APICULTURA -  Como montar um apiário

Ilustração de uma lavoura de milho

A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) pode se desenvolver continuamente durante todo o ano, especialmente em regiões tropicais como o Brasil, em que as temperaturas são mais altas, possibilitando que seu desenvolvimento seja mais acelerado

A praga tem algumas estratégias para sobreviver na entressafra de milho:

  • Onde o milho é cultivado sazonalmente, em áreas isoladas, a migração de longa distância parece ocorrer, com as populações de cigarrinha indo para novas áreas de plantio através de vôos migratórios
  • Em áreas onde o milho é cultivado ao longo do ano, com irrigação ou onde há plantas espontâneas durante a entressafra, populações da cigarrinha permanecem na área e representam a principal fonte de insetos para a colonização de novos campos de milho que serão plantados nessa área

As doenças causadas pela praga decorrem de dois microorganismos da classe Molicutes (classe de bactérias que se distingue pela ausência de parede celular), comumente denominados molicutes, que são os agentes causais das doenças do milho denominadas enfezamentos: Spiroplasma kunkelli (enfezamento pálido) e Maize bushy stunt phytoplasma (MBS-fitoplasma) (enfezamento vermelho).

Plantas infestadas
Plantas infestadas
Má granação por causa de enfezamento do milho

Os principais fatores que influenciam a incidência dos enfezamentos são:

  • Taxa de infectividade das populações de cigarrinhas
  • O nível de resistência da cultivar de milho
  • A temperatura ambiente
  • Se há ou não fontes de cigarrinhas (como outras culturas próximas, plantas voluntárias de milho, etc.)

Controle químico da cigarrinha do milho

Insetos voadores transitórios, como é o caso da cigarrinha-do-milho, podem migrar de uma lavoura para outra, mesmo que estejam relativamente distantes. Nesses casos, o controle químico tem um histórico ruim, assim, na maioria das vezes, inseticidas simplesmente evitam o acúmulo de populações de insetos dentro de uma área. A maioria dos defensivos não mata um inseto imigrante antes que ele tenha uma chance para transmitir um patógeno.

Cigarrinha do milho (Dalbulus maidis)
Cigarrinha do milho (Dalbulus maidis)

Desta forma, se houver um campo próximo infectado com grande população de vetores, o tratamento com inseticida pode não ser muito eficaz na prevenção da infecção do complexo de enfezamento.

Melhores períodos para aplicação de inseticidas

Enfezamentos são doenças que precisam de um período de tempo relativamente longo para que os patógenos se multipliquem e causem danos, portanto, quanto mais tardia for a infecção das plantas, menores serão os prejuízos.

Uma estratégia com controle químico que pode funcionar, mesmo considerando esses comportamentos da cigarrinha-do-milho, é a aplicação de inseticidas em períodos específicos.

As aplicações de inseticidas dando proteção às plantas de milho em sua fase inicial (primeiros 30 ou 40 dias) são recomendáveis.

Outro manejo interessante é a pulverização ao final do ciclo do milho, diminuindo a população de cigarrinhas e, consequentemente, molicutes.

Planta comprometida
Planta comprometida

Tratamento de sementes

Esta estratégia reduz a população do inseto-vetor nos primeiros 30 dias de desenvolvimento da lavoura.

Em áreas com lavouras adultas perto de lavouras jovens ocorre a entrada contínua de cigarrinhas infectantes, reduzindo a eficácia do tratamento de sementes.

Controle biológico

Em áreas irrigadas por pivô, a pulverização do fungo Beauveria é eficaz, já que o fungo precisa de ambiente úmido e é registrado para o controle de cigarrinha-do-milho. Para os produtores que possuem pivô ou que são de uma região úmida, vale combinar o controle químico e biológico para ter mais eficiência no controle dessa praga.

Controle cultural

Eliminar plantas daninhas onde a cigarrinha costuma sobreviver (como a braquiária), além da tiguera e evitar outras plantas hospedeiras (como sorgo) são medidas que auxiliam no controle da cigarrinha-do-milho.

Em regiões onde o frio é mais intenso, um bom manejo cultural é evitar a semeadura tardia do milho, já que isso faz com que a lavoura fique mais exposta à alta incidência do inseto-vetor dos molicutes.

Milharal sadio
Milharal sadio

Em regiões com altas infestações, pode-se fazer essa prática com todos os produtores da área, com todos cooperando na limpeza do campo (sem plantas voluntárias de milho ou outras hospedeiras da cigarrinha) e na coordenação das datas de plantio.

A variação nas datas de semeadura proporciona coincidência entre plantas em fase de produção e em estádios iniciais de desenvolvimento, permitindo a migração das cigarrinhas. Isso faz com que haja ocorrência de vários ciclos das doenças, além da concentração dos molicutes nas lavouras mais tardias, incluindo a safrinha. Esses efeitos são acentuados nas regiões quentes e onde se cultiva milho irrigado com mais de uma safra ao ano.

Veja um levantamento que a Embrapa fez através de um estudo onde verificou os picos populacionais da praga nas diferentes regiões do país:

  • Sudeste: Fevereiro a Abril, Novembro a Dezembro e entre Fevereiro e Maio
  • Centro-Oeste: Junho a Agosto e Julho a Dezembro

Atualmente no Brasil temos diversas empresas que trabalham com híbridos tolerantes/resistentes aos patógenos que resultam nos enfezamentos. Consulte a empresa de sementes que você deseja adquirir e verifique a disponibilidade desses híbridos.

Manejo Integrado de Pragas (MIP)

O controle de insetos-vetor exige uma abordagem integrada, inclusive, envolvendo todos os produtores das regiões mais afetadas. Reúna-se com seus vizinhos e definam as principais ações, como data de semeadura, e faça diferentes medidas de manejo (além do controle químico) para que realmente a cigarrinha-do-milho e seus danos sejam devidamente combatidos.

Ciclo da cigarrinha do milho
Ciclo da cigarrinha do milho

Um resumo de ações

Enquanto novas pesquisas avançam, a Embrapa lista 10 medidas que devem ser adotadas para reduzir a população da cigarrinha-do-milho, a multiplicação dos molicutes e minimizar os riscos de alta incidência dos enfezamentos nas propriedades e em nível regional.

  • Elimine o milho voluntário (tiguera) e mantenha o campo sem plantas daninhas;
  • Não semeie milho ao lado de lavouras adultas apresentando sintomas de enfezamento;
  • Use cultivares com maior tolerância genética aos enfezamentos;
  • Use sementes certificadas e tratadas com inseticidas registrados;
  • Sincronize o período de semeadura no início da época recomendada na região;
  • Monitore a presença da cigarrinha entre as fases VE-V8 e aplique inseticidas registrados para reduzir ao máximo a população do vetor;
  • Rotacione os modos de ação para evitar resistência da cigarrinha a inseticidas;
  • Controle a qualidade da colheita e evite a perda de espigas e grãos;
  • Transporte corretamente o milho colhido e evite a perda de grãos nas estradas;
  • Faça rotação de cultivos e evite a semeadura sucessiva de gramíneas.

LEMBRE-SE: Procure sempre a assessoria de um engenheiro agrônomo

E como está o combate da cigarrinha do milho em sua região?
Quais ações foram tomadas por você e pelos produtores próximos?
Quais os efeitos produzidos? Compartilhe sua história!

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