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Embrapa desenvolve bioinseticida contra moscas-das-frutas

Mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae)

Em testes de campo, o novo produto criado pela Embrapa promoveu até 87% de mortalidade da mosca-da-carambola

Pesquisadores da unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do Amapá desenvolveram um inseticida microbiológico para combater espécies de mosca-das-frutas, entre as quais a praga quarentenária mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae), presente em todo o Estado do Amapá e em áreas restritas de Roraima e do Pará.

Quadro resumo da pesquisa

O inédito bioinseticida tem como base o fungo Metarhizium anisopliae, isolado de solo no município de Macapá (AP). Por ter sido obtido no ambiente amazônico, o microrganismo é ideal para o controle das moscas-das-frutas que ocorrem em ambiente tropical.

O bioinseticida tem como base o fungo Metarhizium anisopliae, isolado de solo no município de Macapá (AP). Mosca envolvida pelo fungo - Photo: Cristiane Ramos de Jesus
O bioinseticida tem como base o fungo Metarhizium anisopliae, isolado de solo no
município de Macapá (AP). Mosca envolvida pelo fungo – Foto: Cristiane Ramos de Jesus
Colônia de Metarhizium anisopliae em placa de Petri
Colônia de Metarhizium anisopliae em placa de Petri

Os pesquisadores atestaram o potencial do uso do novo produto em territórios nacional e internacional, no controle das seguintes espécies de moscas-das-frutas: Bactrocera carambolae (mosca-da-carambola), Anastrepha fraterculus, Ceratitis capitata (mosca do Mediterrâneo) e Bactrocera dorsalis (mosca-das-frutas-oriental). Todas elas são de importância econômica para a fruticultura.

Somente a mosca-da-carambola já foi identificada em 26 frutíferas como goiaba, manga, carambola, acerola, citros, tangerina, caju, jambo e laranja-da-terra, conforme apontam os estudos da Embrapa Amapá.

Mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae) macho e fêmea
Mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae) macho e fêmea

Por isso, a praga é capaz de provocar grande impacto econômico nessas culturas no país. Um estudo feito pela própria Embrapa sobre o valor das perdas provocadas pela mosca-da-carambola, apenas no cultivo de manga, apontou prejuízos na ordem de R$ 231 milhões, sem o controle da praga.

Embora os danos causados aos frutos não causem doenças em humanos, a principal motivação para erradicar a mosca-da-carambola é evitar a dispersão para áreas de produção comercial exportadora de frutas, especialmente o Vale do São Francisco, o maior polo de produção e exportação de manga do Brasil, com uma área plantada de aproximadamente 12 mil hectares.

O bioinseticida da Embrapa é o primeiro produto formulado com o fungo Metarhizium anisopliae para o controle da mosca-da-carambola. A eliminação do inseto hospedeiro ocorre por meio da aplicação direta do produto na planta - Foto: Cristiane Ramos de Jesus
O bioinseticida da Embrapa é o primeiro produto formulado com o fungo Metarhizium anisopliae
para o controle da mosca-da-carambola. A eliminação do inseto hospedeiro ocorre por meio
da aplicação direta do produto na planta – Foto: Cristiane Ramos de Jesus

Além de não apresentar toxicidade, trata-se de um produto sem resíduos, e não há similar no mercado tanto para a mosca-da-carambola quanto para as espécies de moscas-das-frutas Anastrepha fraterculus e Ceratitis capitata.

Como funciona

O fruticultor deve aplicar o bioinseticida formulado na projeção da copa das frutíferas hospedeiras das espécies-praga. Os resultados mostraram que, em condições de campo, o percentual de controle obtido com a tecnologia foi elevado, chegando a até 87%.

O controle biológico de pragas agrícolas é uma alternativa sustentável para reduzir ou substituir a utilização de inseticidas químicos sintéticos. Nesse contexto, o uso de inimigos naturais de insetos-praga como os fungos entomopatogênicos (que atacam e matam insetos) tem aumentado consideravelmente.

Mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae) já foi identificada em 26 frutíferas, segundo estudos da Embrapa — Foto: Danilo Nascimento
Mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae) já foi identificada em 26 frutíferas,
segundo estudos da Embrapa — Foto: Danilo Nascimento

O produto não apresenta risco para o meio ambiente e atua sobre as larvas, pupas e adultos da praga ainda no solo. No caso de adultos oriundos de solo tratado, boa parte emerge infectado e morre antes de completar o período de pré-oviposição, não chegando a produzir descendentes.

Atualmente no status de ativo para formulação de produto, a tecnologia aguarda por parceiros da iniciativa privada interessados em produzi-lo e comercializá-lo. O bioinseticida ainda poderá ser avaliado no controle da mosca-das-frutas sul-americana (Anastrepha fraterculus) e a mosca-do-mediterrâneo (Ceratitis capitata), que possuem um ciclo de vida semelhante ao da mosca-da-carambola.

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