Atualmente, o mercado procura animais jovens, que têm associação direta com produtividade, precocidade e funcionalidade de acordo com o padrão a raça
Ter um animal campeão em julgamentos de exposições é motivo de orgulho para um criador de reprodutores. A premiação é um reconhecimento do trabalho desenvolvido para obter a qualidade do reprodutor ou matriz, além de valorizar seu material genético no mercado.
Escolher qual animal é o melhor entre os que estão em julgamento não é uma tarefa fácil para os juízes. Muitas das vezes, um mínimo detalhe pode significar a diferença para um exemplar ser um grande campeão, reservado de grande campeão (segundo lugar) ou terceiro e quarto colocado.
No julgamento zootécnico, feito nas exposições, o juíz está avaliando uma ponta da cadeia da pecuária, a produção de genética que dará origem aos animais que vão para descarte. Então só trabalha em pista de julgamento com animais de raças puras. Esses animais são os que possuem características e origens em comum e controle genealógico de gerações perante associações de criadores. Para que uma raça seja definida tem que possuir um padrão fenotípico (corporal) estabelecido pela associação da raça e homologado pelo Ministério da Agricultura.
Por isso, em um julgamento de pista, o primeiro olhar dos juízes é para as características raciais do animal. O juíz tem que atender ao padrão da raça. É preciso que seja conheça o padrão da raça que está sendo julgada e se perceba muito claramente as características de pelagem, formato de cabeça, conformação corporal, dentre outros itens.
Além dos padrões raciais, os jurados percebem os detalhes físicos e econômicos do animal julgado, que têm relação com sua produtividade de carne, lã, leite, conforme o caso, as características de funcionalidade para atividades esportivas e de lida (no caso de cavalos por exemplo) e as condições de passar essas características para seus descendentes.
Alguns dados do animal o jurado já tem de antemão, como o comprimento, o peso, a área de lombo (o tamanho do contrafilé), a deposição de gordura entre o couro e início da musculatura, a produção leiteira, dentre outros dados relativos ao animal de raça que está sendo avaliado. Mas, na pista, o jurado vai perceber se o animal apresenta um desenvolvimento corporal excelente para a sua idade.
Um detalhe que se dá especial atenção normalmente a todas as raças é o aprumo, ou seja, a angulação das patas e da coluna vertebral. Um posicionamento de patas correto permite que o animal tenha uma longa vida trabalhando, caminhando no pasto sem problemas locomotores e , no caso de reprodutores, montar nas fêmeas sem dificuldade.
A mesma preocupação de aprumos também existe com as matrizes. Ela tem que aguentar não só a monta do reprodutor, mas as exigências de uma gestação. Avalia-se a conformação e capacidade de úbere e isso tudo força a sua estrutura dorsal. Se a fêmea tem uma linha dorsal fraca, na segunda ou terceira cria já enfrenta problemas, caminhando e comendo menos. O que mais importa em um julgamento é avaliar se o animal está em consonância com o que se espera da qualidade da pecuária moderna.
O que se avalia são animais bons produtores e boas características para o desenvolvimento de atividades funcionais. Não é um mero concurso de beleza, eles têm uma finalidade. Quando um jurado escolhe alguns animais ele dá o parecer dele em relação ao que há de melhor dentro da raça para atender o que o mercado da pecuária procura atualmente. O mercado procura hoje animais jovens, que têm associação direta com produtividade, precocidade e funcionalidade de acordo com o padrão da raça.
Escolhendo os jurados
Cada associação de raça tem sua regulamentação para escolher os jurados das competições. Algumas contam com um colegiado de jurados do qual, para fazer parte, é exigido que os interessados sejam profissionais de ciências agrárias e passem por cursos de treinamento e capacitação para ser jurado. Esses profissionais precisam acompanhar uma série de exposições, e possuem uma avaliação para serem credenciados como jurados.
Já as associações que não possuem colegiado tem a tradição de convidar pessoas que têm histórico de relacionamento com a raça, como criadores antigos e profissionais do setor. Muitas vezes são convidados professores e pesquisadores de ciências agrárias, que trazem o seu olhar especializado para avaliação dos animais.
Todo julgamento é um momento didático, de compartilhamento de conhecimento. O criador leva em consideração radicalmente os comentários que o jurado faz quando justifica porque um animal ficou em primeiro e outro em segundo ou terceiro, para direcionar o trabalho de seleção que ele vai fazer na propriedade.
Conforme a associação dos animais, cada competição pode contar com um ou mais juízes. Na Expointer por exemplo, o juiz de uma disputa recebe uma planilha sem a identificação do expositor e do animal: no caso dos bovinos, por exemplo, ele convoca cada competidor a partir do número do box em que o touro ou a vaca se encontra, a fim de manter um julgamento imparcial.
No dia dos julgamentos, o juiz convoca os animais e observa, atentamente, suas características físicas. Para isso, são avaliados de perto e de longe, e devem desfilar para que o juiz dê uma nota para a qualidade da caminhada, verificando os aprumos dos exemplares em exibição.
O julgamento não é só entrar na pista e dizer “esse é o que mais gosto”, mas saber qual é o melhor animal para o que se espera para a raça que está sendo julgada. O resultado de um julgamento é apenas um retrato do momento da exibição dos animais, e não uma garantia perene das condições dos exemplares julgados. O grande campeão é melhor animal naquele julgamento. Pode ser que, depois de três meses, sejam julgados os mesmos animais e outro evento e ordem de classificação não seja a mesma. É como uma corrida de alto desempenho. O melhor de hoje pode não ser o de amanhã.