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Irrigação adequada garante renda e competitividade na fruticultura

Irrigação por gotejamento em uvas viníferas

A fertirrigação causou uma verdadeira revolução na química agrícola e os conhecimentos em nutrição vegetal têm aumentado com grande rapidez. A evolução e as novidades na agricultura irrigada têm permitido o cultivo em condições adversas de solo, topografia e clima que transforma regiões secas ou desérticas, em altamente produtivas em diferentes latitudes pelo planeta. O sistema tem ganhado destaque na fruticultura, combinando irrigação e fertilização para nutrir as plantas de forma eficiente. Com a crescente demanda por alimentos de qualidade e os desafios ambientais, essa técnica se apresenta como uma solução sustentável para otimizar a produção.

Existem duas modalidades de agricultura irrigada: a localizada e a convencional. Essa última se refere à irrigação por inundação, aspersão, pivô central, ou seja, métodos de irrigação de baixa eficiência onde há certo desperdício de água e que a prática da fertirrigação não tem grande eficiência. É na irrigação localizada com gotejamento e microaspersão que técnicas de manejo permitem a nutrição via fertirrigação, mais viável, eficiente, eficaz, fácil e dinâmica.

Os equipamentos de irrigação localizada fornecem água em alta frequência ao sistema radicular das plantas, tornando-se um poderoso transportador dos nutrientes às plantas, desde que solúveis, e em pequenas doses, sem risco de salinização do solo, respeitando a demanda nutricional por fase fenológica do cultivo e permitindo efetuar correções sempre que necessário, como manipular valores de pH com fertilizantes solúveis de tendência ácida, neutra ou alcalina, aumentar ou diminuir teores de N, P, K, Ca, Mg, etc., suprir com mais intensidade alguns nutrientes em fases críticas como P durante a floração, K no enchimento de frutos, N nas fases vegetativas e de frutificação.

Sistema de irrigação por gotejamento em pomar - Foto: Rivulus
Sistema de irrigação por gotejamento em pomar – Foto: Rivulis

Nos últimos anos, é crescente o número de produtores que vêm adotando a irrigação como estratégia para minimizar a dependência climática e aprimorar a produtividade e qualidade de suas culturas. No entanto, assim como qualquer investimento, é fundamental que o sistema de irrigação seja bem planejado e mantido para que os resultados desejados sejam alcançados, especialmente em pomares, que são culturas permanentes com longevidade de até 50 anos. Essa cautela se torna ainda mais crucial para aqueles que visam a exportação de frutos em um mercado altamente exigente.

A criação de um sistema de irrigação confiável é uma parte significativa desse planejamento. É necessário preparar adequadamente a área e projetar uma drenagem adequada, quando necessário. O gerenciamento da operação abrange tudo, desde o controle da fonte de água até a fertirrigação, a rede de tubulações e os gotejadores para cada árvore. Os agricultores que cuidam bem desses sistemas veem um impacto significativo em seus lucros.

A irrigação por gotejamento abre novas oportunidades para a melhoria do manejo da irrigação. Devido a sua alta eficiência, o gotejamento tem contribuído para um impressionante aumento da produtividade agrícola, inclusive em condições de solo e água adversas. O gotejamento está gradualmente substituindo os métodos convencionais de irrigação, que têm dificuldades de controlar o volume aplicado e a uniformidade de distribuição, os que aplicam água sobre a totalidade do terreno e os que desperdiçam água para a atmosfera por evaporação.

A principal característica da irrigação por gotejamento é o fornecimento direto da água até as raízes que estão se desenvolvendo dentro do volume umedecido ou o chamado “bulbo molhado”, com a opção de distribuir o tubo gotejador sobre o solo, ou mesmo enterrá-los quando for para cultivos perenes como a maioria das frutíferas e até a cana de açúcar, chamado de gotejo subterrâneo ou de subsuperfície.

O gotejamento é a forma mais eficiente de fornecer água e nutrientes as plantas - Foto: Netafim
O gotejamento é a forma mais eficiente de fornecer água e nutrientes as plantas – Foto: Netafim

A fertirrigação é essencial para se obter o máximo proveito do gotejamento. Destaca-se como benefícios do sistema o uso racional de água e fertilizantes, a redução de custos com insumos e a melhoria na qualidade dos frutos. Além disso, essa prática facilita o ajuste das doses de nutrientes conforme as necessidades de cada fase de desenvolvimento da planta, garantindo um manejo mais preciso e sustentável. Os fertilizantes são aplicados junto com a água diretamente às raízes nas doses requeridas e nos momentos apropriados, obedecendo a uma concentração adequada, a cada fase de cultivo da planta, injetando fertilizantes solúveis proporcionalmente ao volume de água irrigado, ou uma quantidade de nutrientes desejada por hectare a cada turno de rega, desde que haja controle dos níveis de salinidade da solução nutritiva do solo. As principais fases de cultivo das plantas são germinação, crescimento vegetativo, floração, fecundação, formação de frutos, maturação e colheita. Cada fase tem exigências nutricionais distintas, exigindo um manejo de fertirrigação diferenciado.

