com levíssima inclinação o que facilitará o escoamento das águas evitando-se inundações e o facilitando o deslocamento do apicultor na área. Devem-se evitar locais muito úmidos e com solo de pouca rigidez, que dificultem a fixação adequada dos cavaletes (suporte) e possa consequentemente provocar o tombamento das colmeias. Outro detalhe é evitar a instalação muito próxima de cursos d’água que extravasem com frequência evitando-se prejuízos com enxurradas e inundações.
A proteção contra ventos fortes é fundamental para maior produtividade do apiário, pois ventos fortes dificultam o voo das abelhas, resfriam a colmeia, fator limitante em regiões de clima frio e ressecam o néctar das flores. Caso não seja possível evitar estes locais o apicultor pode usar quebra ventos naturais (árvores) ou artificiais (cercas de bambus, etc.).
A presença de água é fundamental para a manutenção das colônias, uma vez que ela será usada para a manutenção do micro clima interno da colmeia. Em períodos e em regiões de clima quente, a água é coletada pelas abelhas, levada para o interior da colmeia e pela evaporação, provocada pelo batimento de asas de algumas operárias, a umidade relativa irá subir e consequentemente a temperatura irá baixar. A água disponível deve ser pura e limpa e estar a uma distância de no máximo 500 metros do apiário. Distâncias maiores que 500 Metros causarão um grande desgaste nas operárias coletoras e podem levar o enxame a abandonar a colmeia.
Se não houver fonte de água natural e de boa qualidade (rios, nascentes, lagoas, etc.) próximo ao apiário será necessário a instalação de um bebedouro artificial. Existem inúmeras possibilidades da utilização de materiais alternativos na construção desses bebedouros, que não poderão estar contaminados com resíduos químicos, que possam vir a contaminar a água armazenada. Outro ponto recomendável é que seja qual for o sistema escolhido, se evite a contaminação da água pelo depósito de matéria orgânica (folhas, gravetos, terra, etc.), o acesso por outros animais, como roedores e a mortalidade de abelhas, pelo afogamento das mesmas. Nesse caso, podem-se utilizar materiais inócuos, como pedras que servirão de base de apoio para as abelhas no acesso ao reservatório de água.
Esse bebedouro deve ser mantido sempre limpo, e com a água trocada regularmente. O bebedouro ideal será aquele que as abelhas tenham fácil acesso e sem competição e mortalidade, que a água esteja protegida evitando-se sua contaminação e excessiva perda por evaporação, e que seja de fácil limpeza. A quantidade de água fornecida deverá levar em conta, a população de abelhas do apiário e as condições ambientais do local.
Escolhida a área observando-se todos os detalhes anteriores, o passo seguinte é o preparo do local para receber as colmeias já povoadas, garantindo condições ideais para o desenvolvimento saudável das abelhas e a produção de mel de qualidade. A área deve ser limpa, por meio da realização de capinas e retirada de galhos, pedras ou outros materiais que possam interferir na instalação das colmeias, no acesso e locomoção do apicultor na área. Também devem ser retirados materiais que possam abrigar ou facilitar o acesso de inimigos naturais das abelhas, como formigas, por exemplo. Além disso, é recomendável realizar a roçada no entorno do apiário e das vias de acesso, para maior segurança e facilidade de deslocamento do apicultor.
Após a limpeza do terreno, a etapa seguinte é a instalação dos cavaletes ou suportes para as colmeias. Existem diferentes modelos de cavaletes, que geralmente são confeccionados em metal, madeira ou alvenaria. É muito usado, como cavalete individual, com eficiência e economia, um tronco ou cano com uma cruzeta, um cone protetor cheio de óleo queimado para impedir ataques de formigas e um segundo cone, invertido, para evitar a queda de abelhas e água da chuva dentro do cone com óleo. Existem também os cavaletes coletivos, sempre lembrando que nesse caso é importante manter uma distância de pelo menos 2 m entre uma colmeia e outra. Independente do modelo escolhido, o apicultor deve considerar os seguintes aspectos para a instalação dos cavaletes na área do apiário.
