Experiência argentina no uso consciente dos recursos hídricos
A Argentina tem mais de 2 milhões de hectares irrigados destinados à produção intensiva e extensiva, superfície esta com possibilidade de triplicar sua extensão. No país, a maior parte da produção agrícola ocorre em ambientes sub-úmidos ou semi-áridos, onde a escassez de chuvas e sua distribuição inadequada são os principais fatores que limitam a produção ou geram significativa variabilidade interanual nos rendimentos.
Os 20% da Argentina, compostos pela área mesopotâmica – especialmente -, são úmidos e concentram 82% dos recursos hídricos superficiais. Os 80% restantes são sub-úmidos, semi-áridos ou áridos e, portanto, requerem a aplicação de irrigação para produzir ou evitar perdas no rendimento das lavouras.
Na região de Córdoba, a área irrigada dobrou na última década, principalmente pela necessidade de aumentar e estabilizar a produção das principais safras de verão e inverno. Com o objetivo de gerar conhecimento para o uso consciente e eficiente da água nas principais culturas da região centro da referida província, o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) trabalha desde 1996 em diferentes módulos de irrigação, aplicando diversas ferramentas.
Este sistema permite regular as doses de água aplicadas por cada aspersor de forma específica, a partir de um mapa de prescrição gerado anteriormente. Desta forma, o produtor pode fornecer as quantidades precisas de água ou fertilizantes para cada área do campo e cada tipo de cultura que produz, para maximizar a produtividade com um uso eficiente dos recursos.
Os principais benefícios incluem menor consumo de energia, custos de manutenção de equipamentos e redução do excesso de água, escoamento e lixiviação de nutrientes. Por esta razão, em áreas baixas ou alagadas, a necessidade de irrigação é reduzida ou eliminada. Além disso, vai economizar água (devido à possibilidade de desativar aspersores ou zonas individualmente) e custos de fertilização ou aplicação de produtos químicos.
No lote é conduzido um sistema contínuo de semeadura direta onde são avaliadas as respostas na produtividade das diferentes cultivares, densidades, épocas de semeadura e rotações, junto com um sistema de monitoramento da água no solo e monitoramento da evolução do solo. Por sua vez, estratégias de fertilização balanceada são testadas, a fim de manter o balanço positivo de carbono.
Toda essa tecnologia, com base em mais de duas décadas de registro, estudos mostram que tanto o trigo quanto o milho e a soja sob irrigação aumentam os rendimentos em 100, 50 e 30%, respectivamente, em relação àqueles obtidos em sequeiro com manejo adequado.