Quanto maior a velocidade com que os animais ganham peso diariamente, mais rápido eles atingem o peso de abate ou peso para entrada em confinamento
Um dos principais indicadores que impactam positivamente na produtividade da pecuária de corte está baseado no ganho de peso do animal. Quanto maior a velocidade com que os animais ganham peso diariamente, mais rápido eles atingem o peso de abate ou peso para entrada em confinamento, em sistemas voltados exclusivamente para a recria.
Isso permite girar o estoque de forma otimizada, aumentando as receitas – devido ao maior volume – e reduz o tempo de permanência do animal na fazenda, reduzindo assim, seu custo final.
Um animal que gera custos de R$ 25,00/mês e permanece 10 meses na fazenda, tem um custo total de R$ 250,00. Se este mesmo animal permanece 15 meses, seu gasto total passa a ser de R$ 375,00. E o valor da arroba não aumenta! Ou seja, a margem de lucro do animal que permanece mais tempo na fazenda é menor.
Média de desenvolvimento muito abaixo do viável
Estudos demonstram que, no Brasil, um animal desmamado com 180 Kg, leva cerca de 29 meses para atingir o peso mínimo ideal de abate. Se diversas ações fossem tomadas e sistemas e tecnologia fossem utilizados corretamente, para que este mesmo animal desempenhasse todo seu potencial genético seriam necessários um pouco menos de 11 meses! Percebe a diferença?
O que um produtor pode fazer para alcançar este potencial genético ideal ou chegar o mais próximo disto? Atenção nos seguintes itens:
1 – Carga/Suporte Fazenda. A fazenda de criação de gado deve ser tratada como uma lavoura de capim. Para que as plantas consigam se desenvolver, é essencial que se respeite 3 necessidades:
- de reposição de nutrientes do solo;
- de crescimento da planta;
- do que o animal necessita consumir.
Por exemplo, em uma fazenda do Brasil Central, com boa fertilidade natural de solo e com período de chuvas bem delineado de outubro a março, uma pastagem pode produzir até 9.000 Kg de matéria seca por hectare por ano.
Para manter o solo, precisamos deixar aproximadamente cerca de 2.000 Kg ms/ha/ano como cobertura morta e para a planta produzir adequadamente no próximo ano, precisamos de mais 2.500 Kg ms/ha/ano como resíduo da touceira no final da seca.
Desta forma, sobra para o animal cerca de 4.500 Kg ms/ha/ano para ser consumido durante todo o ano. Se um animal de peso médio de 400 Kg consome em média 2,5% do peso vivo por dia, seu consumo será de 10 Kg/dia.
Para calcular a capacidade de suporte desta fazenda por ano (em quilos de peso vivo por hectare), basta dividir a massa de forragem disponível para os animais no ano (4.500 Kg ms) pelo consumo anual de um animal (peso médio X 2,5% X nº de dias de consumo no pasto).
2 – Carga/Suporte. É essencial que a carga suporte não seja a média da fazenda. Por exemplo, se tivermos 10 pastos, com 5 acima da carga aceitável e 5 abaixo e na média a fazenda estiver dentro da carga ideal, o desenvolvimento das pastagens fica comprometido.
É preciso ter o controle de carga/suporte pasto a pasto. É evidente que esta conta serve apenas como um direcionamento. Por isso é muito importante que a equipe da fazenda esteja muito bem treinada em manejo de pastagens, principalmente nas alturas de entrada e saída de gado e com o “olho treinado”, para avaliar, pela aparência da forragem, o suporte de cada pasto.
3 – Constância de Produto no Cocho. É de conhecimento de todos que as pastagens brasileiras têm deficiências de uma série de nutrientes que são fundamentais para garantir o ganho de peso. Por isso, a suplementação, apesar de corresponder a apenas cerca de 1% do total médio anual de alimentos ingeridos pelo animal, é fator chave para o sucesso. Como este 1% tem o potencial de balancear os 99% provenientes da pastagem, a adequação do suplemento é fundamental para que o rebanho possa expressar todo o potencial de ganho, dentro das condições das pastagens oferecidas.
4 – Entreveros. Ocorrem todas as vezes em que um ou mais animais invadem lotes distintos ao seu de origem. Isso acontece em grande maioria, devido à falta de manutenção ou má qualidade das cercas divisórias. Essa mistura entre animais que não possuem o costume de estar juntos causa um abalo na estrutura de poder do grupo, podendo incorrer em brigas e “montação” (sodomia). Agitados, os animais consomem energia e consequentemente reduzem o ganho de peso.
5 – Tamanho do Lote. Em todos os grupos, existem hierarquias definidas, inclusive em um lote de animais dentro de um pasto. Normalmente, eles seguem a curva de distribuição normal, onde 20% são mais fortes, 70% são normais e 10% são mais fracos. Caso o lote tenha 100 animais, serão 10 animais fracos e que normalmente irão comer e beber em piores condições. Caso o lote tenha 50, serão 5 e caso tenha 20 serão 2. Ou seja, a redução do lote implica na redução do número de animais fracos dentro do mesmo grupo, fazendo com que haja mais homogeneidade de ganho de peso em toda a fazenda. Respeitado os tamanhos de lotes por categoria, minimizam-se as disputas e um lote harmônico expressa melhor seu potencial de ganho.
Outro ponto que é influenciado pelo tamanho dos lotes é que lotes grandes exigem áreas grandes. Em áreas grandes, o consumo ocorre próximo a área de cocho e pode haver grande heterogeneidade de consumo de capim dentro do pasto, com super consumo perto do malhadouro (áreas de descanso) e sub consumo em áreas mais afastadas.
6 – Sanidade. Não podemos ter sócios indesejáveis dentro do nosso negócio. A presença de vermes e parasitas nos animais consomem seus nutrientes e energia, fazendo com que o ganho de peso fique comprometido. Por isso é importante ter, por exemplo, um planejamento sanitário bem definido e estruturas de fossas cercadas e bem localizadas para descarte de ossadas, evitando o desenvolvimento de botulismo pelo consumo dessas ossadas pelos animais e a contaminação das aguadas.
Qualidade da água é fator fundamental para o desempenho do rebanho
A água é um recurso natural fundamental para a produção de bovinos de corte e de leite e por isso, deve estar disponível em quantidade e qualidade, o que exige manejo adequado, tanto para dessedentação dos animais como na higienização das instalações e na retirada dos dejetos.
Fonte: Prodap