- O cavalete deve ser instalado de forma que fique bem firme no terreno, para evitar o tombamento das colmeias e deve permitir que a base (ou fundo) da colmeia fique a uma altura de 40 a 50 cm do solo, para facilitar o trabalho do apicultor no manejo das colônias e que estas não fique em contato direto com o solo, pois a umidade diminuirá a durabilidade das colmeias de madeira.
- Posicionar o cavalete de forma que a colmeia fique levemente inclinada para a frente, para evitar a entrada e o acúmulo de água (por ocasião das chuvas) no interior da colmeia.
- Se possível, utilizar cavaletes com estratégias para evitar o acesso de inimigos naturais à colmeia, como protetores contra formigas.
- Como mencionado anteriormente, vale a pena lembrar, é muito importante considerar a orientação das entradas das colmeias para o norte ou nordeste, aproveitando a luz solar matinal.
- Havendo possibilidade financeira e disponibilidade de material, a pavimentação com um piso de concreto ou uma camada de brita ao redor dos cavaletes, com pelo menos 1,50 para frente e para a parte dos fundos das colmeias seria muito útil para ter essa área sempre limpa e livre, o que facilitaria a manutenção, o voo da abelhas sem obstáculos e o manejo do apiário. Outra vantagem dessa medida é que os apicultores poderão aproximar-se por trás das colmeias de forma segura e tranquila, sem movimentos bruscos, de forma a não colocar em alerta as abelhas guardiãs que estão de sentinela na entrada das caixas, além de não prejudicar o voo das campeiras em sua intensa entrada e saída das colmeias.
- No interior do apiário, é importante estabelecer um carreador central com largura satisfatória para circulação de um carrinho de transporte de material se necessário. Por fora, nos fundos do apiário, o acesso também deve ser facilitado para a circulação de um veículo de carga de porte médio pelo menos.
A quantidade de colmeias a ser instalada por apiário vai depender do potencial da flora apícola do local. No entanto, mesmo que o local apresente grande quantidade de plantas apícolas no entorno, o recomendável é manter de 25 a 30 colmeias por apiário, pois acima dessa quantidade haverá maior dificuldade de manejo das mesmas.
Recomenda-se também que a distância entre apiários seja de, no mínimo, 3 Km, para evitar a competição entre as colônias pelos mesmos recursos. O apiário deve estar localizado a uma distância mínima de 400 m de currais, aviários, pocilgas, apriscos, casas, escolas, igrejas, estradas movimentadas e outros, evitando-se situações que possam levar perigo às pessoas e animais. Outra questão a ser considerada é a distância mínima de 3 Km em relação a engenhos, sorveterias, fábricas de doces, aterros sanitários, depósitos de lixo, matadouros, etc. de forma a evitar a contaminação do mel por produtos indesejáveis.
Na área do apiário, as colmeias, de preferência, deve ser dispostas em linhas, assim todas poderão estar voltadas para a mesma direção aproveitando a luz matinal e de forma a atender as seguintes recomendações:
- Respeitar distância mínima de 2 m entre colmeias.
- Aproveitar o sombreamento natural tanto quanto possível, especialmente em locais de clima quente.
- Respeitar a linha de voo das abelhas, ou seja, posicionar as colmeias de forma que os alvados não fiquem direcionados entre si.
- Dispor as colmeias de forma a permitir a aproximação de veículos.
- Em locais de ocorrência de ventos fortes, posicionar as colmeias nas proximidades de vegetação que atuem como quebra-ventos.
Pintura das colmeias
Pintar uma colmeia é simples se você se lembrar deste princípio básico: pinte somente o exterior da colmeia e deixe o interior onde as abelhas vivem sem pintar, para evitar problemas de intoxicação das abelhas e dos produtos pela tinta, e para manter a porosidade interna da madeira, que é muito importante no controle da umidade no interior da colmeia. Embora não seja necessário pintar a colmeia, e algumas pessoas optam por não fazê-lo, pintar uma colmeia ajudará a resistir aos elementos e durar mais. A tinta ajuda a proteger as partes da colmeia de madeira da chuva, neve, sol e outros elementos climáticos.
