Proporciona suporte técnico, capacitação e orientação personalizada aos agricultores, enfrentando a variabilidade de resultados, buscando diminuir as diferenças, além de manter uma boa relação com os produtores
A extensão rural é um processo cooperativo, baseado em princípios educacionais, que tem por finalidade levar, diretamente, aos adultos e jovens do meio rural, ensinamentos sobre a agricultura, pecuária e economia doméstica, visando modificar hábitos e atitudes da família, nos aspectos técnico, econômico e social, possibilitando-lhe maior produção e produtividade, elevando-lhe a renda e melhorando seu nível de vida. Resumindo, a extensão rural é um processo educacional que visa transferir conhecimentos ou tecnologia para as famílias rurais. Tem um caráter coletivo.
A assistência técnica tem um caráter mais individual e limita-se a aplicar a tecnologia via técnico. Neste particular o profissional atua como o detentor do saber e não transfere conhecimentos de forma efetiva para o produtor. De um modo geral a assistência técnica visa resolver problemas imediatos ou pontuais e cria uma acentuada dependência do produtor em relação ao técnico. A extensão rural, pelo contrário, ensina o produtor a resolver seus próprios problemas, instrumentalizando-o para otimizar o uso dos recursos disponíveis, tornando-o menos dependente de fatores externos.
Trata-se de um serviço de educação não formal, de caráter continuado, que desempenha um papel fundamental no espaço geográfico rural. Seu objetivo é dinamizar as economias locais, contribuir para o aumento da produção e renda dos agricultores, garantir a segurança alimentar, promover sistemas agrícolas de baixo impacto ambiental, além de contribuir para a formulação e execução de políticas públicas.
Do exposto depreende-se que a assistência técnica, por seu caráter individual, tem um alcance mais restrito no que se refere ao tamanho da população alvo, enquanto que a extensão rural alcança uma população maior em função do seu caráter coletivo e multiplicativo.
Nesse contexto, os extensionistas rurais desempenham um papel essencial ao atenderem os produtores e focarem no desenvolvimento humano.
Um dos desafios da extensão rural é lidar com a variabilidade de resultados entre produtores que possuem características semelhantes, como clima, tecnologia e genética. Para diminuir essa variabilidade, os extensionistas trabalham de forma personalizada, entendendo as necessidades específicas de cada produtor e auxiliando-os na implementação de boas práticas agrícolas. Eles oferecem suporte técnico, capacitação e acompanhamento contínuo, ajudando os produtores a adotarem as melhores estratégias de produção e gestão.
São características da extensão rural:
- Extensão é um sistema educacional;
- Baseia-se na realidade rural;
- Trabalha com programas elaborados com a população;
- Trabalha de forma integrada com outras agências ou instituições;
- Estimula e utiliza a liderança e o trabalho em grupo;
- Adota a família como unidade de trabalho;
- Começa o processo educativo ao nível do agricultor;
- Articula-se com a pesquisa;
- Faz constante avaliação do trabalho em execução;
- Atua em consonância com a política de desenvolvimento do país;
- Deve ser um sistema apolítico, mas encarada como política pública.
A relação entre o extensionista rural e o produtor é de extrema importância. Um bom relacionamento baseado na confiança e no diálogo facilita a troca de conhecimentos e permite que o extensionista compreenda melhor as demandas e desafios enfrentados pelos produtores. Essa relação próxima e colaborativa proporciona o sucesso das ações de extensão rural e para a implementação eficaz das orientações técnicas fornecidas.
Gerenciar a carteira de produtores atendidos pelo extensionista é um desafio, pois cada produtor possui necessidades e realidades diferentes. Para suprir essas demandas, é essencial que o extensionista tenha uma visão abrangente, organização e capacidade de priorização. Ele deve estabelecer um planejamento estratégico, considerando as particularidades de cada produtor, sempre buscando parcerias e recursos adicionais para ampliar sua capacidade de atendimento.
No contexto da extensão rural, alguns desafios comuns incluem a necessidade de ampliar o alcance do serviço para atingir um maior número de produtores, superar limitações de infraestrutura e acesso a recursos, promover a participação ativa dos agricultores no processo de desenvolvimento e adaptar as práticas às demandas de sustentabilidade ambiental.
A extensão rural desempenha um papel crucial no desenvolvimento sustentável do campo, proporcionando suporte técnico, capacitação e orientação personalizada aos agricultores, enfrentando a variabilidade de resultados, buscando diminuir as diferenças por meio de um trabalho individualizado, além de manter uma boa relação com os produtores.
A gestão dos produtores atendidos e suprir suas necessidades são desafios constantes, mas que podem ser superados com um planejamento estratégico eficiente. Com uma atuação abrangente, a extensão rural contribui para o fortalecimento das comunidades rurais e o progresso das atividades agrícolas, impulsionando o desenvolvimento sustentável no campo.
No momento em que o setor primário brasileiro está necessitando de urgente reengenharia para ajustar-se aos enormes desafios que tem pela frente, como competir com sistemas agropecuários fortemente protegidos por subsídios e barreiras comerciais impostas pelos países desenvolvidos e em especial ao surgimento de novas tecnologias e sistemas sustentáveis de produção, ao mesmo tempo, conta com vantagens comparativas imensuráveis tais como, clima favorável, solos férteis e enormes áreas de terras disponíveis para serem incorporadas ao processo produtivo, torna-se necessário instrumentalizar o homem – produtor rural – para enfrentar esse desafio.
Quem pode assumir esta responsabilidade são extensionistas competentes. Para isso a extensão rural deve ser considerada uma importante política pública e os governos devem dar especial atenção às estruturas e pessoal das instituições públicas necessárias para o desenvolvimento deste importante trabalho no campo. Estruturação das empresas governamentais de extensão rural estaduais, muitas em condições precárias de atuação, com investimentos em equipamentos e benfeitorias, como também na ampliação de seus quadros técnicos e a constante capacitação técnica desse pessoal.
A política de ATER e, de forma especial, da extensão rural devem ter uma ação pública transformadora, capaz de promover microrrevoluções para o campo e, de forma singular, para aqueles que estão excluídos desta ferramenta. Esta deve ser a responsabilidade do Estado e do gestor público de ATER e da extensão rural, com essas ações sendo compartilhadas, integradas e coletivas, e tendo como pressuposto a formação de redes de gestão e de controle social.
O momento em que vivemos exige do Estado o compromisso com um serviço de qualidade e quantidade, e que, sobretudo, dialogue com as pessoas com o objetivo de um desenvolvimento sustentável local e territorial.