Acordo de Paris prevê regulação do mercado de compra e venda de créditos de excedentes de redução de emissões (mercado de carbono) e vantagens econômicas podem impulsionar a redução da emissão de gases estufa
Para promover a cooperação entre os países de forma a limitar o aquecimento global a menos de 2ºC até o final do século, o mercado de compra e venda de créditos de excedentes de redução de emissões é um mecanismo complementar, que não pode ser utilizado em 100% das metas, mas que tem potencial de ajudar países a atingirem a redução de forma mais rápida, enquanto outras ações de transição energética são implementadas.
O que falta para o mercado de carbono decolar?
Basicamente, regulamentação. As regras para o comércio dos títulos de redução de emissões, apesar de serem um tema consolidado desde 2005, com o Protocolo de Kioto, ainda hoje não saíram do papel em escala válida internacionalmente.
Há mercados nacionais em atividade, cada um com suas regras, mas falta uma regulação global.
Uma oportunidade de grandes avanços está sendo aguardada para novembro, quando os países signatários do Acordo de Paris se reunirem nas negociações climáticas da COP26, em Glasgow, na Escócia.
Se as partes chegarem a um consenso sobre o Artigo 6º do acordo – que trata da regulação do mercado de carbono –, países de todo o mundo poderão negociar créditos de carbono uns com os outros para conseguir adquirir reduções de emissões ou vender créditos de emissões excedentes, caso já tenham cumprido seus compromissos.
E a cooperação global em torno do tema tem dado sinais positivos. Pela primeira vez, em 10 de julho, os líderes financeiros do G20 reconheceram a precificação do carbono como uma ferramenta potencial para lidar com as mudanças climáticas.
Preço do carbono bate recordes
Enquanto isso, as negociações têm avançado nos mercados nacionais. O preço da tonelada de carbono no mercado regulado europeu, onde estão 90% das transações do mundo, vem batendo recorde atrás de recorde. Em 15 d3 julho, bateu 57,87 euros por tonelada, um marco no que analistas afirmam ser uma escalada de longo prazo rumo aos níveis necessários para que investimentos em tecnologias “limpas” inovadoras sejam desencadeados.
A razão para essa guinada é a oferta limitada e a demanda obrigatória ao redor do mundo, que está só no começo de um longo ciclo. É vantajoso para os países alinhados aos acordos globais que os emissores de carbono paguem cada vez mais caro pelos créditos, a fim de obrigá-los a poluir menos.
Analistas afirmam que, agora, o preço do carbono na UE deve avançar para níveis suficientemente altos para que sejam desencadeados cortes de CO2 na indústria, setor no qual as alternativas de baixo carbono ainda não conseguem competir com tecnologias tradicionais de combustíveis fósseis em termos de custos.
Brasil pode atrair grandes investimentos
O Brasil é um dos países com maior capacidade de reflorestamento no mundo, o que pode atrair polpudos investimentos com um mercado de carbono regulamentado.
O mercado pode movimentar até US$ 45 bilhões por aqui, caso todas as florestas sejam consideradas no esquema de captura de carbono, segundo cálculos da Moss, a primeira bolsa de carbono brasileira e uma das pioneiras no mundo.
Mas para chegar lá, é preciso vencer desafios internos e externos. Além da regulação global, o governo brasileiro precisa avançar na regulamentação de um mercado de negociação de créditos de carbono.
Dono de 40% das florestas tropicais do mundo e grande produtor de energia limpa, com potencial para crescer muito mais, o Brasil é um dos destinos preferenciais para o mecanismo global.
Será que os produtores brasileiros ficarão fora desta oportunidade? O que você está fazendo para se alinhar a este mercado e começar a ganhar dinheiro?
Leia também:
Resíduos agrícolas ajudam a sequestrar carbono
BlogSustentabilidade RuraltecTV – A importância e o potencial dos pequenos produtores na conservação