Não é recomendável pintar as colmeias com tintas convencionais, nem terem como telhados produtos confeccionados com amianto ou outro material poluente. O indicado para pintura são tintas à base de óleo vegetal, própolis ou similares. Alternativas à pintura são revestir a caixa com parafina ou envernizá-la também com produtos ecológicos atóxicos a base de própolis, garantindo o bem estas das abelhas.
Para melhor proteção contra intempéries e aumentar a durabilidade da colmeia, recomenda-se ainda revesti-la com um eco primer externo para madeira, a base de água, antes de aplicar a tinta também ecológica. A cor do primer não é importante, mas o primer é importante para selar e proteger a madeira, ajudando a camada final de tinta a aderir melhor resistir à umidade e ao mofo. Esses eco primers são atóxicos, biodegradáveis e deixam a superfície catiônica, o que impede proliferação de ácaros e fungos. Normalmente esses produtos têm alto rendimento e o apicultor ganha muito tempo na impermeabilização da colmeia, pois a secagem é rápida (em média 2 a 6 horas).
Ao escolher uma cor de acabamento, o branco é a cor clássica para uma colmeia, mas quase todas as cores funcionam, de preferência mais claras (amarela, bege, rosa, azul-claro, verde-claro, etc.), evitando-se o preto ou outra cor muito escura porque essas tonalidades podem fazer com que a colmeia fique muito quente no sol de verão, dependendo da localização (embora alguns apicultores em climas mais frios pintem suas colmeias de escuro por este motivo!) e também costumam deixar as abelhas mais agressivas. É importante lembrar que tanto o verniz, o primer ou a tinta, todos ecológicos, devem ser para aplicação externa.
Uma coisa a se considerar ao escolher a cor para pintar uma colmeia é se você deseja ou não que a colmeia se misture ao ambiente ou se destaque e seja notada. Se não quiser que seu apiário fique muito destacado da paisagem, evitando chamar a atenção de possíveis vândalos, poderá ser melhor pintar a colmeia com cores suaves ou cores que se misturem ao apiário. Esta ligeira camuflagem ajudará as colmeias a permanecerem despercebidas. Se isso não for importante para você, vá em frente e divirta-se com isso, seja criativo com as cores e os padrões, as abelhas não vão se importar, pelo contrário, a variação de cores ajudará as abelhas a não errarem de casa quando voltarem carregas do campo, pois terão facilidade de identificar a sua colmeia de origem. Para isso alterne as caixas com cores diferentes, fazendo com que cada colmeia tenha uma aparência diferente uma das outras. Isso facilitará os voos de ensaio das operárias estreantes no trabalho de campo de identificação da sua residência.
Cercamento do apiário
O cercamento de apiários é uma prática essencial para garantir a segurança de pessoas e animais, bem como para proteger as próprias abelhas e suas colmeias. As abelhas podem ser agressivas quando sentem que a colmeia está sob ameaça e suas picadas podem causar reações alérgicas em algumas pessoas.
Ao cercar o apiário, reduz-se o risco de encontros acidentais entre humanos e abelhas, protegendo a saúde e a segurança das pessoas. O cercamento também é importante para proteger animais domésticos e selvagens que possam se aproximar das colmeias. Curiosos ou inadvertidos, os animais podem perturbar as colmeias e, em resposta, as abelhas podem atacá-los. Isso não apenas coloca os animais em perigo, mas também pode resultar na destruição das colmeias.
Outro fator importante é que a presença de um cercamento dificulta o acesso não autorizado às colmeias, ajudando a prevenir roubos e atos de vandalismo. Colmeias e produtos apícolas têm valor econômico, e o cercamento dissuade potenciais infratores. Existem diferentes tipos de materiais e formas para construção de cercas e o apicultor deve decidir pela que achar melhor. Lembre-se de instalar uma porteira de boas dimensões que permita acesso de material, equipamentos e uma carretinha.
Sinalização é outro aspecto importante que deve estar atrelado ao cercamento do apiário. por isso para alertar as pessoas sobre o risco de se aproximarem das abelhas, aconselha-se a colocação de placas de aviso próximas ao apiário.
Povoamento das colmeias
Povoar um apiário significa obter os enxames que serão acondicionados em colmeias, o que deve ser realizado, preferencialmente, nos meses de floração das plantas. Isso é essencial para garantir que as abelhas tenham acesso imediato a uma fonte abundante de alimento, favorecendo um estabelecimento mais rápido e saudável das colônias.
