Saber identificar as pragas que comprometem a sua lavoura é o primeiro passo para definir ferramentas que auxiliem no controle delas
A cultura do algodão brasileira tem se mantido entre os cinco maiores produtores e exportadores mundiais de pluma. De acordo com dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), na atual safra 2019/20, a produção estimada é de 2,93 milhões de toneladas de pluma, 5,4% superior à da temporada passada.
Um dos maiores desafios dos cotonicultores é a grande quantidade de pragas que atacam esse tipo de cultura e, se não controladas, podem reduzir drasticamente a produtividade e rentabilidade das lavouras.
Identifique os principais invasores dos algodoeiros:
Ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus): também conhecido como ácaro tropical ou ácaro da rasgadura, é considerada uma das pragas mais importantes que atacam o algodoeiro. Ele prefere ambientes úmidos e quentes. A combinação de temperatura e umidade altas, juntamente com baixa luminosidade faz surgir populações elevadas dessa praga, mas no algodoeiro isso depende mais da idade da planta do que das condições de temperatura e umidade. O ácaro-branco é quase invisível à olho nú. A fêmea tem coloração branca e amarelada, brilhante, medindo cerca de 0,2 mm de comprimento.
O macho é ligeiramente menor, apresentando coloração branco-hialina, brilhante. Os ovos desse ácaro, muito característicos, são colocados isoladamente na face inferior das folhas novas; são achatados, com imensas saliências superficiais de cor branca. O ácaro-branco não tece teias. O ácaro branco faz com que as folhas do algodão fiquem bem verde-escuras com as bordas voltadas para baixo. As folhas tornam-se coriáceas, duras, e rasgam facilmente. Uma curiosidade é que quando o ataque é em folhas novas, como a da foto anterior, elas rasgam pelo fato de que as nervuras continuam crescendo e a folha não. As folhas apresentam ondulações, virando a margem para baixo à medida em que envelhecem.
Ácaro-rajado (Tetranychus urticae): é uma praga sugadora com coloração que varia de verde-amarela a verde-escura, manchas no dorso e corpo mole. O adulto possui tamanho que varia de 0,6 mm a 1 mm.
Preferem ficar localizados na parte inferior das folhas. Produz teia, usada para sua proteção, o que pode auxiliar na identificação da ocorrência da praga. Atacam as folhas, onde surgem manchas avermelhadas e lesões descoradas. A partir dos danos às folhas, o restante da planta é afetado, reduzindo a qualidade das maçãs.
Ácaro-vermelho (Tetranychus ludeni): são de cor vermelha intensa, medindo cerca de 0,5 mm de comprimento e são visíveis a olho nú. Os machos são menores, em média com 0,26 mm de comprimento. As formas jovens apresentam-se de cor amarelo-esverdeada.
Vive na face inferior das folhas, provocando sintomas semelhantes ao ácaro rajado, ou seja, avermelhamento da sua face superior, no local oposto ao desenvolvimento da colônia, que no final atingem toda folha, que posteriormente ocorre um desfolhamento total de plantas.
Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis): trata-se da praga com maior ocorrência nos algodoais, com poder de destruição de até 70% da lavoura em uma única safra. É um besouro da família dos curculionídeos, de coloração cinzenta ou castanha e mandíbulas afiadas, utilizadas para perfurar o botão floral e a maçã dos algodoeiros. A origem do inseto é a América Central e ele chegou ao Brasil em 1983, no Estado de São Paulo.
No mesmo ano, também foi encontrado no Nordeste. O adulto tem comprimento médio de 7,0 mm, com variação de 3,0 a 9,0 mm, e uma largura equivalente a um terço do comprimento. Os ovos, larvas e pupas se desenvolvem no interior dos botões florais e maçãs. O ciclo de vida de ovo a adulto é completo em cerca de 20 dias e podem ocorrer de quatro a seis gerações do besouro durante uma safra. O ataque acontece nos botões florais, podendo ocasionar a destruição completa da planta.
Mosca-branca (Bemisia tabaci): inseto pequeno, com 2,0 mm de comprimento, de metamorfose incompleta. Na fase adulta, os dois pares de asas membranosas são recobertas por uma substância pulverulenta de cor branca. Quando em repouso, as asas são mantidas um pouco separadas, com os lados paralelos, o que deixa o abdômen visível.
