Projeto tem o objetivo de até 2027, gerar avanços para as comunidades que produzem moluscos nos estados de Alagoas, Pernambuco e Sergipe
O projeto “Fortalecimento dos sistemas de produção de moluscos bivalves em Sergipe, Alagoas e Pernambuco”, chamado carinhosamente de “Projeto Sacuritá”, quer gerar, até 2027, avanços técnicos e agregação de valor à produção de moluscos por comunidades tradicionais de marisqueiras em áreas costeiras dos três estados que o projeto cobre. “Sacuritá” é uma palavra de origem tupi-guarani que significa “molusco”. É o nome escolhido para batizar o projeto, trazendo um termo mais leve e carregado de tradição. Liderada pelo pesquisador Jefferson Legat, da Embrapa Tabuleiros Costeiros, a iniciativa tem a ideia de fortalecer os sistemas agroalimentares de espécies nativas de moluscos bivalves com os quais as marisqueiras já têm tradição de trabalhar, como ostras e massunins, em áreas costeiras de Pernambuco, Sergipe e Alagoas.
Para isso, o projeto utiliza tecnologias sustentáveis voltadas à produção e valorização de alimentos seguros, com inserção no mercado, no turismo gastronômico e no aproveitamento de resíduos da cadeia produtiva. Além disso, em síntese, o Projeto Sacuritá também prevê a apresentação pelas equipes de pesquisa e transferência de tecnologia nas cidades onde a atividade marisqueira já possui tradição e organização social das catadoras.
Principais ações do projeto
- Produção – Fornecimento de sementes de ostras cultivadas em viveiros especializados e implementação de uma Unidade de Referência Tecnológica para capacitação no manejo de estruturas de cultivo flutuantes Ostranne em cada estado participante (SE, AL e PE). Também inclui a distribuição de sementes de massunins provenientes de viveiros e a criação de uma Unidade de Referência Tecnológica voltada para o cultivo em ambiente natural, utilizando o método de “semeadura direta”.
- Valoração – Desenvolvimento de protocolos de depuração para ostras e massunins, com o objetivo de eliminar contaminantes químicos, físicos e biológicos. Além disso, instalação de uma microdepuradora dedicada a ostras e outra para massunins em cada estado.
- Aproveitamento de resíduos – Transformação de conchas em farinha para uso na formulação de ração animal para galinhas poedeiras. Criação de adubo por meio de compostagem e produção de pó de conchas como alternativa sustentável para substituição de microplásticos em produtos esfoliantes.
- Formação de redes – Promoção de redes sociotécnicas que fomentem discussões, trocas de conhecimentos e melhorias no fluxo de informações entre agentes públicos e privados. Capacitações direcionadas a produtores, técnicos e profissionais de extensão também estão inclusas.
- Geotecnologias – Desenvolvimento de mapas detalhados que identifiquem comunidades produtoras, locais de comercialização, áreas de captura e cultivo, bem como características ambientais e socioeconômicas.
- Turismo – Criação de iniciativas para fomentar o turismo de vivência, com a elaboração de materiais voltados para a identificação de espécies locais.
Com financiamento de aproximadamente R$ 1 milhão do Ministério da Pesca e Aquicultura, o projeto foca em fortalecer sistemas agroalimentares de espécies nativas de moluscos bivalves nas áreas costeiras de Pernambuco, Sergipe e Alagoas, estando estruturado em 4 pilares principais:
- Desenvolvimento de tecnologias e boas práticas para melhorar a produção de ostras (Ostra branca (Crassostrea rhizophorae) e ostra do mangue (Crassostrea gasar)) e massunins (Anomalocardia brasiliana) (marisco distribuído ao longo de toda a costa do Brasil, fazendo parte da culinária de várias regiões, além de ter grande importância socioeconômica para as comunidades litorâneas, também conhecido como vôngole, marisco-da-areia, papa-fumo, pedrinha, samanguaiá, sarro-de-peito, sarro-de-pito, chumbinho e simongóia);
- Valorização dos produtos por meio de técnicas de depuração e garantia de segurança sanitária;
- Reaproveitamento de resíduos das cascas para usos diversos, como na indústria cosmética, compostagem e alimentação de aves;
- Capacitação de marisqueiras, além da formação de redes sociotécnicas para fortalecer a comunidade local.