Especialista fala sobre as principais produções afetadas e como isso afeta não só o produtor, como o consumidor final
Segundo o Operador Nacional de Sistema Elétrico (ONS), 70% da matriz energética brasileira é proveniente de usinas hidrelétricas. Isso significa que a crise hídrica da região Centro-Sul do Brasil impactará regiões produtoras importantes, principalmente nas lavouras e criações. A ONS afirma ainda que o armazenamento de energia nas hidrelétricas registrou, em abril de 2021, o nível mais baixo desde 2015.
Isso também é um dos acontecimentos que podem frear a atividade econômica e manter a inflação elevada, já que para evitar um colapso, será necessário adotar medidas como aumento de tarifas e redução do consumo de energia. Ainda segundo a ONS, a previsão é de que os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste cheguem a apenas 10% da capacidade até novembro.
O agronegócio é um dos principais setores afetados pela crise hídrica e terá de lidar com os efeitos mais bruscos da estiagem, que pode ser entendido como a elevação do custo da energia e consequente queda na capacidade de produção. O desenvolvimento de culturas perenes já começaram a apresentar fortes impactos desde o ano passado, como nos casos da laranja e café.
Além disso, as criações também sofrem, já que esse problema afeta as pastagens e dificulta o desenvolvimento dos rebanhos, bem como aumenta o custo com ração. Ou seja, tudo fica mais caro e o produtor pode sofrer prejuízos imensos. E pesará no bolso do consumidor final, sem sombra de dúvida. Tudo isso contribui diretamente para o acúmulo de dívidas.
O produtor deve ficar atento aos sinais de crises mais agudas. Em tempos como esses, com perda de produção, o faturamento pode sofrer uma queda considerável, a empresa ou produtor rural pode acabar acumulando mais dívidas, por não conseguir arcar com todos os custos. Pensar em reestruturação ou em recuperação judicial é algo que precisa estar no radar do produtor.
Produção de alimentos comprometida
O café, que já enfrenta problemas com a seca desde o começo da safra 2021/22, pode sofrer drástica redução. A produção do café arábica pode sofrer queda de 30%, em comparação ao ano anterior.
A falta de água pode afetar, ainda, alimentos como: feijão, pois o menor volume de chuvas atrapalha a plantação; o leite, em função da qualidade das pastagens, que sofre queda. A má qualidade da pastagem afeta também a oferta de carne bovina, com a diminuição do gado de pasto. Laranja, arroz e ovos também são afetados.
Douglas Duek – economista especializado em reestruturação e recuperação judicial
Leia outros artigos do BlogCampo RuraltecTV clicando no LINK.