Bioeconomia
Então, nada mais prático do que desenvolver um projeto usando os potes de argila para fortalecer a bioeconomia na região dando oportunidade aos artesãos que fabricam os potes como estratégia de armazenamento de água para suprir as necessidades em cultivos agrícolas. Os potes de barro foram deixados de lado com a ampliação da política nacional “Luz para Todos”, dando lugar às geladeiras nas propriedades rurais. Os potinhos, então, ganharam nova destinação.
Assim, nasceu o IrrigaPote!
“É uma tecnologia simples, de fácil implantação, que aproveita a água da chuva e garante a colheita para as famílias”, diz Lucieta. “É uma alternativa de irrigação de baixo custo”, explica.
As bases do sistema
O sistema utiliza-se de princípios da agrometeorologia, semelhante as outras técnicas de irrigação. Mas, como uma estratégia bioeconômica, o projeto pode estimular diversas atividades: o artesão pode ganhar escala de produção em polos ceramistas na Amazônia; ampliam-se as oportunidades de venda de produtos o ano inteiro pelo produtor familiar de base agroecológica; reduz-se a pegada hídrica na agricultura com o reuso de água da chuva; não utiliza energia elétrica da propriedade rural; libera o tempo do produtor para desenvolver outras atividades e agrega valor ao ambiente com a prestação de serviços ambientais nas áreas com o IrrigaPote.
Algumas publicações foram desenvolvidas e auxiliam na compreensão do funcionamento do IrrigaPote na prática (instalação, manutenção e utilização), mas esta distribuição ainda necessita de maior divulgação junto aos agricultores.
Os “dias de campo”, aulas práticas e visitas técnicas ajudam na disseminação do conhecimento, São repassadas informações sobre como instalar o equipamento, quais os formatos indicados de potes (de acordo com o local e a cultura), e sobre os instrumentos que serão utilizados (tubos, boias, conectores, higrômetros – para medição da umidade do solo –, calhas e reservatórios de água).
Como funciona
O processo aplicado é simples e como a agrotecnologias já bastante conhecidas pelos produtores. Envolve:
– Armazenamento em reservatórios
– Distribuição desta água armazenada para potes enterrados e distribuídos ao longo da plantação
Dados e resultados
Em trabalhos de teses de doutorado, as pesquisas avaliaram a utilização dos potes com outras formas de irrigação de baixo custo, a exemplo do gotejamento. O resultado demonstrou, entre outros aspectos, maior eficiência dos potes por evitar a evaporação e preservar água, além de apresentar menor custo.
De acordo com Lucieta, a tecnologia é relativamente simples. A inovação do Projeto IrrigaPote refere-se as escalas de aplicação. O projeto estabeleceu protocolos, testes e pesquisas e montou unidade de referência da tecnologia (URT) na comunidade de Lavras, em Santarém, no oeste do Pará.
O que diz o produtor?
Com apoio da Emater do Pará, a pesquisadora instalou o projeto IrrigaPote na propriedade de dona Cinira e Luiz Rocha. O sítio do casal está em processo de transição agroecológica e comercializa frutas e hortaliças em uma feira semanal de produção orgânica em Santarém.
Dona Cinira contou que trabalha como agricultora há mais de 30 anos e que nos últimos anos vinha perdendo dinheiro e produção com a seca. “O IrrigaPote trouxe uma nova oportunidade para produzir muitas culturas em um pequeno espaço na propriedade, o ano todo”, comentou a agricultora.
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