Pesquisadores seguem em busca de conter a doença que vem se propagando rapidamente nos pomares comerciais
A incidência de greening, ou Huanglongbing (HLB), em lavouras de cítricos cresceu 56% no último ano, segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). A doença, que afeta citros e ameaça a citricultura global, foi registrada em mais de 130 países. No cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais, 38,06% das laranjeiras apresentaram sintomas de greening, o que equivale a 77,22 milhões de árvores doentes.
Disseminado pelo psilídeo asiático Diaphorina citri, o HLB tem uma dinâmica epidemiológica complexa, dificultando seu controle. Diferente de culturas anuais, a infecção de uma árvore cítrica é irreversível. O governo dos EUA já investiu mais de US$ 2 bilhões para tentar conter a doença, especialmente na Flórida, maior competidor do Brasil na produção de laranjas.
Trata-se de uma doença sistêmica causada por uma bactéria que se multiplica no floema da planta. Essa bactéria é trazida por um inseto vetor, o psilídeo, que se reproduz rapidamente, sendo capaz de completar o ciclo de vida em cerca de 14 a 30 dias, dependendo da época do ano. Uma das principais causas do avanço do greening tem sido a prática de se manter árvores doentes em pomares comerciais, principalmente aquelas que estão em produção, com controle insuficiente do psilídeo. Isto tem propiciado, ano após ano, o aumento da população de psilídeos infectivos também dentro dos pomares comerciais e, consequentemente, o aumento da incidência de greening.
Diante desse quadro, a recomendação do Fundecitrus é a prevenção. As principais medidas são o controle do inseto vetor, a inspeção de pomares para que plantas doentes sejam eliminadas e não contaminem outras saudáveis, e o uso de mudas sadias, cultivadas em viveiros protegidos.
A manutenção de plantas doentes no campo se torna uma “bomba relógio”, pois se o controle do inseto for mal feito ou ineficiente, essa planta se tornará um criatório de psilídeos contaminados que disseminarão a doença para outros pomares. A eliminação de plantas sintomáticas passou a ser obrigatória apenas para pomares com idade inferior a oito anos. O controle do psilídeo é obrigatório em todos os pomares, independente da idade.
Para orientar os produtores sobre o cuidado com as plantações, o Fundecitrus redobrou suas ações no campo, com ações de comunicação, treinamentos, palestras, reuniões com produtores, monitoramento regional do inseto vetor e eliminação de plantas doentes em pomares não comerciais. O objetivo é tornar essas práticas, estudos e pesquisas conhecidas. A meta é atingir o maior número possível de pessoas. Nesse contexto, organizou uma viagem para técnicos e citricultores brasileiros aprenderem com os esforços de contenção americanos, explorando métodos como injeções de antibióticos e o uso de telas protetoras.