O objetivo é aumentar a qualidade dos animais, garantir a reposição do rebanho leiteiro e manter o padrão F1
A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) está investindo na biotecnologia da fertilização in vitro (FIV) para gerar vacas ½ sangue girolando de alta qualidade genética. O objetivo é aumentar a qualidade dos animais, garantir a reposição do rebanho leiteiro e manter o padrão F1 (metade gir e metade holandês) difundido pela empresa.
A fertilização in vitro é alternativa para garantir esse padrão ½ sangue gir e ½ sangue holandês, uma vez que a recria por cruzamento normal entre animais que já são girolando poderia gerar animais ¾ gir ou ¾ holandês. Com essa técnica é possível aumentar a produção de animais F1, provenientes do rebanho gir leiteiro, para revitalizar o plantel de animais para a pesquisa e, em breve, ter uma quantidade para ofertar aos produtores.
Os trabalhos começaram pelos campos experimentais de Felixlândia e Santa Rita (localizado em Prudente de Morais), mas a ideia é expandir para todas as unidades leiteiras da empresa, que pretende acelerar o melhoramento do de seu rebanho experimental e gerar animais de qualidade para disponibilizar aos produtores, contribuindo assim para o melhoramento do rebanho leiteiro de Minas Gerais.
O interesse das pesquisas é por um rebanho de alta qualidade genética e com boa adaptação a pasto e aptidão para a produção de leite. Segundo os pesquisadores, manter um rebanho F1 de alta qualidade é difícil em qualquer propriedade. Com o avanço dessas técnicas de biotecnologia, como a de fertilização in vitro, será possível produzir embriões com os oócitos (células que dão origem aos óvulos) do rebanho gir leiteiro da Epamig e sémen de touros holandeses, altamente qualificados e selecionados.
Na fase inicial estão sendo aproveitados apenas embriões de fêmeas. Pela biologia geraria-se 50% de fêmeas e 50% de machos, já com a FIV se consegue implantar apenas embriões sexados de fêmea, com 95% de assertividade. O que é interessante, pois se busca a reposição do rebanho leiteiro. A tecnologia possibilita gerar vacas com alto valor genético para a produção de leite, embutindo as características dos animais F1 da Epamig, que possuem rusticidade e boa adaptação a sistemas de pastejo.
Gir leiteiro Epamig
O Campo Experimental Getúlio Vargas, da Epamig em Uberaba, é referência na seleção e no melhoramento genético do gado Gir Leiteiro no Brasil. Os trabalhos, que tiveram início na década de 1940, contemplam áreas como reprodução, produção e qualidade do leite, manejo da ordenha, nutrição, alimentação e sanidade, sempre com foco na diminuição dos custos de produção e na agregação e proposição de novas tecnologias.
As fêmeas resultantes dessas sete décadas de pesquisas são a base da tecnologia que a Epamig busca disseminar com a fertilização in vitro. Ao utilizar oócitos de vacas pertencentes ao programa de Melhoramento do Gado Gir Leiteiro, a empresa pretende garantir a manutenção dessa alta qualidade genética e potencializar as características do rebanho.
O Gir leiteiro é uma raça zebuína, originária da Índia, que possui boa adaptabilidade e alta produtividade leiteira em regiões de clima tropical. Os animais se destacam pela rusticidade, docilidade, capacidade produtiva e reprodutiva e boa produção de leite a pasto.