Exemplares adultos do pirá (Conorhynchos conirostris), também conhecido como pirá-tamanduá ou peixe tamanduá, o peixe-símbolo do “Velho Chico”, foram encontrados na região do Baixo São Francisco, entre os estados de Sergipe e Alagoas
Segundo a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), esse reaparecimento se deu cerca de um ano após a soltura de peixes juvenis no rio.
“A reprodução do pirá na região tem ocorrido apenas artificialmente, em laboratório. O risco de extinção permanece, especialmente porque as condições que dificultam a reprodução ainda estão presentes. Mas o fato de terem aparecido na pesca denota que os exemplares soltos no rio encontraram condições satisfatórias para se desenvolverem”, explica o engenheiro de pesca Albert Rosa, analista da Codevasf.
O processo de repovoamento dos pirás
A campanha para o salvamento do pirá teve início em dezembro de 2015, com a captura de reprodutores e matrizes no rio Paracatu, no Alto São Francisco em Minas Gerais, única região da bacia hidrográfica onde a espécie ainda era encontrada.
Após a construção de grandes barragens no leito do São Francisco, como a de Sobradinho, ela havia desaparecido das regiões do Médio e Baixo São Francisco.
O passo seguinte consistiu na adaptação e quarentena dos exemplares no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Três Marias, em Minas Gerais, e depois, no transporte de 20 pirás para o Centro Integrado de Itiúba, em Alagoas. Nessa unidade, passaram por processo de adaptação e desenvolvimento, indução artificial de reprodução e produção de alevinos, culminando na soltura de peixes juvenis no rio.
Outras espécies podem ser salvas
Nos Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da companhia, já foram desenvolvidas tecnologias de reprodução artificial de cerca de 40 espécies de peixes nativas do rio São Francisco.
Além do aumento expressivo na produção de alevinos com o uso dessas tecnologias, o que tornou a Codevasf referência nacional na área de aquicultura, conseguiu-se reproduzir, de forma inédita, espécies de grande valor comercial, a exemplo do surubim, e espécies ameaçadas de extinção – além do pirá, também a matrinchã e o dourado.