E se entram amorosamentee se fecundam.Nascem peixes para habitar os rios.E nascem pássaros pra habitar as árvores.As águas ainda ajudam na formação dos caracóis e dassuas lesmas.As águas são a epifania da criação.Agora eu penso nas águas do Pantanal.Penso nos rios infantis que ainda procuram declivespara escorrer.Porque as águas deste lugar ainda são espraiadas paraalegria das garças.– Manoel de Barros (poema VI), em “Menino do Mato”. São Paulo: Editora Leya, 2010
A obra de Manoel de Barros, o grande poeta pantaneiro, nos fazem refletir a respeito das questões ambientais do Pantanal, mas, também, da situação da natureza em outras partes do Brasil e do mundo.
Sua maior lição é a necessidade da religação do homem com a grande Mãe Terra.
O Pantanal
Bacia d’água que lava a saudadee transforma em poesiao vôo da garçana graça do Céu.Autor desconhecido
Maior planície alagada do mundo, o Pantanal tem no dia 12 de novembro o seu dia. A data homenageia o ambientalista Francisco Anselmo de Barros, o Francelmo, que neste mesmo dia em 2005, morreu depois de atear fogo no próprio corpo durante ato público em defesa do Pantanal, realizado no calçadão da Rua Barão do Rio Branco, em Campo Grande.
Francelmo ajudou na criação da primeira entidade ambientalista de MS, a AME (Associação Mato-Grossense de Ecologia), onde se tornou conselheiro. Ele também era membro do Conselho Estadual de Controle Ambiental e, filiado ao Fórum Brasileiro de ONGs (FBOMS).
Em uma de suas cartas de despedida, escreveu: “Já que não temos voto para salvar o Pantanal, vamos dar a vida para salvá-lo.” E assim, o fez. Mas nós sabemos que sua morte não trouxe grandes transformações nas cabeças dos homens que governam este país.
O poeta Manoel de Barros escreveu uma homenagem a Francisco Anselmo, considerando o ambientalista como o último herói brasileiro.
“O que o nosso querido Francelmo fez, a mim e a Stella e a todos nós chocou tanto, que ficamos um pouco aparvalhados com a notícia.Foi uma imolação pela Pátria que na terra do mensalão destoa.Mas até pode corrigir, o que o nosso Francelmo fez é mais do que um protesto.Para mim tem o componente maior do heroísmo.Francelmo o último herói do Brasil.Meus sentimentos Iracema”.Seu velho amigo,Manoel de Barros.
Assim é o Pantanal. Maravilhas e atrocidades. Vida e morte. Água e fogo.
Esperança e desatino. Vislumbre de um futuro melhor, na visão de um presente de desalento. Uma dicotomia constante que nos acalma e desassossega, presos em sua beleza e em sua vulnerabilidade.
Muito se falará sobre o Pantanal hoje!
Mas o que será feito?
E que faremos para mudar este cenário sombrio de um dos mais importantes biomas do Brasil e do mundo?
Hoje é Dia do Pantanal. Sabemos que estes dias geralmente não tem representatividade alguma. É apenas mais uma data do calendário. Muito discurso, elogio e muito pouca ação.
Se não há muito a fazer, vamos ao menos lembrar de que vivemos em um planeta de recursos esgotáveis e que nossos filhos, netos e quem vier depois ainda estarão aqui. E precisamos preparar o planeta para eles! É por eles que temos que lutar pela preservação destes mananciais de vida e de futuro.
Valeu, Pantanal, por nos mostrar
dia após dia, a importância de
se levantar e de lutar pela VIDA!
Assista ao vídeo Brasil Selvagem – No Coração do Pantanal – Documentário, com Lawrence Wahba e Haroldo Palo Jr.
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