Na língua indígena tupi, pequi quer dizer casca espinhenta. É que o caroço do pequi é coberto com centenas de microespinhos que podem perfurar os lábios, língua e céu da boca de comensais com pouca habilidade, e podem penetrar em grande quantidade e tão fundo que, para retirá-los, só com a ajuda de profissionais da saúde. O fruto amarelo de cheiro forte impregna seu gosto marcante por onde quer que passe. Durante a temporada, que vai de novembro a março, a fruta é responsável pelo sustento de diversas famílias da região do cerrado. Além da polpa e do caroço em conserva, comercializa-se o óleo, creme, farinha, paçoca de pequi com carne de sol e castanha desidratada do fruto. Altamente nutritivo, o pequi contém mais vitamina C que a laranja, além das vitaminas A, E, carotenoides e gordura do bem, tem propriedades anti-inflamatórias e pode ser 100% aproveitado, da casca à semente. E quem conhece bem a fruta garante que ele também tem efeitos afrodisíacos. O pequi é o viagra do sertão.
Apesar desses predicados, o pequi não é para iniciantes, não apenas porque não é qualquer paladar que aceita seu sabor único e marcante, mas porque o próprio processo de cair de boca no pequi é, digamos, espinhoso. Erro comum de principiante: o pequi não deve nunca ser mordido, mas roído com cuidado, observando a curta distância entre os espinhos e a boca.
Comumente encontrado livre na natureza, a coleta do pequi se dá, há séculos, de forma irrestrita: embora hoje a plantação comercial esteja em alta, em muitos lugares ainda basta entrar no mato e coletar o pequi. Para os indígenas que habitavam o semi-árido, aliás, os pequizeiros sempre foram uma importante fonte de alimento, a ponto de serem considerados um presente divino.
PEQUIZEIRO (Caryocar brasiliense)
Ocorrência – São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.
Outros nomes – piqui, pequizeiro, piquiá bravo, amêndoa de espinho, grão de cavalo, pequiá, pequiá pedra, pequerim, suari, piquiá.
Características – árvore semidecídua com 6 a 10 m de altura, com tronco tortuoso de 30 a 40 cm de diâmetro. Folhas compostas trifolioladas, opostas, com folíolos pubescentes com até 20 cm de comprimento, com bordos irregulares, com o lado inferior mais claro, recobertos por densa pilosidade, assim como as extremidades dos ramos. Ramos grossos normalmente tortuosos, casca cinzenta com fissuras longitudinais e cristas descontínuas. Flores com até 8 cm de diâmetro, são hermafroditas, compostas por cinco pétalas esbranquiçadas, livres entre si, com numerosos e vistosos estames. Os frutos são do tipo drupa com seus caroços envolvidos por uma polpa carnosa. O caroço é lenhoso e formado por grande quantidade de pequenos espinhos, que podem ferir dolorosamente a mucosa bucal quando ingerido por incautos. Um Kg de caroços contém aproximadamente 145 unidades.
Habitat – cerrado
Propagação – por sementes que devem ser obtidas de plantas sadias, que possuam caroço grande, polpa espessa e coloração variando do amarelo ao laranja. Sua coleta ocorre geralmente entre os meses de outubro e janeiro. Para uma boa germinação, os frutos devem ser coletados quando estiverem completamente amadurecidos. Posteriormente, retira-se a casca e as sementes do caroço, colocando-os amontoados em um recipiente limpo durante uma semana. A remoção da polpa é realizada em água corrente, ou em betoneira, que é a agitação das sementes com brita (pedra) média e grossa. As sementes são secadas à sombra, em lugar ventilado, durante uma ou duas semanas. A germinação é baixa e lenta. Para obter melhores resultados, as sementes devem ser mergulhadas por 48 horas em ácido giberélico, sendo, posteriormente, semeadas.
A sementeira deve ser construída em canteiros com 1 m de largura e leito de 10 cm de espessura (contendo areia grossa e peneirada). Os caroços são semeados com folga de 1 cm entre eles e recobertos com 1 cm de vermiculita ou pó de serra. A irrigação deve ser feita diariamente para manter úmido o leito da sementeira. Após o início da emissão da radicela, as mudas podem ser transplantadas para sacos de polietileno, que são pretos, sanfonados e perfurados (na base e na lateral), com capacidade para 4 litros de substrato. No viveiro, estes sacos são colocados em canteiros de 2, 3 ou 4 filas, com espaço de 60 cm a 80 cm. Recomenda-se que as mudas permaneçam no viveiro até a próxima estação chuvosa, quando estarão prontas para o plantio ou para a enxertia.
Madeira – moderadamente pesada, macia, resistente e de boa durabilidade natural.
Utilidade – madeira é própria para xilografia, construção civil e naval. Os frutos são comestíveis e apreciadíssimos pelas populações do Brasil Central. O caroço com a polpa (mesocarpo) é cozido com arroz, usada para preparo de licor e para extração de manteiga e sebo. Os frutos são também consumidos por várias espécies da fauna, que contribuem para a disseminação da espécie. É adequado para o paisagismo tanto para grandes parques como para pequenos jardins residenciais, pois seu porte não é muito avantajado.
Florescimento – agosto a novembro
Frutificação – setembro a fevereiro
Ameaças – destruição do habitat. A árvore do pequizeiro tem sido utilizada para a produção de carvão por ser considerada uma madeira de boa qualidade, devido ao fato de ser resistente à chuva e insetos. A madeira do pequizeiro também é bastante requisitada para produção de móveis rústicos, mas essa produção, na maioria das vezes, não vem de artesãos locais, e sim por indústrias que destroem uma das principais fontes de sustento das comunidades.A árvore do pequizeiro tem sido utilizada para a produção de carvão por ser considerada uma madeira de boa qualidade, devido ao fato de ser resistente à chuva e insetos. A madeira do pequizeiro também é bastante requisitada para produção de móveis rústicos, mas essa produção, na maioria das vezes, não vem de artesãos locais, e sim por indústrias que destroem uma das principais fontes de sustento das comunidades.