Cabe ao engenheiro agrônomo analisar qual a concentração mais adequada de fertilizantes e quais tipos de fertilizantes aplicar ao longo do cultivo. O exemplo da banana, onde ao lado da planta mãe, em produção, encontram-se a filha e a neta em diferentes fases que necessitam de nutrientes em outras proporções e dosagens, mas seria impossível via fertirrigação fazer diferenciações, e assim a nutrição balanceada deve atender a todas as etapas ao mesmo tempo com prioridade a fase produtiva, mas evitando a concepção de 8 ou 80. Nesse caso entra o bom senso e um suprimento que satisfaça principalmente a fase produtiva e não evite de suprir a demanda das fases das plantas filhas e netas.

Características da fertirrigação

  • Quando a fertirrigação é equilibrada não há competição entre as plantas vizinhas por água e nutrientes.
  • Permite o cultivo em ambientes desfavoráveis de clima e solo.
  • Exige profissionalismo e conhecimentos básicos de química, biologia e fisiologia da planta.
  • Exige cuidados intensivos em relação à solução nutritiva, no preparo, na concentração e no pH desejados.
  • Permite a aplicação de quantidades de fertilizantes com maior precisão e distribuição mais uniforme.
  • Permite variar a proporção dos nutrientes da fórmula e suas
    concentrações de acordo com o estágio fenológico da planta, que terá exigências diferenciadas ao longo do ciclo de cultivo, flexibilizando a aplicação.
  • Consegue-se obter uniformidade pela maximização da produtividade, explorando todo o potencial genético da planta.
  • A aplicação do total de fertilizantes ao longo do ciclo da cultura em
    doses pequenas e adequadas em cada turno de rega, evitando perdas por lixiviação e por evaporação, sem risco de salinização, mantendo os nutrientes disponíveis ao alcance das raízes por mais tempo.
  • Uniformidade de distribuição junto às raízes aumentando a absorção desse nutrientes.
  • Melhor disponibilidade de nutrientes.
  • Economiza mão de obra.
  • Evita compactação do solo.
  • Reduz a infestação de ervas daninhas.
Irrigação por gotejamento em um pomar de macieiras jovens
Irrigação por gotejamento em um pomar de macieiras jovens

Sempre a orientação agronômica é muito importante em todo o processo, com destaque para os fertilizantes que devem ser solúveis e compatíveis com misturas, o conhecimento das características e propriedades dos solos ou dos substratos como textura, capacidades de retenção de água, aeração e drenagem e para o acompanhamento dos fatores climáticos que podem influir na frequência de rega e na quantidade de água aplicada. Após o plantio das frutíferas, alguns fatores, como clima e genética, estão além do controle do agricultor. Contudo, com a proteção adequada da lavoura, os produtores podem mitigar esses impactos ao controlar aspectos como poda e fertirrigação, melhorando assim os rendimentos.

Manutenção do sistema é fundamental

Os sistemas de irrigação geralmente são compostos por três partes principais:

  • Casa de bomba (cerca de 20% do custo): inclui a bomba, filtro, válvula, fertirrigação e automação, com uma vida útil estimada em 15 anos.
  • Rede de tubulações (aproximadamente 50% do custo): composta principalmente de PVC e PEMD (Polietileno de Média Densidade), podendo durar cerca de 50 anos.
  • Linhas de gotejamento (cerca de 30% do custo): responsáveis por fornecer água às plantas, sua durabilidade depende de vários fatores, incluindo a qualidade do produto e, principalmente, a manutenção.

Para maximizar o desempenho do sistema, é essencial monitorar continuamente a uniformidade dos gotejadores e substituí-los conforme necessário. Cada árvore representa uma unidade de produção, e um gotejador confiável é crucial para o fornecimento adequado de água e nutrientes. Manter um fluxo uniforme de água é vital. O coeficiente de variação refere-se à consistência na distribuição, tanto na quantidade total quanto na uniformidade entre os gotejadores, assegurando que o sistema radicular receba a quantidade adequada de água e nutrientes durante a fertirrigação.

Ilustração de um sistema de irrigação por gotejamento em pomar
Ilustração de um sistema de irrigação por gotejamento em pomar

Existem três métodos principais para avaliar a uniformidade das linhas de gotejamento:

  • Monitoramento da taxa de vazão: utilizando um medidor de vazão, amostras de água são coletadas em diferentes pontos da linha de gotejamento, medindo-se a taxa de vazão dos gotejadores. Compara-se esses números com as especificações do sistema, analisando-se a variação entre os gotejadores.
  • Medição de pressão: o manômetro é a maneira simples, econômica e correta de avaliar a pressão no sistema. Instale-se manômetros em todos os blocos para possibilitar verificações de pressão na extremidade da linha de gotejamento.
  • Inspeção visual: é importante examinar atentamente a linha de gotejamento em busca de vazamentos, obstruções ou danos, verificando se os emissores estão funcionando corretamente e distribuindo água de maneira uniforme. Encontrando-se problemas, é crucial realizar os reparos necessários para garantir a correta fluência da água.

Outra recomendação importante é que, ao optar por substituir as linhas laterais de gotejamento do pomar, deve-se considerar um espaçamento mais próximo entre os emissores. Espaçamentos menores, com mais gotejadores por árvore, resultam em raízes mais densas, impactando positivamente nos rendimentos das colheitas.

Realizar a atualização da linha de gotejamento antes do início da temporada de irrigação é a melhor abordagem para substituições. É imprescindível o produtor optar por produtos projetados que se integrem facilmente aos sistemas diversos sistemas existentes e a produtos das diversas marcas existentes no mercado, assegurando soluções flexíveis e passíveis de atualização.

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