APICULTURA -  Como montar um apiário

Agricultor ajudando bezerro fraco de fome a levantar em meio ao mato que cresce no lugar do capim - Foto: Caíque Rodrigues/G1 RR

Uma combinação devastadora de estiagem prolongada, incêndios florestais e pragas levou à morte de mais de 7 mil cabeças de gado em Roraima, no norte do país, devastando pastagens e levando a pecuária local a uma crise. O prejuízo estimado é de R$ 63 milhões, com mais de 54 mil hectares de pastagens destruídos. O levantamento foi feito pelo Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do estado (Iater), que também realizou mais de 845 diagnósticos preliminares em áreas de produção agropecuária em 10 municípios.

A combinação de estiagem prolongada e incêndios florestais já diminuiu as pastagens e a proliferação de pragas, como a lagarta militar ou lagarta-do-cartucho-do-milho (Spodoptera frugiperda), a lagarta conhecida como curuquerê-dos-capinzais (Mocis latipes) e o percevejo-das-gramíneas (Blissus leucopterus), têm atacado severamente as pastagens, reduzindo ainda mais a disponibilidade de forragem, comprometendo a produção animal.

As pragas que infestam as pastagens de Roraima

As lagartas militares ou do cartucho (Spodoptera frugiperda) e o curuquerê-dos-capinzais (Mocis latipes) surgem de larvas depositadas por espécies de mariposas. Essas lagartas se alimentam justamente da folhagem da vegetação disponível para alimento do gado. Já os percevejos-das-gramíneas (Blissus leucopterus), são insetos sugadores que se alimentam da seiva das plantas, que são as principais fontes de forragem para bovinos. A superpopulação das lagartas está relacionada ao desequilíbrio ambiental causado pelo El Niño intenso nos primeiros meses do ano em Roraima. Com a estiagem e os focos de calor, diminuiu a população de predadores naturais dessas pragas nas áreas rurais e o impacto tem sido, principalmente, no rebanho.

Uma outra hipótese levantada por pesquisadores da Embrapa Roraima, mas que ainda precisa de estudos para comprovação, é que a forte estiagem, somada às queimadas, criminosas ou não, eliminaram ou fizeram diminuir a proporção dos inimigos naturais destas lagartas e percevejos. Outros insetos, sapos, rãs, morcegos, passarinhos e libélulas, que convivem e são os inimigos naturais dessas pragas, simplesmente não se reproduziram na mesma velocidade.

Outro fator que contribuiu para este cenário de mortandade dos animais foi o preço da carne. A estiagem também fragilizou a própria pastagem que não cresceu forte e nutrida. Para este ponto, os técnicos sugerem o manejo do solo que pode auxiliar na manutenção da pastagem. A falta de forragem não apenas reduz a produção de carne e leite, mas também impacta negativamente no sustento das famílias rurais, principalmente os pequenos produtores, que exploram a bovinocultura. Sem ter pasto para se alimentar diariamente, o gado morre. Um boi consegue sobreviver sem comida por até 20 dias, dependendo do estado nutricional. Sem água, sobrevive até 4 dias, no máximo. As alternativas para enfrentar o problema incluem substituir a pastagem morta por alimentos conservados, como silagem (alimento conservado) ou feno (mistura de plantas secas).

Animais mortos na pastagem seca
Animais mortos na pastagem seca

Recomenda-se fornecer milho-grão inteiro junto com núcleo proteico mineral vitamínico. Diversas plantas podem ser usadas para produzir feno, assim como palhadas de culturas. Coprodutos de agroindústria indústria, como a borra de dendê em Roraima, também são opções para substituir a pastagem. O alimento mais viável e seguro para garantir a saúde do animal é a silagem, sendo um processo mais simples e barato para o pequeno produtor. O feno pode ser caro para pequenos produtores, por isso, é necessário pesquisar a alternativa que melhor sirva para substituir a pastagem.

Essas alternativas são essenciais quando não há pastagem disponível devido a ataques de pragas e queimadas, que resultaram em grande mortalidade de animais. Os produtores devem se precaver e planejar com esses alimentos alternativos para evitar futuras perdas.

Bezerro magro e fraco por não ter o que comer - Foto: Caíque Rodrigues/G1 RR
Bezerro magro e fraco por não ter o que comer – Foto: Caíque Rodrigues/G1 RR

Por causa desse cenário, o governo de Roraima publicou na última quinzena de junho um decreto emergencial de apoio à pecuária familiar, onde está sendo investido o valor de até R$ 1.750 por hectare perdido para serem aplicados na recuperação do pasto e apoio aos pecuaristas. O teto para receber o auxílio é de cinco hectares para cada produtor. Outras ações de apoio incluem fornecimento de água para consumo humano e animal; apoio técnico para a recuperação de pastagens e renegociação de dívidas dos produtores rurais afetados.

Agora em julho, teve início o programa recuperação de pastagem, onde são disponibilizados tratores com grades aradoras para ajudar nas áreas degradadas. Para ter acesso ao benefício emergencial, o produtor rural deve ter o diagnóstico do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural que comprove o prejuízo. Mesmo com a pastagem recuperada, é necessário que os produtores agropecuários busquem uma capacitação para garantir o alimento do gado no período de estiagem.

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