Há diferentes formas de obtenção de enxames, como por exemplo:
- Captura de enxames em voo: com emprego de caixas-iscas, de papelão, madeira ou outro material, previamente preparadas e instaladas em local estratégico, para atrair e capturar enxames que estão se deslocando de um local para outro.
- Captura de enxames alojados em ocos e galhos de árvores, fendas de pedras, telhados, assoalhos, muros e outros: requer treinamento e experiência a fim de evitar perda dos enxames ou acidentes com animais e pessoas por falhas cometidas durante a captura.
- Divisão de colônias: com parte das abelhas operárias e das reservas de alimento transferidas de colmeias fortes e populosas para ninhos vazios, devidamente preparados, dando origem a novas colônias.
Gestão das atividades apícolas
Cada colmeia é uma “fábrica” de diversos produtos (mel, pólen, cera, própolis, geleia real e apitoxina) e é também uma “prestadora de serviços de polinização” que gera retorno financeiro para o apicultor.
Quando uma colmeia morre, enxameia ou produz pouco, dificilmente cobrirá os custos do apicultor com a produção. Dessa maneira, para obter uma boa produtividade, é importante considerar uma programação anual de manejo. Assim, o apicultor poderá organizar melhor a gestão de suas despesas, receitas e de seu tempo de dedicação aos apiários.
DICA DE OURO! Existem diferentes períodos de floradas para os diferentes estados brasileiros e a construção de um calendário apícola com a previsão da época de realização das principais práticas é uma boa forma de gestão na apicultura para a produção de mel.
Manejo produtivo das colmeias
Práticas gerais de manejo produtivo requerem o fortalecimento de colmeias nos meses anteriores às grandes floradas, trocas anuais de rainha e trocas de ceras velhas e escuras. Apesar de mais frequentes durante as floradas, as revisões devem ser rápidas, cuidadosas e as colmeias não devem ser manipuladas excessivamente, pois se trata do período em que as operárias estão trabalhando intensamente no armazenamento de alimento, atividade que deve ser preservada.
No período de menor disponibilidade de flores no ambiente, conhecido como inverno ou entressafra, o manejo deve limitar-se principalmente à alimentação suplementar energética e/ou proteica para evitar que as colônias enfraqueçam demasiadamente.
É natural, nessa época do ano, que a população de abelhas diminua devido à escassez de alimento no campo. Ainda, em alguns municípios brasileiros, em razão do frio, é recomendado diminuir o alvado (utilizando-se o redutor de alvado). Os apicultores também devem realizar a retirada de melgueiras vazias, pois essa prática auxilia na regulação da temperatura interna do ninho pelas abelhas.
Cada colmeia é única e se desenvolve de acordo com sua aptidão e as relações que estabelece com o ambiente. Contudo, existem determinados comportamentos identificados nas colmeias que nos dão pistas de como elas estão se desenvolvendo e nos indicam quais decisões devemos tomar para mantê-las saudáveis, populosas e produtivas.
Com o quadro de tomada de decisões a seguir, espera-se que o apicultor se torne autônomo em suas decisões no momento de inspeção das colmeias.
Registro do apiário
As colmeias devem ser numeradas de forma progressiva para permitir os registros de produção individualizados. A numeração deve ser feita no ninho, em local de fácil visualização. O apiário também tem que ser identificado por número ou nome, para permitir a rastreabilidade da produção.
A área de entorno do apiário deve ser conhecida, devendo-se relatar a existência de culturas intensivas nas proximidades do apiário, principalmente quando se fizer uso de defensivos agrícolas na área. Para evitar o risco de acidentes, recomenda-se a prática de manejos especiais durante as pulverizações.
As colmeias ou os apiários também precisam ser marcados em caso de enfermidades. Nestas situações, o apicultor deve procurar ajuda técnica especializada para saber quais as medidas recomendadas para a situação.
Com esses passos e planejamento sendo seguidos, o apicultor terá grande chance de alcançar sucesso, construindo um negócio sustentável e rentável, gerando renda para si e para os envolvidos diretamente e indiretamente no empreendimento.