O clima, a genética e o manejo são determinantes no cultivo da cevada para obtenção de um produto com a qualidade exigida pela indústria cervejeira
A cevada vem ganhando relevância dentre os cultivos de inverno. Ela precisa de períodos frios para se desenvolver, e não se adapta a qualquer região. A região sul do Brasil possui os requisitos ideais para o desenvolvimento da cevada. O período de cultivo no sul é entre junho e novembro, com ciclo total de 110 dias.
A planta é utilizada principalmente como:
- fonte de nutrientes para animais (forragem e ração);
- alimentação humana (farinha);
- matéria-prima da indústria cervejeira (malte).
A produtividade da cevada gira em média de 4000 kg/ha, com potencial produtivo de mais de 5000 kg/ha. O Brasil é um dos maiores mercados consumidores de cerveja no mundo. Por isso, absorve cerca de 70% dos grãos para malteação. Quando não atende à demanda das cervejarias, a cevada é destinada para ração animal. Essa indústria absorve 30% da produção.
A cultura da cevada está em franca expansão no Rio Grande do Sul, impulsionada por projeções otimistas de mercado e enfrentando desafios climáticos significativos. Segundo o último boletim da Emater/RS-Ascar, a área destinada ao cultivo da cevada no estado está prevista para alcançar 34.429 hectares. Na região administrativa de Erechim, por exemplo, dos 12.460 hectares planejados, 80% já estão plantados e em fase inicial de crescimento vegetativo.
Em Erechim, Frederico Westphalen e Ijuí, as lavouras estão apresentando bom desenvolvimento inicial, apesar da necessidade contínua de controle de manchas foliares e ferrugem, especialmente devido às variações climáticas. A umidade do solo elevada tem favorecido a aplicação de nitrogênio em cobertura, essencial para evitar alterações indesejadas no teor de proteína dos grãos.
A indústria cervejeira está demonstrando confiança no mercado da cevada, contratando a um preço 15% superior ao do trigo, atualmente cotado a aproximadamente R$ 75,00 por saca de 60 kg. Esta valorização representa um retorno atrativo para os produtores gaúchos, incentivando a expansão da área cultivada e o aprimoramento das técnicas de manejo.
Apesar das perspectivas positivas, os produtores enfrentam desafios contínuos, incluindo a necessidade de ajustes no manejo agrícola para garantir a qualidade dos grãos diante das condições climáticas adversas. A safra de cevada no Rio Grande do Sul promete ser não apenas lucrativa, mas também um teste de resistência e adaptabilidade para os agricultores locais.