Eis uma possibilidade de solução para o aproveitamento de áreas urbanas destinadas à produção agrícola intensiva e para a aproximação dos polos de produção e consumo
O sistema envolve a produção agrícola controlada em construções urbanas, onde as variáveis ambientais são controladas, permitindo o dobro ou até o triplo de desempenho em comparação à agricultura tradicional. A utilização de variedades e híbridos adaptados de forma específica para esse tipo de ambiente e o manejo adequado dos cultivos podem aumentar essa proporção.
Dados já comprovam que a média de produtividade de tomate para consumo in natura em campo aberto gira, no Brasil, em torno de 70 a 90 toneladas por hectare. No cultivo em estufa, não são incomuns produtividades de até 200 toneladas por hectare! Segundo os especialistas, o cultivo em fazendas verticais tem potencial maior ainda. Em experimentos científicos na Holanda, utilizando ambiente controlado com tomate, já foram alcançadas produtividades equivalentes a mil toneladas por hectare.
Utilização de espaços abandonados
Mais uma vantagem do sistema é a utilização de áreas urbanas marginais, ocasionando decréscimo nos custos do cultivo.
No mundo, já existem algumas empresas que investem em fazendas verticais ou “plant factories”. Recentemente, o lançamento da startup Plenty, no Vale do Silício (EUA), recebeu atenção especial da mídia. A AeroFarms, também nos Estados Unidos, é outro projeto do gênero em desenvolvimento. Alguns países asiáticos, como Coreia do Sul e Singapura, têm realizado pesquisas avançadas com o conceito de fazendas verticais.
No Brasil, o interesse por fazendas verticais ainda é pequeno. No entanto, dois fatores têm aumentado a área de agricultura em ambientes protegidos (neste caso, em proporção mais modesta que as ‘vertical farms’): o crescimento da população urbana, principal consumidora de hortaliças e frutas, e o aumento da incidência de eventos climáticos extremos, que afetam de forma negativa a produção desses dois grupos de cultivos.
As áreas de cultivos protegidos têm se concentrado ao redor de grandes centros urbanos, formando expressivos cinturões brancos (em relação à cor do plástico das estufas), como ocorre ao redor de Brasília, São Paulo e mesmo Manaus. Em Belo Horizonte há um projeto desse tipo em um dos shoppings da cidade, que utiliza seu terraço para o cultivo.
As fazendas verticais atendem às demandas atuais, diante da maior incidência de eventos climáticos extremos, da pressão urbana por terras agricultáveis, da preocupação com a diminuição de perdas de alimentos pós-colheita (grande parte se perde no transporte!) e da pressão ambiental por uma agricultura mais eficiente no uso de insumos, mais produtiva, menos dependente do uso de grandes áreas e mais saudável para o consumidor.
Fonte: SNA