Especialista destaca o impacto do manejo na secagem das vacas sobre aspectos zootécnicos do rebanho
A vaca de leite moderna é um animal muito exigente, mas com alto potencial de resposta à ambiência e à nutrição adequadas. Nos últimos anos, houve o destaque da importância do período de transição na preparação da vaca para a próxima lactação. Porém, um olhar mais criterioso sobre o período seco indica que a transição não deve ser considerada como apenas 20 ou 30 dias antes do parto. Estudos científicos comprovam a importância dos cuidados com a vaca durante todo o período seco. Técnicos destacam que se forem avaliados os marcadores de inflamação, constata-se que a secagem promove resposta inflamatória de grande importância, similar à que ocorre no parto, levando o animal a montar uma resposta fisiológica e metabólica a esse desafio.
Dessa forma, caso a propriedade não possua bom esquema de manejo, alimentação e instalações adequadas, o desempenho na próxima lactação já começa a ser comprometido nesse momento. Infelizmente, é comum encontrar situações em que, na data da secagem, as vacas são retiradas de um barracão com comida à vontade, sombra, aspersão e ventilação, e são conduzidas a piquetes sem estrutura de sombra e às vezes sem nenhuma suplementação. Isso ocorre somente porque ela pertence a um grupo que não está produzindo leite naquele momento.
Pesquisadores acrescentam que pode haver desdobramentos mais sérios. O acúmulo de desafios sucessivos, como secagem, mudanças de dieta, de curral e reagrupamento, tem potencial para agravar o quadro fisiológico de adaptações, tornando os animais propensos a desenvolver quadros patológicos, tais como hipocalcemia, cetose, deslocamento de abomaso, retenção de membranas placentárias, mastite e metrite, elevando as chances de descarte involuntário.
A alimentação adequada é outro fator importante, garantindo suporte de nutrientes. Esse fator, aliado ao manejo apropriado, proporcionará transição mais suave para a lactação. Existem diferenças entre as estratégias nutricionais e tecnologias adotadas entre os 60 a 30 dias que antecedem o parto, e 30 ao dia 0 em relação ao evento. Entretanto, se o intuito é obter a melhor performance, ambos os grupos devem receber a mesma importância na fazenda. Cada um com sua dieta.
Estudos comprovam os benefícios de trabalhar com dietas menos calóricas no período seco, utilizando feno e pré-secado de alta qualidade. Porém, no Brasil estes alimentos têm custo mais elevado por ser, na maioria das vezes, adquiridos fora da fazenda. Como o principal volume é a silagem de milho, nem sempre consegue-se seguir à risca a dieta de baixa densidade energética, já que as propriedades têm buscado aumentar o teor de amido da silagem pensando nas vacas em lactação. De forma geral, recomenda-se monitorar o consumo de matéria seca dos lotes, que é o principal indicador de saúde das vacas nesse período, e manter a proteína bruta da dieta por volta de 14% a 15%. Especificamente nos últimos 20 a 30 dias antes do parto, é importante atentar para o nível de potássio das forragens fornecidas e utilizar dieta acidogênica, especialmente para multíparas, pois ela ajudará a vaca a lidar melhor com o metabolismo do cálcio no pós-parto, contribuindo para o bom funcionamento do sistema imune e, consequentemente, para a reprodução e a produção.
Compreender todas as fases da produção de leite é importante para ter sucesso durante o ciclo produtivo. Por isso, é essencial que o produtor conheça e invista nas melhores estratégias, para seguir crescendo em seu negócio.
Procure sempre a orientação de técnico capacitado.
Seu sucesso será garantido.
Fonte: Tarciso Villela