Oito chefes de Estado discutirão políticas sustentáveis para a região por meio da retomada do diálogo regional e do fortalecimento das relações entre as entidades governamentais e civis das nações participantes
Começou a contagem regressiva para um dos mais importantes encontros de chefes de Estado dos chamados Países Amazônicos (Brasil; Venezuela; Colômbia; Equador; Peru; Bolívia; Guiana; Suriname; Guiana Francesa): a Cúpula da Amazônia, entre os dias 8 e 9 de agosto, em Belém, PA. Ela pretende definir políticas e estratégias para o desenvolvimento sustentável da região.
A Cúpula
A Cúpula da Amazônia é um evento que reunirá os chefes de Estado de oito países integrantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA): Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
O encontro pretende inaugurar uma nova etapa na cooperação entre os países que abrigam o bioma com a adoção de uma política comum para o desenvolvimento sustentável da região. A Cúpula deverá definir um compromisso de cooperação pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia entre esses países, por meio da retomada do diálogo regional e do fortalecimento das relações entre as entidades governamentais e civis das nações participantes.
Nos dias que antecederão a Cúpula, entre 4 e 6 de agosto de 2023, Belém do Pará vai sediar diferentes iniciativas na forma de seminários, debates, exposições e manifestações culturais, com o objetivo de pautar a formulação de novas estratégias para a região. Essas iniciativas consistirão no que tem sido chamado de Diálogos Amazônicos, fórum com representantes do governo e da sociedade civil que deve elaborar uma proposta participativa baseada nos interesses das comunidades e povos da região com sugestões visando a reconstrução de políticas públicas sustentáveis para a região. O resultado desses debates será apresentado aos chefes de Estado durante a reunião da Cúpula da Amazônia.
OTCA
A preparação do encontro ficou a cargo da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), uma organização intergovernamental formada por Brasil, Bolívia Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, países que, com a assinatura do Tratado de Cooperação Amazônica, em 1978, formaram o único bloco socioambiental da América Latina.
Para os organizadores, os dois eventos representarão uma voz inclusiva amazônica a ser escutada por todos os outros países. O resultado, a partir do evento, fortalecerá a dimensão regional, na narrativa de chefes de Estado, para outros eventos, como a COP28 nos Emirados Árabes (entre 30 de novembro e 12 de dezembro) e para as reuniões do G20 (grupo que reúne as principais economias do mundo).
Os países amazônicos estão cientes da necessidade de mostrar que conseguem trabalhar de forma conjunta para a apresentação de propostas que, posteriormente, poderão trazer muitos investimentos para a região, a partir dos projetos que, bem construídos, poderão despertar interesse internacional.
Há muito interesse por pesquisas sobre o Aquífero do Amazonas, que detém uma quantidade de água duas vezes e meia maior do que a dos rios de superfície da região. Mesmo com essa abundância, a falta de água potável é um dos grandes problemas vividos pelas populações locais.
Água e serviços florestais
A iniciativa resultará no apoio e no fortalecimento da OTCA, para que projetos regionais tenham prioridade nos recursos internacionais. Durante os Diálogos Amazônicos serão apresentadas propostas de criação de dois foros. Um deles, formado por diretores de água e outro por diretores de serviços florestais.
Essa será a proposta principal, definida após conversas prévias com todos países-membros, cabendo aos grupos desenvolver temas de projetos que atrairão investimentos e recursos não reembolsáveis.
Muitos dos projetos resultarão no compartilhamento de conhecimentos e tecnologias desenvolvidos por entidades como Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) e Embrapa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – e seus similares nos países vizinhos.
Outras possibilidades
Há também iniciativas visando repassar conhecimentos sobre monitoramento do comércio de plantas e animais sob risco de extinção e até mesmo para a capacitação de equipes para a operação de sequenciadores genômicos que possibilitarão respostas mais rápidas e eficientes para o caso de pandemias que surjam na região.
Laboratórios serão instalados nas amazonias desses países, e uma área que deve avançar é a voltada ao monitoramento em tempo real, tanto das bacias hídricas como da cobertura florestal e dos incêndios na Amazônia.
Como a ideia é desenvolver atividades econômicas sustentáveis que levem em conta a qualidade de vida das pessoas que habitam a Amazônia, há grandes possibilidades para a exportação de produtos como cupuaçu, guaraná, açaí e castanha.
Otimismo
Também existe um otimismo muito grande com o potencial do turismo comunitário sustentável para a economia, com grandes possibilidades para toda a parte de visitas a povos da região, para o artesanato e para os conhecimentos tradicionais desses povos. Esse tipo de turismo – a exemplo do turismo de pesca, do voltado à observação de pássaros e do arvorismo – representa uma atividade transversal de baixo impacto e com grande alcance.
As expectativas com o Diálogos Amazônicos e com a Cúpula da Amazônia são as melhores, e têm por base o diálogo inclusivo que contará com a participação da sociedade civil. Desses encontros, sairá um fortalecimento e um caldo de cultura para que os programas a serem desenvolvidos despertem o interesse internacional e melhorem as condições de vida das populações locais.
A Embrapa na cúpula
Com histórico de estudo e desenvolvimento de soluções para o bioma, a Embrapa participará das discussões, apresentações e proposições que envolvam o trabalho científico na região. A Embrapa atua na região há décadas com foco em novos modelos de desenvolvimento, que contemplem a redução do desmatamento e da degradação ambiental, a sustentabilidade da produção agropecuária e florestal e a melhoria do bem-estar das populações amazônicas.
Os nove centros de Pesquisa da Embrapa localizados na Amazônia Legal participarão diretamente do evento preparatório para a Cúpula, o Diálogos Amazônicos, assim como a Diretoria-Executiva da empresa. Todas as Unidades de Pesquisa que possuem tecnologias ou soluções relacionadas ao bioma também apoiarão o evento.