Dotada de IA, ferramenta é alternativa aos fruticultores, auxiliando no controle dos insetos-pragas, principalmente no cultivo de uva, manga e melão
Com a produção de cerca de 40 milhões de toneladas de frutas por ano, o Brasil está entre os destaques da atividade em nível mundial, atrás apenas da China e da Índia. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), são mais de 940 mil estabelecimentos agropecuários distribuídos em todas as regiões do país, empregando 193 mil trabalhadores formais. Essa excelência e diversidade têm conduzido o setor a uma escalada de crescimento no mercado internacional, mas para expandir ainda mais os embarques, os fruticultores têm como principal gargalo problemas de ordem fitossanitária, entre eles os causados pelas moscas-das-frutas.
Atualmente existem algumas espécies que são consideradas pragas-chaves na fruticultura brasileira e que causam prejuízos milionários todos os anos. Trata-se de diferentes espécies do gênero Anastrepha, como por exemplo Anastrepha fraterculus, Anastrepha oblíqua, dentre outras. Há também a Ceratitis capitata, comumente chamada de mosca-das-frutas do mediterrâneo. Todas pertencem à família Tephritidae e geram danos diretos e indiretos em diversas culturas.
Para ajudar os fruticultores a vencer essa batalha, a startup Tarvos apresenta uma novidade. A empresa, que já disponibiliza armadilhas inteligentes no controle de insetos-praga como a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) e a traça-do-tomateiro (Tuta absoluta), agora poderá oferecer a tecnologia para o cultivo de uva, manga, melão e outras fruteiras hospedeiras de Tephritidae.
Tanto Anastrepha spp. quanto a Ceratitis capitata geram muita dor de cabeça aos produtores por suas características. As fêmeas desses insetos fazem a oviposição dentro do fruto, através de perfurações feitas por seu aparelho ovipositor, lá ocorre a eclosão das lagartas que se desenvolvem, consumindo e danificando a polpa do fruto durante sua movimentação.
Além disso, as fêmeas ao introduzirem seu ovipositor, provocam ferimentos nos frutos, facilitando a entrada de patógenos causadores de podridões, reduzindo a produtividade e a qualidade deles, tornando-os impróprios para consumo, comercialização e a industrialização. O ciclo biológico completo da praga é variável de acordo com o hospedeiro, ou seja, a cultura em que o inseto se desenvolve, e fatores climáticos (temperatura e umidade relativa), podendo ter diferenças entre os dias para a alternância de estágio.
Monitoramento eficiente
Para ser eficiente, o monitoramento de culturas perenes precisa ser contínuo e deve ser feito em todos os pomares com plantas hospedeiras das espécies de moscas-das-frutas. Com isso, o uso de armadilhas automatizadas permite, por meio de dados diários de captura, detectar o momento e região de chegada do inseto no pomar, conhecer a flutuação populacional da praga em diferentes épocas do ano, além de identificar os focos de maior infestação, facilitando a tomada de decisão e aplicação de estratégias de controle com maior assertividade.
Com a digitalização do monitoramento a ideia é ter um impacto social-econômico dentro da região, ajudando a classe produtora a acessar novos mercados, que embora sejam mais exigentes, melhor remuneram pela qualidade dos frutos. Para ampliar essa tecnologia para um número maior de produtores, a empresa acaba de firmou parcerias com o objetivo de escalonar o monitoramento e incentivar a digitalização dos processos dos pequenos produtores de frutas, como uva, manga e melão com foco na exportação.
O monitoramento digital não existia em frutas, por isso a empresa montou uma equipe e operação para absorver toda essa demanda, tanto de instituições públicas, quanto para acessibilizar a tecnologia aos produtores particulares.
Com as armadilhas automáticas Tarvos, o monitoramento de pragas na lavoura acontece 24 horas por dia, 7 dias por semana. Além disso, através de parceiros certificados, é possível coletar dados climáticos localizados da produção. Com sistema solar e comunicação via satélite, a solução dispensa a necessidade de rede própria na área (Wi-FI ou 4G).
A tecnologia
A armadilha digital da Tarvos, além de utilizar inteligência artificial (IA) e alta tecnologia, consegue medir produtividade e economia no uso de defensivos agrícolas. O equipamento atrai, identifica e contabiliza diariamente exemplares dos insetos-pragas, tornando-se uma aliada altamente eficiente para identificação preventiva de manejo e janela de aplicação de produtos, gerando mais assertividade.
Na prática, estas armadilhas inteligentes atraem os insetos através de um feromônio sexual sintético, atrativo alimentar ou cor, a depender da espécie a ser monitorada, contam com uma câmera que faz o registro e transmite os dados via satélite. Sem intervenção humana, é possível identificar simultaneamente várias espécies diferentes de maneira precisa e eficiente. Os algoritmos de reconhecimento de imagem permitem o monitoramento em tempo real e on-line, medindo a dinâmica populacional dos insetos-praga de forma constante e simultânea.
Assim que uma praga é detectada pelas estações e as condições ambientais indicam um risco de surto dentro da fazenda, a Tarvos envia alertas automaticamente via WhatsApp para que você saiba qual praga foi detectada, seu histórico e o que fazer a respeito para reduzir sua população. Não é necessário a implantação ou instalação de aplicativos. Com as informações em mãos, acertar qual medida adotar se torna mais fácil principalmente pelo fato da armadilha fornecer dados diários em relação à chegada da praga e seu nível populacional.
A solução pode ser utilizada por pequenos a grandes produtores e cooperativas agrícolas. A base de cobertura é de 180 mil hectares e deve atingir 300 mil até o pico da safra de verão, em dezembro. As áreas estão localizadas no Brasil e no Paraguai e, ainda em 2023, a companhia pretende introduzir a tecnologia na Argentina e na Bolívia.
As armadilhas inteligentes reduzem as viagens necessárias para manutenção e monitoramento, o que significa reduzir diretamente o consumo de combustível e as emissões de dióxido de carbono (CO2). Em média, essas armadilhas já economizaram mais de 50 mil quilômetros de viagens e 2,5 mil horas de trabalho manual.