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Fauna – Mamangava a polinizadora

Grandes, resistentes e barulhentas. As mamangavas são insetos difíceis de serem predados e, com esses atributos, capazes de se defenderem de inúmeros predadores. Apesar de serem muito temidas com relação ao potencial da ferroada, elas, na verdade, são abelhas solitárias e, de uma forma geral, não são agressivas.

As mamangavas são representadas em mais de 50 espécies no Brasil. Distribuídas por todo o país, são capazes de voar por longas distâncias. Nesses locais, se abrigam no solo e em madeiras, onde cavam galerias em galhos e troncos mortos e madeiras secas para fazer seus ninhos. Cada espaço do abrigo é construído e cuidado com uma finalidade. É nesse ambiente que darão origem à prole e, em câmaras, dividem a estrutura e depositam o pólen e o néctar para servir de alimento para as crias. Apesar de serem abelhas, as mamangavas organizam a morada de maneira distinta das famosas parentes sociais.
Essas abelhas necessitam de uma grande variedade de flores para conseguirem suprir a dieta. E é no campo da alimentação que elas se destacam, quando o assunto é a agricultura. São excelentes polinizadoras do maracujá, cujas flores apresentam as partes feminina e masculina afastadas e o pólen não consegue ser transportado pelo vento. Assim, apenas insetos grandes, quando buscam o néctar nas flores, são capazes de “sujar os pelos” de grãos de pólen e transferi-los para as partes femininas das plantas, contribuindo assim com o processo reprodutivo. Como se não bastasse, elas ainda realizam um tipo diferente de polinização: através da vibração da musculatura do tórax conseguem liberar os grãos de pólen em tomates, berinjelas e pimentões, por exemplo.
A escassez de mamangavas pode prejudicar produções agrícolas. Ao Norte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em áreas de produção de maracujá, a polinização manual tem sido adotada. As pessoas se deslocam polinizando as flores numa área que as mamangavas silvestres são insuficientes para polinizarem as flores dos pomares. O trabalho dos insetos é muito necessário: cada semente do maracujá só se desenvolve a partir da ação de um grão de pólen.
Um alerta importante: as mamangavas estão entrando em extinção em meio ao caos climático. A perda de agentes polinizadores imprescindíveis, causada em parte por flutuações e picos nas temperaturas, pode surtir efeitos terríveis para os ecossistemas e a agricultura.MAMANGAVA (Bombus sp.)
 
Características – são também conhecidas por mangangá, mangava, mangaba, abelhão, bombolini, vespa-de-rodeio, vespão ou mamangava de chão. O gênero Bombus inclui numerosas espécies, como a Bombus terrestris, de ampla distribuição no Brasil. São as grandes abelhas solitárias ou sociais e bastante peludas. A maioria é preta e amarela e quando voam emitem um zumbido alto. Possuem abdome largo e piloso. Medem aproximadamente 3 cm de comprimento. São polinizadoras importantes e contribuem para a manutenção de muitas espécies de plantas nativas, sendo essenciais para a polinização dos maracujás, por exemplo. São nativas e de grande importância nos ecossistemas.
Habitat – áreas rurais e urbanas, matas, margem de matas.
Ocorrência – em todo o Brasil
Hábitos – muito temidas pela ferroada, não apresentam potencial de ataque pois raramente picam, a não ser quando se sentem muito ameaçadas por exemplo quando as seguramos grosseiramente com as mãos ou quando provocadas por algum tipo de barulho ou ser vivo. Se isso acontece, a ferroada é muito dolorosa.
 
Apesar de terem o tamanho avantajado são extremamente dóceis, possibilitando que as observemos coletando o néctar e pólen das flores. Comportamento em geral solitário, mas, em certas épocas do ano, sociais. Quando sociais, vivem em colmeias de dez a duzentos indivíduos. A mamangaba produz mel mas em pouca quantidade, armazenando-o dentro de potes de cera, não em favos e somente o necessário para saciar a fome das larvas em desenvolvimento. Os abelhões operários, que trabalham na coleta de néctar, usam partes da boca para mordiscar e furar as folhas de plantas que não estão em floração, para as estimular a desabrochar mais cedo. Em algumas épocas do ano as mamangavas são observadas em grande quantidade. Ativas o ano todo.
 
