O governo do Paraná criou um programa para construção de esterqueiras. O tratamento do esterco o transforma em fertilizante e resolve o problema do chorume.
Tomazina, no norte do Paraná, bairro da Barra Mansa, região que concentra a maior bacia leiteira do município. Em 120 hectares, 1300 vacas produzem 16 mil litros de leite diariamente (média de 12 litros por vaca).
Mas o que tem chamado atenção de pesquisadores na verdade não é o leite produzido. Uma novidade que tem sido muito importante para a busca de soluções para o produtor rural: a produção de resíduo.
A mesma vaca que produz 12 litros de leite produz por dia mais de 45 quilos de esterco e urina! Com o animal no pasto, o material vai se espalhando conforme ele se desloca. Desta forma, o material orgânico se degrada aos poucos e vira adubo.
O problema está nas vacas confinadas
Neste momento, fezes e urina acumulam-se pelo chão das instalações, porque é quando elas estão se alimentando e é também o momento da ordenha. Ela acaba sendo estimulada a defecar.
A manutenção e a higiene, para evitar doenças, exige que o lugar seja lavado, pelo menos, uma vez por dia. A água misturada com urina e com o próprio esterco cria o chorume. O chorume depositado diretamente sobre o solo sem proteção infiltra e pode atingir o lençol freático. Dessa forma vai contaminar não só as águas de lá, como qualquer água de nascente ou outra coisa que tiver sendo abastecida por esse lençol. Como matéria orgânica, o chorume, na água, rouba o oxigênio do ambiente para sua decomposição, matando a vida que existe nas cercanias, ou seja, aumenta a mortandade de peixes.
A solução? Esterqueiras!
O chorume sem tratamento, além da contaminação ambiental, atrai moscas e outros insetos que incomodam o gado e podem transmitir doenças para animais e pessoas. Na busca por soluções para o problema, o governo do Paraná criou um programa para construção de esterqueiras.
Não se assuste. Não pense em grandes estruturas e grandes investimentos. A estrutura é muito simples. Um buraco escavado no chão. O tamanho vai depender do número de animais.
O material usado para fazer a impermeabilização, que impede que o chorume passe para o solo e para o lençol freático, é que faz a diferença. A geomembrana é um plástico com alta resistência a agentes físicos e químicos. O material recebe tratamento com uma substância que o torna resistente à ação dos raios de sol e a empresa garante 5 anos de pleno funcionamento.
A Emater-PR recomenda que se utilize uma geomembrana de 0,8 mm de espessura, mais maleável na hora de revestir o buraco, mas ao mesmo tempo, resistente para impedir a infiltração do chorume.
Uma esterqueira de 65.000 litros custa cerca de R$3.000, incluindo tudo (hora-máquina, mão-de-obra, a geomembrana, tudo!)
Mas o que acontece com o chorume?
Lembrem-se de que as fezes do gado têm uma alta quantidade de nutrientes para o solo. Nitrogênio, potássio, fósforo, além de uma quantidade grande de microflora e dos micro-organismos que melhoram a estrutura do solo. Acumuladas na esterqueira, as fezes e urina misturadas formarão o chorume, que deixa de ser problema e vira um aliado nas contas do produtor, pois bem manejado, revolvido e misturado semanalmente, se transforma num ótimo fertilizante. Desta forma, o chorume pode ser usado na adubação das lavouras de milho, para produção de silagem e também na nutrição das pastagens.
O processo
O primeiro passo é a decantação. Parte do produto vai pro fundo, outra parte flutua e fica uma camada líquida no meio. Outro passo é revolver este material que se separou naturalmente. Isto permitirá a entrada de oxigênio, permitindo a melhor decomposição.
O programa da Emater construiu 25 esterqueiras em 3 comunidades de Tomazina. O projeto já ganhou vários prêmios por causa dos benefícios que traz para o meio ambiente. O Rio das Cinzas, que recebe muita água dessa região, agradece.
Leia também:(H4)