Durante a fase adulta são insetos ativos e ágeis, e quando perturbados voam rapidamente. Nessa fase, são capazes de se dispersar pelo vento tanto a curta como a longa distância, em altura elevada. Se alimenta da seiva dos floemas, retirando os nutrientes das plantas e levando-as à morte ou queda na produção. As folhas atacadas ficam amarelas e caem.
Percevejo-castanho (Scaptocoris castanea): branco quando jovem e marrom-claro quando adulto, é um inseto subterrâneo que suga a seiva da raiz do algodoeiro. É uma espécie polífaga, ou seja, se alimenta de uma ampla variedade de fontes alimentares, atacando diferentes culturas. O inseto adulto tem de 7,0 a 9,0 mm de comprimento e até 5,0 mm de largura, com as patas anteriores adaptadas para escavar.
É encontrado no solo – predominantemente em solo arenoso – o ano todo e tem duas gerações anuais. Quando há abundância de água, os insetos adultos afloram na superfície e saem para acasalar nos finais da tarde, coincidindo com o período de cultivo do algodão. Larvas e insetos adultos sugam continuamente a planta, fazendo-a definhar e morrer. As larvas também inoculam um componente tóxico que impede a rebrota.
Pulgão-do-algodoeiro (Aphis gossypii): no início do desenvolvimento, apresentam corpo mole e podem ser encontrados na forma áptera (sem asas) e alada (com asas), sendo estes últimos responsáveis pela disseminação da praga na área de cultivo. Seu tamanho pode variar de 0,15 a 1,5 mm de espessura e sua coloração de amarelo-claro ao verde. É uma praga sugadora causando danos diretos pela sua alimentação e também indiretos pela transmissão de viroses, como o vermelhão do algodoeiro e o mosaico-das-nervuras, que provoca amarelecimento das folhas.
Possui uma enorme capacidade de reprodução e infestação e ataca a planta como um todo. Os pulgões enfraquecem o algodoeiro pela sucção constante. Ao se alimentarem, os pulgões liberam soluções açucaradas que favorecem o desenvolvimento de fumagina, causada pelo fungo do gênero Capnodium sp., que se aproveita dos exsudatos. A fumagina também é danosa, pois afeta drasticamente a fotossíntese da planta. Quando os danos acontecem na fase de abertura das maçãs, causa o chamado “algodão caramelizado”, sintoma este que auxilia na identificação da praga.
Lagarta-do-cartucho ou lagarta-militar (Spodoptera frugiperda): bem conhecida pelo ataque que promove nas culturas de milho. A mariposa tem asa anterior cinza escura e posterior branco acinzentada, com cerca de 35 mm de comprimento. A mariposas colocam seus ovos nas plantas à noite sobre a face inferior das folhas ou sobre as brácteas do algodão. Cada fêmea coloca entre 150 a 500 ovos. A lagarta apresenta comprimento que chega a 40 mm, coloração variada (pardo escura, verde ou quase preta) com finíssimas linhas longitudinais branco amareladas na parte dorsal do corpo.
A eclosão das lagartas ocorre de 3 a 4 dias após a postura dos ovos e medem pouco mais de 1 mm de comprimento. Ao final da fase larval, atingem entre 35 a 40 mm de comprimento. O ataque ocorre principalmente da parte mediana da planta até ao ponteiro. A fase mais crítica vai da formação dos botões florais até ao aparecimento dos primeiros capulhos, reduzindo a produção de fibras. As larvas raspam as folhas, ocasionando perfurações em formatos variados. É conhecida pela resistência a inseticidas. Em situações de grande infestação, há ataques ao colmo, ocasionando, assim, a queda da planta, ou o chamado “coração morto”.
Para manter o nível de infestação dos insetos sob controle é preciso a adoção de um conjunto de medidas por parte do cotonicultor. Entre elas está o Manejo Integrado de Pragas (MIP), utilizado em conjunto com os controles químico e biológico. O sucesso do MIP depende de um monitoramento eficiente e constante!
Fique de olho, identifique o inimigo e procure a solução mais eficaz para o seu problema. Caso tenha dificuldade, procure um consultor (Engenheiro Agrônomo) ou se informe nas lojas agropecuárias.