Alimentação – néctar e pólen.
Reprodução – nidificam no solo ou em madeira seca. Seus ninhos são construídos no solo ou em ocos de árvores preferencialmente em barrancos, podendo também fazer ninhos debaixo do piso de casas ou nos jardins. A rainha prepara o ninho para suas necessidades, forrando-o com grama, palha e musgo e constrói uma concha de cera, onde coloca pólen e uma dúzia de ovos. Depois lacra a concha com cera e constrói um alvéolo na entrada do ninho para armazenar mel. As larvas que saem dos ovos alimentam-se do pólen e do mel que a rainha coloca na concha através de um buraco. Nos ninhos, os insetos percorrem diversas fases de vida: desde os ovos às larvas, seguindo para pequenas pupas imóveis, até se tornarem adultos e saírem das câmaras em busca de alimentos e novas madeiras ocas para darem continuidade ao ciclo. Nas colônias, algumas operárias também põem ovos não fecundados no final do verão, dos quais irão nascer machos. A rainha bota dois grupos especiais de ovos, zangões e rainhas.
 
As novas mamangavas rainhas e os machos deixam o ninho e voam para acasalar, e as fêmeas saem em busca de novas colônias. No final do verão, o ninho já tem centenas de mamangavas. Somente as rainhas jovens fecundadas sobreviverão para começar as novas colônias. A presença de madeiras secas nos ambientes é fundamental para evitar que essas abelhas sofram com a perda de um dos dois recursos fundamentais para a sua vida: ter onde morar e ter onde se alimentar.
Ameaças – agrotóxicos como os neonicotinoides (extremamente tóxicos para todas as abelhas), destruição de habitats, a disseminação de patógenos, a liberação de abelhas não nativas para polinização comercial e as mudanças climáticas. Sua perseguição, destruição, caça ou apanha é proibida no Brasil de acordo com a Lei Federal nº 9605 de 12 de fevereiro de 1998 (artigo 29).
 
A população de mamangavas está em declínio. Novas pesquisas concluem que os insetos são muito menos comuns do que eram. Na América do Norte, a chance de avistar uma mamangava é 50% menor em qualquer local em comparação a antes de 1974. Várias espécies anteriormente comuns desapareceram de muitas regiões onde eram encontradas, extinguindo-se de forma pontual nesses locais. As mudanças climáticas é o mais novo fator que vem contribuindo para a extinção das mamangavas. Os cientistas descobriram que, nas regiões que se tornaram mais quentes na última geração ou que sofreram oscilações mais extremas de temperatura, as mamangavas ficaram menos abundantes. Na Europa, estão 17% mais raras do que no início do século 20. Os cientistas analisaram a população de 66 espécies nos dois continentes. O estudo da Universidade de Ottawa, Canadá, sugere que o “caos climático” seja o principal fator causador do declínio das mamangavas. Essas reduções nas populações ocorrem porque as espécies estão sendo expulsas para regiões fora das faixas de temperaturas toleradas por elas. Seu desaparecimento em uma região significa que se mudaram para outro local ou morreram.
 
Caminhos a seguir – é possível fazer algumas coisas para ajudar as abelhas. Entre as soluções mais simples estão o plantio de áreas verdes, com flores nativas que sirvam de alimento às mamangavas e outras espécies, e evitar o uso de agrotóxicos como neonicotinoides. Criar canteiros de flores que floresçam continuamente também pode ajudar, além da não remoção das folhas secas do solo (que mantém a alta qualidade do mesmo), o local ideal para os insetos fazerem suas tocas.
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